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DONS DE ELOCUÇÃO


 Texto Base: 1Coríntios 12:7,10-12; 14:26-32

 

"Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém!"  (1Pd.4:11).

1Corintios 12:

7.Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.

10.e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.

11.Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.

12.Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também.

1Corintios 14:

26.Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.

27.E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete.

28.Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus.

29.E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.

30.Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.

31.Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados.

32.E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. 

INTRODUÇÃO

Nesta Aula estudaremos a respeito dos Dons de Elocução, ou manifestação verbal: profecia, variedade de línguas e interpretação de línguas. Estes Dons são os mais destacados na Igreja. Eles se manifestam sobrenaturalmente através de mensagens orais, segundo a orientação do Espírito Santo. Os propósitos destes Dons são os de edificar, exortar e consolar a Igreja de Cristo (1Co.14:3). Por ser os mais utilizados na Igreja, temos visto muito abuso e falta de sabedoria no uso destes Dons, em especial o de profecia. Desta feita, devemos estudar estes Dons com diligência, reverência e temor de Deus, para não sermos enganados pelas falsas manifestações.

I. DOM DE PROFECIA (1Co.12:10)

Paulo exortou os crentes de Corinto para que eles procurassem com zelo os dons espirituais e em especial o Dom de Profecia, pois aquele que profetiza edifica toda a Igreja.

1. O que é o Dom de Profecia?

De acordo com Stanley Horton, O Dom de Profecia refere-se a mensagens espontâneas, inspiradas pelo Espírito, em uma língua conhecida para quem fala e também para quem ouve, objetivando edificar, exortar ou consolar a pessoa destinatária da mensagem (1Co.14:3).

O maior valor da profecia é que ela, uma vez proferida, sendo de Deus, ao contrário das línguas estranhas (que edifica a própria pessoa), edifica a coletividade e não unicamente o que profetiza. A profecia é necessária para impedir a corrupção espiritual e moral do povo de Deus. Apresenta-se, assim, como uma verdadeira manifestação de alívio e de descanso ao crente que, revigorado pela profecia, tem alento para prosseguir na sua caminhada rumo ao Céu.

O Dom de Profecia é muito importante, mas não tem a mesma autoridade canônica das Escrituras (2Pd.1:20), que são infalíveis e não passíveis de correção. A profecia atual deve ser julgada e que o profeta deve obedecer ao ensino bíblico (1Co.14:29-33). Pode acontecer que a pessoa que é detentora do Dom de Profecia receba a revelação do Espírito Santo e, por fraqueza, imaturidade e falta de temor de Deus, venha a falar além do que deve. Portanto, quem profetiza deve ter o cuidado de falar apenas o que o Espírito Santo mandar, não alegando estar "fora de si" ou "descontrolado", pois "o espírito do profeta está sujeito ao profeta" (1Co.14:32). 

2. A relevância do Dom de profecia

Foi o apóstolo Paulo quem afirmou que o Dom de Profecia é de grande relevância para a Igreja. Ele disse: “Segui o amor e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar” (1Co.14:1).

O Dom de Profecia na Igreja é originado pelo Espírito Santo, não para predizer o futuro, mas para fortalecer e promover a vida espiritual, a maturidade e o caráter santo dos crentes. A profecia é necessária para impedir a corrupção espiritual e moral do povo de Deus. Apresenta-se, assim, como uma verdadeira manifestação de alívio e de descanso ao crente que, revigorado pela profecia, tem alento para prosseguir na sua caminhada rumo ao Céu.

Obviamente, nem toda profecia vem de Deus, ou Paulo não teria escrito 1Co.14:29 dizendo: “Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem”. O apóstolo João alerta: “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1João 4:1). Aos crentes de Corinto o apóstolo Paulo exortou que eles deveriam julgar as profecias quanto ao seu conteúdo e a origem de onde elas procedem (1Co.14:29), pois elas possuem três fontes distintas: Deus, o homem ou o Diabo.

Devemos nos cuidar, pois a Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, mostra ações dos falsos profetas. O Senhor Jesus nos alertou: "Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores" (Mt.7:15). Vigiemos, pois falsos profetas e falsas profecias estão no mundo atualmente. A falsa profecia leva ao engano e faz com que a pessoa seja manipulada ou dominada por falsos profetas que têm objetivos malignos e planos escusos. Mormente nos dias atuais, onde há interesses escusos, a profecia deve ser julgada e que o profeta deve obedecer ao ensino bíblico (1Co.14:29-33).

3. Propósitos da Profecia

A Profecia neotestamentária tem um tríplice propósito: edificar, exortar e consolar a Igreja.

a) Quanto a Edificação. Na edificação os crentes são espiritualmente transformados mais e mais para que não se conformem com este mundo (Rm.12:2-8). Neste processo, os crentes são edificados na santificação, no amor a Deus, no bem-estar do próximo, na pureza de coração, numa boa consciência e numa fé sincera.  Por isso, todas as profecias devem ser devidamente julgadas à luz da Bíblia, a fim de que não venham causar confusão à Igreja nem abalar a fé daqueles que ainda não possuem uma firme edificação.

A profecia contribui para a edificação do crente, porém, ainda existe muita confusão a respeito do uso deste Dom e sua função. Há líderes que permitem que as igrejas que lideram sejam guiadas por supostos profetas. A Profecia jamais deve substituir os ditames das Escrituras Sagradas na orientação da Igreja de Jesus Cristo, pois ela é a Profecia por excelência, o Manual do líder cristão. Outros erros grosseiros que muitos líderes cometem é não tomarem decisões sem antes consultar um "profeta" ou uma "profetisa". Aí pode incorrer num grande erro e falsa profecia, pois no afã de agradar o líder, a pessoa que se diz profeta poderá falar o que o líder quer ouvir e não o que o Senhor realmente quer falar. Todavia, a Palavra de Deus alerta-nos a que não ouçamos a tais falsários (Jr.23:9-22).

b) Quanto a Exortação. A exortação tem por sinônimo o encorajamento divino para os servos de Deus. Significa ajudar, assistir, incentivar, estimular, animar, consolar, unir pessoas separadas, admoestar. Todos esses significados revelam a missão da profecia, pois o Espírito Santo inspira o profeta a animar, despertar, alertar e falar palavras de encorajamento tanto à Igreja como a alguém em particular.

c) Quanto a Consolação. A consolação é o terceiro propósito da profecia do Novo Testamento. Tendo em vista o fato de que estamos em um mundo decaído, que insiste em nos tirar a esperança e a alegria, esta função é indispensável para o fortalecimento da fé do povo de Deus.

Na vida terrena, temos, sempre, aflições, como nos disse o Senhor Jesus, mas é necessário que tenhamos sempre bom ânimo. Este ânimo é dado pelo Senhor e, portanto, é fundamental que as pessoas a quem o Senhor tem concedido este Dom o exercitem, de modo a impedir que os crentes sejam tomados pelo desânimo, em especial nos instantes de aumento da iniquidade como os vividos pela Igreja neste período imediatamente anterior à vinda do Senhor.

O bom ânimo é fundamental para que se faça algo na obra do Senhor. Quem nos mostra é o próprio Deus, que deu palavras de ânimo a Josué antes que se iniciasse, efetivamente, a sua gestão diante do povo de Israel (Js.1:6); como o conselho que Davi, homem segundo o coração de Deus, ministrou a seu filho Salomão, pouco antes de morrer e após ter mandado aclamá-lo como novo rei sobre Israel (1Cr.22:13; 28:20); como as palavras de Jesus em algumas ocasiões (Mt.9:2,22; Mc.6:50; Lc.8:48); Paulo, também, usou deste Dom no retorno às Igrejas Locais que fundara ao término da sua primeira viagem missionária (At.14:22) –“ confirmando o ânimo dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no Reino de Deus”.

II. VARIEDADE DE LÍNGUAS (1Co.12:10)

“...e a outro, a variedade de línguas...”

1. O que é o Dom de Variedades de Línguas?

É o Dom dado pelo Espírito Santo para que os crentes sejam instrumentos da voz do Senhor, para que o Espírito Santo demonstre que Se comunica com o Seu povo. Este Dom é evidência da Onipresença divina no meio do Seu povo, uma presença que nos faz descansar e que nos traz edificação.

Este Dom é diferente das línguas estranhas como evidência do Batismo no Espírito Santo. Segundo a Bíblia, as línguas estranhas são um sinal para os não crentes (1Co.14:22). Quem possui este Dom deve orar pedindo que o Senhor também conceda o Dom de Interpretação. O que profetiza edifica o outro, mas o que fala línguas estranhas edifica a si mesmo.

Na Igreja de Corinto, parece que havia uma desordem no culto quanto aos Dons de Línguas. Paulo exortou aqueles crentes dizendo que eles estavam “como que falando ao ar” (1Co.14:9), ou seja, não havia proveito algum, já que ninguém era edificado. Portanto, segundo Paulo, aquele que fala em outras línguas fala a Deus e não aos homens. Ele não é um Dom público, mas íntimo, particular e pessoal. Portanto, o Dom de Variedades de Línguas é um Dom para sua intimidade com Deus. Embora seja um Dom para intimidade com Deus, ele é tão importante para a Igreja quanto os demais apresentados em 1Corintios 12.

2. Qual é a finalidade do Dom de Variedade de Línguas?

Todos os outros dons alistados na Bíblia são Dons para a edificação da Igreja. Este é o único Dom que é dado para auto-edificação (1Co.14:4) – “O que fala língua estranha edifica-se a si mesmo...”. É por esta razão somente que esse Dom é inferior aos demais. À medida que o possuidor deste Dom fala em línguas vai sendo edificado, pois o Espírito Santo toca-o e o renova diretamente (1Co.14:2) – “Porque o que fala língua estranha não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala de mistérios”.

O que o apóstolo quer dizer é que a Língua estranha é algo que acontece no âmbito espiritual e não no racional. A própria pessoa que fala em outra língua não entende o que está falando. A mente dela não é edificada, pois não sabe o significado das suas palavras. Se essa pessoa não entende o que fala, muito menos as outras pessoas entenderão; ela está falando em mistério. Por isto, o apóstolo esclarece: “Pelo que, o que fala em outra língua deve orar para que a possa interpretar. Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera” (1Co.14:13).

3. Atualidade do Dom de Variedade de Línguas

Como os demais Dons, o de Línguas é muito importante para a Igreja. Sendo assim, ele não é uma manifestação exclusiva somente para o período apostólico; ele é plenamente manifesto atualmente, e deve ser buscado como recomenda o apóstolo Paulo (1Co.14:1), pois ele é, tão útil à vida pessoal do crente quanto o foi no princípio da Igreja.

Paulo era grato a Deus por falar em Línguas, e mais do que todos os irmãos de Coríntio. Porém, ele disse que, na Igreja, preferiria falar cinco palavras com seu entendimento, a fim de que pudesse pela sua voz ensinar aos outros, do que dez mil palavras em línguas (1Co.14:18,19). Apesar dessa afirmação, Paulo não desejou com isso excluir as Línguas, pois é parte legítima da adoração dos cristãos (1Co.14:26) – “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação”

III. INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS (1Co.12:10)

“... e a outro, a interpretação das línguas”.

 1. Definição do Dom de Interpretação de Línguas

É uma habilidade sobrenatural, concedida pelo Espírito Santo, que torna o crente capaz de interpretar, na sua própria língua, aquilo que é falado pelo crente em linguagem celestial. Não se trata de “tradução de línguas”, mas de “interpretação de línguas”. Este Dom opera juntamente com o Dom de línguas, formando ambos uma profecia (1Co.14:5,13,27,28).

Há pregadores que emocionam seus auditórios ordenando que falem todos em línguas, ao mesmo tempo, como sinal da presença de Deus na reunião. Paulo, porém, recomenda que, em cultos públicos, quem fala em línguas: (a) ore para que possa interpretá-las (1Co.14:13); (b) que ore também com o entendimento quando orar em línguas (1Co.14:15); (c) fale, no culto, dois, no máximo três, e que haja intérprete (1Co.14:27), e (d) na ausência de interpretação, que se cale o falante (1Co.14:28). Portanto, é preciso reavaliar as atitudes de certos pregadores e líderes que contradizem o que a Bíblia diz no tocante ao falar em línguas no culto.

Na igreja de Corinto, se não houvesse intérprete, o irmão devia permanecer calado na Igreja. Podia ficar em seu lugar e falar silenciosamente em outra língua consigo mesmo e com Deus, mas não tinha permissão de se expressar em público – “Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus” (1Co.14:28). Essa exortação cabe muito bem no quadro exortativo das igrejas hodiernas.

2. Há diferença entre Dom de Interpretação e o de Profecia?

Sim, claro! Segundo o pr. Elinaldo Renovato, “o Dom de Interpretação de Línguas necessita de outra pessoa, também capacitada pelo Espírito Santo, para que interprete a mensagem e a Igreja seja edificada; do contrário, os crentes ficarão sem entender nada. Já a Profecia é autossuficiente em sua ação para quem a ouve, não necessitando de um intérprete”. Sobre isso esclareceu Estêvam Ângelo de Souza, objetivamente: “não haverá interpretação se não houver quem fale em línguas estranhas, ao passo que a profecia não depende de outro dom”.

CONCLUSÃO

Como vimos, os Dons de Elocução, como os demais Dons, são muito importantes, e até mesmo imprescindíveis, na Igreja. Sem eles, talvez, a Igreja não tivesse chegado até aqui. Todavia, os Dons não têm autoridade canônica, não servem para alterar ou contradizer o que está escrito na Bíblia Sagrada (2Pd.1:21; 1Tm.4:9; João 17:17; Sl.119:142,160; Ap.22:18,19; Pv.30:5,6).

O Espírito Santo orienta a Igreja por meio dos dons espirituais (At.13:1-3; 16:6-10), mas o ministério eclesiástico não deve ficar refém de pessoas detentoras de dons espirituais, principalmente às pessoas que são agraciadas com o Dom de Profecia (Ap.2:20-22; At.11:28-30; 15:14-30). No meio Pentecostal é uma prática errada consultar “profetas”, pedindo respostas quanto a casamentos, viagens, negócios, etc. Os Dons espirituais não são para esta finalidade, são para edificação, exortação e consolação (1Co.14:3). Por isto, os Dons em apreço devem ser usados na Igreja Local (1Co.14:3,13,26,28).