Texto Base: Atos 8:1-3; 22:4,5; 26:9-11
“E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote” (At.9:1).
V.P.: “A Igreja é uma instituição divina que perdurará na Terra até o arrebatamento, pois do contrário, já teria acabado ao longo da história”.
Atos 8:
1.E também Saulo consentiu na morte dele [Estevão]. E fez-se, naquele dia, uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e da Samaria, exceto os apóstolos.
2.E uns varões piedosos foram enterrar Estevão e fizeram sobre ele grande pranto.
3.E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão.
Atos 22:
4.Persegui este Caminho até a morte, prendendo e metendo em prisões, tanto homens como mulheres,
5.como também o sumo sacerdote me é testemunha, e todo o conselho dos anciãos; e, recebendo destes cartas para os irmãos, fui a Damasco, para trazer manietados para Jerusalém aqueles que ali estivessem, a fim de que fossem castigados.
Atos 26:
9. Bem tinha eu imaginado que contra o nome de Jesus, o Nazareno, devia eu praticar muitos atos,
10.o que também fiz em Jerusalém. E, havendo recebido poder dos principais dos sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e, quando os matavam, eu dava o meu voto contra eles.
11.E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos de Paulo, antes da sua conversão. Ele tinha a fama de perseguidor da Igreja em seu princípio. Ele mesmo fez uma digressão para registrar seu passado inglório como implacável perseguidor da Igreja. Sendo um fariseu zeloso (Fp.3:5), tornou-se líder destacado do judaísmo (Gl.1:14). Levantou-se como ferrenho perseguidor da Igreja; como uma fera selvagem, respirava ameaças e morte contra a igreja (Atos 9:1); assolou e devastou a Igreja (At.8:3; Gl.1:13); exterminou discípulos de Cristo em Jerusalém (At.9:21).
Paulo perseguiu o “Caminho” até à morte, prendendo e metendo em prisões, tanto homens como mulheres (Atos 22:4). Fez muitas coisas contra o nome de Cristo (At.26:9). Encerrou muitos dos santos em prisão e votava contra eles quando eram condenados à morte (At.26:10). Afligia os crentes nas sinagogas, forçando-os a blasfemar e, enfurecido, os perseguia até por cidades estranhas (At.26:11). Era como um touro indomável que não queria ser amansado (At.26:14). Teve de ser jogado ao chão e quebrantado para reconhecer que o Jesus que ele perseguia era o Messias que tanto o seu povo esperava. Sua conversão foi uma grande bênção para a Igreja. Somente em Jesus Cristo o ser humano pode receber a devida transformação de caráter. No mundo de hoje existe perseguição em todos os lugares e de todas as facetas; esperamos que o Senhor transforme os perseguidores da Igreja, que não são poucos, em fiéis seguidores de Cristo e defensores da flâmula do Evangelho.
I. SAULO DE TARSO, O PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL
1. Saulo se descreve como “blasfemo”, “perseguidor” e “opressor” (1Tm.1:13)
“...dantes, fui blasfemo, e perseguidor, e opressor; mas alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade” (1Tm.1:13).
Neste texto Paulo usa três palavras para descrever a si mesmo no período que ele perseguia os cristãos:
ü A primeira palavra: blasfemo. Ele falava mal dos cristãos e de seu Senhor, Jesus Cristo.
ü A segunda palavra: perseguidor. Efe prendeu os cristãos, açoitou-os, forçou-os a blasfemar e deu voto para matá-los ao perceber que a religião do Caminho era uma ameaça ao judaísmo.
ü A terceira palavra: insolente. Para levar a cabo seu plano opressor, ele sentia um prazer mórbido em afligir de forma violenta os cristãos.
Como blasfemo, afligiu os cristãos apenas com palavras insultuosas. Como perseguidor, infligiu sofrimento físico. Como insolente, atacou os cristãos com crueldade e abuso. Ele “respirava ameaças e morte” contra os discípulos de Jesus (At.9:1); não via nenhum problema em prender e arrastar presos para Jerusalém todos os que professavam o nome do Nazareno (At.9:2). Ele acreditava piamente que, com esse comportamento, estava agradando a Deus. Apoiado pela casta sacerdotal que odiava o nome de Jesus, Saulo usava dos meios legais para atacar os cristãos. Por causa de sua truculência, os seguidores de Jesus tiveram que fugir para outras cidades. Contudo, para com esse homem bárbaro a graça de Deus superabundou; ele foi plenamente alcançado pela misericórdia de nosso Senhor Jesus.
2. As ameaças de Saulo de Tarso
“E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote” (Atos 9:1).
Antes de sua conversão a Cristo, tudo o que Paulo pensava, falava e fazia era dominado pelo seu desejo de aniquilar os seguidores de Jesus Cristo. Munido de cartas do sumo sacerdotes da época, rumou para Damasco, respirando ameaças e morte, com o objetivo de prender homens e mulheres seguidores de Cristo, levando-os manietados a Jerusalém. Damasco era residência de muitos judeus; a cidade era um centro comercial para onde convergiam caravanas de todas as direções do mundo antigo e onde a fé cristã começou a florescer. Paulo percebeu que, de Damasco, o evangelho de Cristo se espalharia por todo o mundo.
O sumo sacerdote era o cabeça do Sinédrio, o qual, como corpo judiciário, possuía jurisdição sobre os judeus residentes em Jerusalém, na Palestina e na dispersão. Assim, tinha o poder de expedir mandados para as sinagogas de Damasco, a fim de prender os cristãos judeus que ali residiam. Como a Igreja de Jerusalém foi duramente perseguida (Atos 8:3), muitos cristãos fugiram, mas não deixaram de pregar o evangelho (Atos 8:4). Alguns deles, escapando da implacável perseguição, foram para Damasco, onde havia muitas sinagogas. Paulo sabendo disto, e munido de cartas de autorização do sumo sacerdote, ou seja, de ordens de extradição, ainda respirando ameaças e morte contra os discípulos do Senhor dispõe-se a ir a Damasco para manietar, prender e arrastar presos para Jerusalém aqueles que confessavam o nome de Cristo (Atos 9:1,2).
Paulo perseguia os discípulos de Cristo do mesmo modo que uma fera selvagem caça a sua presa. Na linguagem dos crentes de Damasco, Paulo era um exterminador (Atos 9:21). Em suas próprias palavras, ele estava demasiadamente enfurecido. Era um monstro malfeitor, um carrasco impiedoso, um perseguidor truculento, um tormento na vida dos cristãos no princípio da Igreja.
3. Por que Saulo perseguia os cristãos?
Diante do Sinédrio, Paulo disse: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo e metendo em prisões, tanto homens como mulheres” (Atos 22:4). Ao ouvir a pregação de Paulo, logo depois de sua conversão, o povo de Damasco reafirmou como Paulo perseguiu implacavelmente os crentes: “...Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam este nome e para isso veio aqui, para os levar presos aos principais dos sacerdotes?” (Atos 9:21).
Por que, então, Saulo perseguia ferozmente os cristãos? Por causa de seu zelo destrutivo pela Lei mosaica (a Torah) e o suposto fato religioso de que Jesus era um impostor, um “blasfemo”. Logo, não aceitava que um nazareno, crucificado como um criminoso, pudesse ser o Messias prometido por Deus. Não aceitava que os cristãos anunciassem a ressurreição daquele que havia sido pendurado numa cruz. Não aceitava que uma pessoa pregada na cruz, considerada maldita (Dt.21:23), pudesse ser o Salvador do mundo. Por isso, para Saulo, nosso Senhor não passava de um blasfemo. Mais tarde, por ocasião de sua conversão, ele descobriu que Cristo assumiu a maldição da Lei e, por isso, nos livrou dessa maldição (Gl.3:13). O zelo sem entendimento pode levar um homem a fazer loucuras.
Na verdade, o ódio de Paulo não era propriamente contra os cristãos, mas contra Cristo, pois ao perseguir a Igreja, ele estava perseguindo o próprio Cristo. Por isso, ao aparecer a ele no caminho para Damasco, Jesus pergunta: “Saulo, Saulo, por que me persegues? “ (Atos 9:4). Ele, então, retruca: “Quem és tu, Senhor?” E obtém a resposta: “E sou Jesus, o Nazareno a quem tu persegues” (Atos 9:5). Paulo testemunhou ao rei Agripa sobre isso: “na verdade, a mim me parecia que muitas cousas deviam eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno” (Atos 26:9). Seu coração estava cheio de ódio e sua mente estava envenenada por preconceitos.
II. A PERSEGUIÇÃO CONTRA A IGREJA DE CRISTO
1. Contra os seguidores de Jesus
Paulo atacou furiosamente os cristãos. Ananias, morador de Damasco, disse ao Senhor acerca dele: “...Senhor, de muitos tenho ouvido a respeito desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém; e para aqui trouxe autorização dos principais sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome” (Atos 9:13,14).
Paulo era uma fera selvagem, uma ameaça concreta para todos aqueles que confessavam o nome de Jesus. Não poupava homens nem mulheres. Perseguiu os seguidores de Cristo até à morte (Atos 22:4). Estava determinado a praticar muitas coisas contra o nome de Jesus, o Nazareno (Atos 26:9). Ele estava determinado a banir da terra o cristianismo. O fanatismo religioso sem fundamento, ilógico, fora da baliza bíblica, baseado apenas nos dogmas humanos, faz com que o fanático cometa loucuras.
A Bíblia faz descrições dos variados métodos usados por Paulo para perseguir os seguidores de Cristo (adaptado do livro Paulo, de Hernandes Dias Lopes). Cito apenas três métodos:
a) Paulo perseguia os seguidores de Cristo usando o recurso da Lei. Paulo usava sua influência e seu trânsito no sinédrio para munir-se de cartas de autorização dos principais sacerdotes a fim de encerrar em prisões e matar os cristãos (Atos 26:10). Sua perseguição tinha um ar de legalidade e oficialidade. Ele representava o braço repressor da Lei religiosa. Ele lançava mão de artifícios legais para impor aos discípulos de Cristo as mais duras sanções. É importante ressaltar que nem tudo o que é legal é moral. Nem tudo que é lícito é conveniente. Nem tudo o que a lei permite deve ser feito. Há muitos facínoras que se escondem atrás da lei para matar e oprimir os inocentes. Há muitos espertalhões que, despudoradamente, beneficiam-se das filigranas da lei para se abastecerem e oprimirem o pobre e indefesos. Há aqueles que fazem as leis, torcem-nas e as manipulam para alcançar seus propósitos escusos e inconfessos.
b) Paulo perseguia os seguidores de Cristo em seus redutos religiosos. Paulo perseguia e castigava os cristãos por todas as sinagogas em Jerusalém, bem como por cidades estranhas (Atos 26:1). Sua área de jurisdição transcendia os limites da Palestina. Suas cruzadas furiosas avançavam além dos limites de Israel e chegavam até Damasco, na Síria (Atos 9:1,2). As sinagogas eram os locais principais de reunião, onde os judeus se congregavam para estudar a Lei e orar. Ali também os cristãos se reuniam para adorar Cristo e cultuá-lo. Porém, o lugar de comunhão transformou-se num palco de opressão. O abrigo da sinagoga tornou-se um corredor de perseguição. Paulo não respeitava os recintos sagrados. Ele pensava com isso estar prestando um serviço a Deus. Ledo engano! Muitos fanáticos religiosos desta estirpe continuam existindo no mundo de hoje, aos montões.
c) Paulo empregava a tortura psicológica. A perseguição impetrada por Paulo não consistia apenas em sanções legais contra os novos convertidos. Ele os castigava não apenas fisicamente, mas também psicologicamente. Ele mesmo testemunha isso: “muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar...” (Atos 26:11). Ele era blasfemo (1Tm.1:13) e forçava os neófitos a blasfemarem. Alguns crentes, novos na fé, com medo da morte, recuavam e blasfemavam. Outros, porém, suportavam os açoites, as prisões e a morte, permanecendo fiéis (Atos 26:10). A tortura psicológica é pior do que o castigo físico. Os campos de concentração nazistas usaram esse artificio maligno e levaram muitas pessoas à loucura. Ainda hoje, a tortura é um dos instrumentos mais aviltantes e ignominiosos, usados para arrancar confissões e declarações que incriminam as vítimas ou aqueles que se quer condenar.
2. Saulo de Tarso e Estevão
Estêvão é considerado o primeiro mártir do cristianismo, e Paulo teve uma participação crucial em sua morte. Ele teve plena culpa, pois era uma autoridade do Sinédrio e tinha o poder de impedir aquele massacre. Está escrito que quando Estêvão foi apedrejado em Jerusalém, e se derramava o seu sangue, Paulo consentia em sua morte, e fez-se, naquele dia, uma grande perseguição contra a Igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e da Samaria, exceto os apóstolos (Atos 8:1). Está escrito que Paulo guardava as vestes daqueles que apedrejavam Estêvão (Atos 22:20).
Mas, a perseguição e a morte de Estêvão foram como o vento que atiçou o fogo do Espírito; em vez de desanimar a Igreja, animou-a, promoveu-a. O martírio de Estêvão provocou a perseguição; a perseguição desembocou na dispersão (Atos 8:4); e a dispersão redundou na evangelização – “Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a Palavra” (Atos 8:4).
Do ponto de vista humano, aquele foi um dia tenebroso para os crentes, mas do ponto de vista de Deus foi o começo de uma grande revolução espiritual, quando a Igreja alargou suas fronteiras em direção aos confins da terra. Com a morte de Estêvão um vento forte de perseguição soprou sobre a Igreja. Mas a perseguição é como o vento em relação à semente, apenas a espalha.
3. Uma intolerância religiosa e política contra a Igreja atual
Desde o seu nascedouro, a Igreja foi e está sendo perseguida. Satanás nunca a deixou quieta. Assim que uma pessoa aceita a Cristo e passa a pertencer à Igreja, começa a ter em seu encalço o adversário, que não descansa enquanto não conseguir tirar essa pessoa da Luz, trazendo-a de volta para as trevas. É uma luta incansável do adversário e, por isso, o Senhor nos manda ter bom ânimo, pois não podemos nos cansar. Enquanto a Igreja estiver aqui na Terra, passará por perseguições. O apóstolo Paulo ressaltou isso quando escreveu ao jovem Timóteo: “todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2Tm.3:12).
Estêvão, um dos primeiros mártires da Era Cristã, sentiu na pele o peso da perseguição (Atos 7:52), mas não apenas ele, a Igreja primitiva pagou um alto preço por seguir a Jesus (Hb.11:38; 1João 3:12); basta ler as histórias dos mártires do Coliseu para constatar. Paulo é um caso especial de alguém que perseguiu e depois passou a ser perseguido (At.9:1-9; Fp.3:6; 1Co.15.32; 2Co.11.23). No Apocalipse, a igreja de Esmirna, tipifica a Igreja perseguida e vitoriosa (Ap.2:9,13).
As perseguições contra a Igreja nunca cessaram; Satanás sempre “bateu” de frente com a Igreja, mas perdeu todas. O Senhor Jesus havia dito que “...as portas do inferno não prevalecerão contra ela”(Mt.16:18). A opressão sofrida pela Igreja, ao longo do tempo, se deu de várias maneiras: por meios religiosos, teológicos, em cumprimento a determinações legais, políticos e/ou culturais.
Em muitos lugares esses elementos foram e são aplicados de modo integrado a fim de que os perseguidos não encontrem escapatória. Na Idade Média, vários foram os instrumentos destrutivos que os Papas usavam para intimidar os crentes fiéis, e uma delas, foi a satânica “santa inquisição”. Muitos cristãos foram queimados vivos nas fogueiras do ódio, mas Satanás fracassou outra vez. Os cristãos perseguidos por toda Europa, começaram a migrar para a América. Acabaram construindo nela a maior potência da Terra e, através dela, o Evangelho foi sendo alcançado por todo o mundo, tendo inclusive chegado ao Brasil. Deu tudo errado para Satanás. A Igreja tendo o Senhor Jesus como seu Comandante, venceu, e seguiu triunfante.
Como bem diz o pr. Elienai Cabral, “a igreja atual continua a despertar fúrias de certas autoridades políticas e religiosas que não aceitam a mensagem de liberdade e vida que o Evangelho proporciona. Nossos irmãos, que servem a Deus em países políticos e religiosamente fechados para o Evangelho, continuam a pagar, com a própria vida, a fidelidade à mensagem de Cristo”.
Além da perseguição tradicional aos cristãos, há a perseguição mais sofisticada, que se dá no campo cultural. Por exemplo, quando tentam reduzir a vivência da fé à vida privada dos cristãos, trata-se de uma perseguição cultural e ideológica. A perseguição cultural, também, manifesta-se por meio da literatura anticristã e através da indústria de entretenimento. Escritores e intelectuais seculares, a serviço do inferno, têm feito de tudo para profanar e perverter o evangelho de Cristo. Certo autor, de renome internacional, publicou alguns anos atrás um livro que relata uma falsa história sobre a vida sentimental de Jesus. Além da literatura, outras manifestações culturais têm sido usadas para desqualificar e desacreditar o Cristianismo. Peças teatrais, filmes como "a última tentação de Cristo", músicas, pinturas, e outras formas de expressão artística têm sido manipuladas pelo Diabo para afastar as pessoas do evangelho de Cristo.
Hoje, a perseguição é camuflada; Satanás, sutilmente, está usando pessoas de dentro da Igreja (falsos mestres e falsos pastores) para persegui-la, com disseminação de falsas teologias, falsas doutrinas, falsos ensinos. Peçamos a Deus o dom de discernimento, ele é indispensável nestes últimos dias da Igreja.
“A igreja permanece fiel ao seu caráter ao preservar sua distinguibilidade. Ela não faz nenhum favor à sociedade adaptando-se à cultura popular prevalecente, porque falha em sua tarefa justamente no ponto em que deixa de ser ela mesma. Quando a Igreja adota uma ética moral formada pela cultura popular prevalecente, está negando sua natureza. A igreja deve ser ela mesma pelo bem da humanidade. É o papel da Igreja servir e transformar a sociedade e suas instituições. Para realizar esta tarefa, a igreja deve ser a Igreja e não se assimilar com a cultura popular prevalecente” (JOHNS, C.B.;WHITE, V.W. A ética de ser: caráter, comunidade, práxis. In: PALMER, M.D. (ed.).
III. QUANDO UM SISTEMA SE VOLTA CONTRA A IGREJA
1. Como era a perseguição contra os primeiros discípulos?
A perseguição era violenta, selvagem, em excesso, sem medidas e contínua. A perseguição aos primeiros cristãos em Israel foi deflagrada pelos expoentes do judaísmo, dentre eles se destacava Saulo de Tarso. Este usou todas as suas forças e toda a sua influência nessa causa ensandecida. Como uma fera selvagem, que salta sobre a presa para devorá-la, esse fariseu fanático se lançou contra a Igreja de Deus, exterminando os discípulos de Jesus.
Paulo se revelou como antagonista implacável do evangelho porque ele se achava um judeu exemplar, um fariseu zeloso da Lei mosaica; ele entendia que praticar essas barbáries era defender a fé judaica, livrando os judeus dos “hereges”. Ele mesmo declarou aos destinatários da Epístola aos Gálatas, o seu passado de cruel perseguidor da Igreja: “Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava” (Gl.1:13). Ele assim se expressou aos irmãos filipenses: “circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu, segundo o zelo, perseguidor da igreja” (Fp.3:5,6). “As perseguições desmedidas brotam do zelo desmedido pelas tradições paternas”.
Paulo disse que era o menor dos apóstolos, que não era mesmo digno de ser chamado apóstolo, pois perseguiu a Igreja de Deus (1Co.15:9). Ele devastou a Igreja (Gl.1:13), assolou a Igreja (Atos 8:3) e exterminou em Jerusalém aqueles que invocavam o nome de Jesus (Atos 9:21). Ele prendia os cristãos, mandava açoitá-los e não havia escrúpulos nem mesmo com as mulheres e crianças (Atos 9:21; 22:5). Ele não respeitava domicílio doméstico, pois entrava nas casas e arrastava homens e mulheres para lançá-los na prisão (Atos 8:3). Não poupava nem os lugares sagrados, pois entrava nas sinagogas para castigar os crentes, forçando-os a blasfemar.
Depois de lançar muitos dos santos nas prisões, contra eles dava o seu voto, quando os matavam (Atos 26:9-11). Paulo perseguiu os cristãos (Atos 26:11), a religião dos cristãos (Atos 22:4) e o Deus dos cristãos (Atos 26:9). O próprio Jesus havia alertado os discípulos que eles seriam perseguidos: “Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus” (João 16:2).
2. Perseguição, tortura e método
Como já disse no item 1 do tópico II, Paulo castigava os cristãos não apenas fisicamente, mas também psicologicamente. Ele mesmo testemunha isso: “muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar...” (Atos 26:11). Ele era blasfemo (1Tm.1:13) e forçava os cristãos a blasfemarem. Alguns crentes, novos na fé, com medo da morte, recuavam e blasfemavam; outros, porém, suportavam os açoites, as prisões e a morte, permanecendo fiéis (Atos 26:10). A tortura psicológica é pior do que o castigo físico. Os campos de concentração nazistas usaram esse artificio maldito e levaram muitas pessoas à loucura. Ainda hoje, a tortura é um dos instrumentos mais aviltantes e ignominiosos, usados para arrancar confissões e declarações que incriminam as vítimas ou aqueles que se quer condenar.
3. Perseguição aos pentecostais
A perseguição aos cristãos é um fenômeno que ocorreu em toda a história do Cristianismo, desde o seu nascimento, sob o judaísmo, passando pelos primeiros séculos, sob o Império Romano, e chegando até os nossos dias em que a perseguição é efetivada de forma cruel nos países mulçumanos e nos países de sistema de governo comunista. Atualmente, no mundo inteiro, principalmente nos países mulçumanos, na Índia, nos países sob capitalismo de Estado – como a China, a Coreia do Norte, Laos, Cuba, dentre outras – a perseguição aos cristãos, de várias denominações, está sendo brutalmente acontecida. Os órgãos que se dizem proteger os direitos humanos, fazem vistas grossas quando o assunto é perseguição aos cristãos, principalmente se os perseguidores forem os mulçumanos e o governo da China. Nos países muçulmanos, a lei islâmica proíbe a conversão de um muçulmano ao cristianismo. Os casos de maus tratos são bastante numerosos, pois, nesses países, pela lei, um muçulmano que se converte ao Cristianismo é passível de pena de morte, e, quando isto não acontece, há aprisionamentos, torturas e pesadas multas. A agressão não é somente física, também, principalmente, psicológica.
Muitos são os relatos das grandes dificuldades que nossos irmãos passam em países inimigos de Cristo por causa de sua fé. “Há países que, devido seus maiores envolvimentos com a economia global, não executam a matança em massas de cristãos, mas coloca a vida deles sob rígida vigilância. Entretanto, o que o regime considera ilegal, trata os cristãos supostamente fora da lei com prisão e brutalidade. Há outros regimes que nem aparência de civilidade há. Por isso, oremos pela igreja perseguida!”.
Aqui no Brasil, atualmente, temos uma aparente liberdade de culto e religião, amparado na Constituição. Mas, como bem diz o pr. Elienai Cabral, “no início do Movimento Pentecostal no Brasil, nossos pioneiros sofreram toda sorte de perseguição e violência. Muitos deles sofreram agressões físicas e psicológicas. Tudo isso porque pregavam uma doutrina que a religião oficial não aceitava. O que dizer de Daniel Berg e Gunnar Vingren, os primeiros pastores dos primórdios das Assembleias de Deus no Brasil? E tantos outros irmãos perseguidos nesses rincões brasileiros?”. Dentre os evangélicos, somos maioria no Brasil, mas ao olhar para o passado, devemos enxergar o presente e conscientizar-se de que a obra pentecostal custou um alto preço.
CONCLUSÃO
Desde o seu princípio, a Igreja é perseguida. Se ela não fosse uma instituição divina, edificada pelo próprio Cristo, ela não existiria mais. E enquanto ela estiver aqui na Terra, passará por perseguições; afinal, como bem ressaltou o apóstolo Paulo escrevendo ao jovem Timóteo, “todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2Tm.3:12). Mas não devemos temê-las, cientes de que as venceremos pela fé em Cristo (1João 5:4). Temos, também, a certeza dAquele que está conosco, de que as portas do inferno não resistirão a força de Sua Igreja (Mt.16:18).