Texto Base: Mateus 7:7-20
“Se, vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?” (Mt.7:11).
Mateus 7:
7.Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.
8.Porque aquele que pede recebe; e o que busca encontra; e, ao que bate, se abre.
9.E qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão ao seu filho, lhe dará uma pedra?
10.E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente?
11.Se, vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?
12.Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.
13.Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;
14.E porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.
15.Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores.
16.Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?
17.Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus.
18.Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons.
19.Toda árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo.
20.Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos de um dos atributos de Deus enfatizados por Jesus no Sermão Monte: a bondade. Deus é um Pai amoroso que concede aos seus filhos aquilo que é essencial para sua subsistência. O que seria de nós se Deus não nos olhasse com bondade, misericórdia e amor, pessoas tão imperfeitas? Disse Jesus: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque aquele que pede recebe; e o que busca encontra; e, ao que bate, se abre” (Mt.7:7,8). Estas palavras de Jesus podem parecer um cheque assinado em branco para os que creem, ou seja, que podemos obter qualquer coisa que pedimos; mas não é bem assim. Estes textos precisam ser compreendidos entre o contexto imediato e à luz de todos os ensinamentos da Bíblia a respeito da oração. O cristão precisa orar com fé (Tg.1:6-8) e aceitar, sem reservas, a vontade de Deus (1João5:14). A oração precisa ser oferecida com persistência (Lc.18:1-8) e com sinceridade (Hb.10:22).
Trataremos também nesta Aula dos dois caminhos que a pessoa deve escolher, e também trataremos dos cuidados que devemos ter com os falsos profetas. Pela bondade de Deus somos instados a entrar pela porta estreita e estar cuidadosos a respeito dos falsos profetas.
I. A BONDADE DE DEUS
1. Definição de bondade
Conforme o Dicionário Teológico de Claudionor de Andrade, Bondade é qualidade e caráter do que é intrinsicamente e extrinsecamente bom; benevolência, indulgência, benignidade. É um dos atributos morais e comunicáveis de Deus. Sua bondade manifesta-se não somente em relação às suas perfeições, mas também no amor que manifesta às suas criaturas.
2. A Bondade de Deus
“O Senhor é bom para todos, e as suas ternas misericórdias permeiam todas as suas obras” (Sl.145:9).
A Bondade faz parte da natureza de Deus. Ele nada faz com o objetivo de prejudicar o homem. Satanás, ao contrário, possui uma natureza má; ele não pode fazer o bem; tudo que ele faz resulta em maldade para o ser humano; ele é mau em si mesmo. Assim, sendo Deus bom por natureza, todos os homens são beneficiados pela sua Bondade; é o que afirma a Palavra de Deus: “O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias são sobre todas as suas obras. Abres a mão e satisfazes os desejos de todos os viventes” (Sl.145:9,16).
O Senhor Jesus confirmou o que Davi havia declarado, quando disse que Deus “é benigno até para com os ingratos e maus”(Lc.6:35); “...porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos”(Mt.5:45). É, pois, por sua Bondade, que Ele dispensa, dia a dia, o seu favor para toda a humanidade (Gn.8:22).
- A misericórdia é um dos aspectos de sua Bondade, por isto o profeta Jeremias diz: “As misericórdias do Senhor são as causas de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim” (Lm.3:22).
- Paulo fala da bondade de Deus aos crentes de Tessalônica: “Pelo que também rogamos sempre por vós, para que o nosso Deus vos faça dignos da sua vocação e cumpra todo desejo da sua bondade e a obra da fé com poder” (2Tes.1:11).
- Davi falou da bondade de Deus: “Não te lembres dos pecados da minha mocidade nem das minhas transgressões; mas, segundo a tua misericórdia, lembra-te de mim, por tua bondade, Senhor. Bom e reto é o Senhor; pelo que ensinará o caminho aos pecadores” (Sl.25:7,8).
- Os homens são convidados a louvar a Deus, pela sua bondade: “Louvai ao Senhor, porque ele é bom...Louvem ao Senhor pela sua bondade e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens!” (Sl.107:1,8); “Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os moradores da terra...Porque o Senhor é bom, e eterna, a sua misericórdia...” (Sl.100:1,5).
Mesmo quando Deus castiga é por bondade. É certo que as pessoas que não conhecem Deus, que não têm familiaridade com sua Palavra, têm dificuldades para entenderem que Deus é bom, quando ficam sabendo de algumas de suas ações, tal como o Dilúvio e a destruição de Sodoma e Gomorra. A Bíblia nos mostra, muitas vezes, Deus, aparentemente tratando a humanidade no seu todo, e o homem, em particular, com muita dureza. É preciso, no entanto, entender que a Bíblia emprega o vocábulo bom de duas maneiras:
- Primeiro, um feito bom pode designar em si mesmo um ato reto, honrado, nobre sob o ponto de vista ético e moral.
- Segundo, um feito bom pode ser representado por uma ação que, em si mesma, não é boa, mas que tem como objetivo beneficiar alguém, ou a própria pessoa. Suponha que eu veja uma pessoa distraída e que vai ser atropelada; instintivamente eu empurro, com violência, essa pessoa e ela é arremessada a alguns metros, cai e se machuca. Esta ação, em si mesma, não foi boa, pois, a pessoa se feriu um pouco na queda. Porém, eu salvei a sua vida, livrando-a de ser atropelada e morta por aquele veículo. Aquela ação que, em si mesma, não era boa, tinha um objetivo bom, nobre; eu não agi com maldade. Assim aconteceu, e continua acontecendo com Deus em relação à humanidade. A Palavra de Deus diz: “Filho meu, não desprezes a correção do Senhor e não desmaies quando, por ele, fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho” (Hb.12:5,6).
Uma criança, que está ou acaba de sofrer um processo corretivo, ouvir o pai lhe dizer que a ama, ela pode, no momento, duvidar dessa declaração de amor, porém, mais tarde poderá compreender que aquela correção foi um ato de amor e de bondade – “Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça” (Hb.12:11). Deus é bom, por natureza; Ele não pode praticar uma ação que tenha por objetivo único prejudicar alguém.
- Quando Deus expulsou Adão do Paraíso e tomou providencias para que ele não comesse da “árvore da vida” (Gn.3:23,24), foi um ato de Sua Bondade. Se Adão, depois que pecou, comesse do fruto da “árvore da vida” não poderia morrer. Imagine uma pessoa com mais de cem anos, doente, sem poder morrer! Chega um momento em que a morte, se não for um alívio para a própria pessoa, será para seus familiares, ou para quem dela estiver cuidando. Portanto, não permitir que o homem, num corpo de pecado, se tornasse imortal, foi um ato de misericórdia exercido pela bondade de Deus.
- Quando Deus mandou o Dilúvio e destruiu toda a humanidade, poupando apenas Noé e sua família (cf. Gênesis cap. 6 e 7), foi um ato de Sua Bondade. Deus havia prometido que, da semente da mulher, nasceria o Redentor (Gn.3:15). Todavia, naquele momento da história, a Bíblia diz que “viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra” (Gn.6:12). Contudo, ainda existia no meio da terra corrompida um homem justo; seu nome era Noé - “Noé era varão justo e reto em suas gerações. Noé andava com Deus” (Gn.6:9). Noé, porém, era um ser humano, vulnerável; tinha, como todos os outros, o livre arbítrio, ou o direito de fazer suas escolhas; ele podia, também, se corromper, pois Deus não pode impedir que o homem peque. Noé era livre, e podia pecar, prejudicando o Plano de Deus de prover na Pessoa de Seu Filho, nascendo como semente da mulher, aquele que seria o nosso Redentor. Então, por um ato de Bondade para comigo, para com você e para com toda a humanidade, Deus tinha que agir rápido, e agiu. Ao destruir toda humanidade, preservando um homem justo, Noé, e com sua descendência recomeçando a povoar a Terra, Deus deu uma prova de seu amor, de sua benignidade, de sua bondade.
É claro que nós conhecemos muitos e muitos outros exemplos em que, no agir de Deus, parece não haver bondade; porém, um ato de bondade pode não parecer bom, em si mesmo, mas seu objetivo será bom quando realizado para beneficiar alguém, ou a própria pessoa. Lembre-se, Deus é bom por natureza. Ele não pode realizar uma ação que tenha por objetivo, apenas, causar prejuízo a alguém. Portanto, procure entender, primeiro, o trabalhar de Deus, antes de fazer mau juízo dele. Indubitavelmente, a maior prova da bondade de Deus está no fato de Ele ter enviado seu Filho Unigênito para morrer por nós, homens pecadores e maus por natureza (João 3:16; Rm.5:8).
3. Se Deus é bom, seus filhos não podem ser maus
A Bíblia que revela a Bondade de Deus, também revela a Bondade de seus filhos, conforme escreveu Paulo: “Eu próprio, meus irmãos, certo estou, a respeito de vós, que vós mesmos estais cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento, podendo admoestar-vos uns aos outros” (Rm.15:14). O filho de Deus precisa ter o sentimento existente em seu Pai, por isto Paulo ensina: “E não nos cansemos de fazer o bem...enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gl.6:9,10). Paulo acrescentou, ainda, àqueles a quem temos que fazer o bem: “...se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber...” (Rm.12:20).
O Senhor Jesus também afirmou: “.... Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem, para que sejais filhos do Pai que está nos céus...” (Mt.5:44,45). Isso é difícil? Para o homem natural é impossível, mas para aquele que tem as virtudes do Fruto do Espírito é possível. Só o homem que nasceu de novo é que pode viver a vida cristã.
Entretanto, nunca podemos nos esquecer de que a Bondade é resultado da ação do Espírito Santo em nossas vidas e que somente pode ser bom quem está ligado na videira verdadeira. Não pode haver evangelho completo se os crentes não fizerem o bem, se não praticarem boas obras, se não forem bons, pois ser bom é fazer o bem. Por isso, se a benignidade está vinculada à “benevolência”, a bondade está relacionada com a “beneficência”, “ato, prática ou virtude de fazer o bem, de beneficiar o próximo; fazer filantropia”.
Entretanto, devemos distinguir entre o homem bom e o homem que beneficia alguém. Nem sempre quem beneficia alguém é um homem bom, mas o homem bom sempre beneficia alguém. Quem ama ao Senhor ama também o próximo, mas esse amor precisa ser manifesto em ações. Na Bíblia encontramos exemplos de homens e mulheres bondosos:
- No Antigo Testamento: Jó. Este servo de Deus não foi apenas paciente, mas também um exemplo significativo de benignidade e bondade - “Eu era o olho do cego e os pés do coxo; dos necessitados era pai e as causas de que não tinha conhecimento inquiria com diligência; e quebrava os queixais do perverso e dos seus dentes tirava a presa... O estrangeiro não passava a noite na rua; as minhas portas abriam ao viandante” (Jó 29:15,17; 31:32).
- No Novo Testamento: Dorcas. Esta bondosa mulher era uma discípula que usava do ofício de costureira para abençoar os pobres (At.9:36,39). O texto bíblico afirma que "ela estava cheia de boas obras e esmolas" (At.9:36). Suas ações em favor dos necessitados demonstravam a sua bondade e o seu amor e devoção a Deus. Por sua bondade, Dorcas foi abençoada por Deus.
- Jesus Cristo. Se bondade pode significar dar, ou fazer alguma coisa em benefício de alguém, então, dentre tantos, o maior ato de bondade praticado por Jesus foi dar a sua própria vida em benefício do homem. O amor é uma das expressões da bondade. Foi o Senhor Jesus quem afirmou – “Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas... Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para dar e poder para tornar a tomá-la. Esse mandamento recebi de meu Pai” (João 10:11-18).
Portanto, não basta dizer que amamos, é preciso mostrar esse amor por meio de ações.
II. HÁ DOIS CAMINHOS PARA ESCOLHER
1. A porta e o caminho no aspecto bíblico
“Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem” (Mt.7:13,14).
Jesus disse: “entrai pela porta estreita”. A porta é uma via de acesso muito importante no nosso dia-a-dia, que nos permite entrar e sair dos mais diversos lugares; sem ela, nossas vidas seriam muito dificultosas e limitadas em quase todos os lugares, inclusive em nossa própria residência. Mas quem é, então, esta porta metafórica que Jesus está ordenando a entrar por ela e que nos leva à vida? É Jesus (João 10:9) - “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem”. Ao afirmar metaforicamente ser a porta, Ele estava querendo dizer que é a via de acesso e de oportunidade. Via de acesso a quem? Oportunidade de que? Via de acesso a Deus Pai e oportunidade de salvação. Repare que, nesse sentido, ele não diz ser uma porta, ou uma das portas; sua afirmação é exclusivista: “Eu sou a porta; Eu sou o único acesso a Deus”. Por causa do pecado, o ser humano está separado de Deus e condenado. Apenas através de Jesus - a Porta – o ser humano pode voltar para Deus. Jesus disse isso ao seu discípulo Tomé: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (João 14:6). Apenas através de Jesus o ser humano pode ser reconciliado com o Pai e absolvido da condenação eterna.
Para ser salvo, portanto, é necessário entrar pela porta, que é Jesus. Não basta reconhecer que Ele é a porta; isso não faz com que acessemos a Deus e tenhamos a salvação; para isso, é necessário se mover e entrar por esta Porta. Estar perto da Porta também não é suficiente; aquele que está a 5 cm da Porta está em situação igual à daquele que se encontra a 5 km: não entrou por ela. Reconhecer que Jesus é o Salvador e ter simpatia por Ele não é suficiente, é necessário se comprometer com Ele em fé. Não há outra via de acesso; Ele é a única oportunidade. Para todas as pessoas e em qualquer circunstância, Ele oferece o convite de entrada para a vida eterna e vida abundante que só Deus pode dar – “...e achará pastagem” (João 10:9). Em Jesus há provisão farta e vida abundante. A nossa provisão espiritual é encontrada em Cristo. Ele é o nosso alimento. Ele é o pão da vida. Ele é a água da vida. O legalismo farisaico estava matando as pessoas, mas quem vai a Jesus encontra uma vida maiúscula, superlativa e abundante.
2. O que as duas portas e os dois caminhos ilustram para nós?
Ilustram duas situações: perdição (porta e caminho largos) e salvação (porta e caminho estreitos). Há somente duas portas e dois caminhos. Pela porta larga entram muitas pessoas. Pelo caminho largo transitam multidões; nesse caminho tudo é possível, nada é proibido, mas esse caminho conduz à perdição. A outra porta é estreita, e são poucos os que entram por ela. O caminho é apertado, e são poucos os que o encontram, mas esse é o caminho que conduz à vida eterna com Deus. Há aqui duas lições solenes a considerar (Adaptado do livro Mateus, de Hernandes Dias Lopes):
a) O caminho da perdição é a estrada das liberdades sem limites (Mt.7:13,14). O mundo oferece prazeres, diversões, riquezas, sucesso, fama, e nada exige em troca. Nessa estrada das facilidades é proibido proibir. Nesse caminho espaçoso, o homem é convidado a beber todas as taças dos prazeres. Nessa jornada de prazeres imediatos, nada é sonegado ao homem. Mas, esse caminho congestionado conduz à perdição.
b) O caminho da vida é a estrada da renúncia (Mt.7:13,14). O caminho estreito é sinuoso, íngreme e apertado; exige renúncia, sacrifício e esforço. Poucos são aqueles que o encontram, mas o seu final é a glória, é a vida eterna com Deus.
3. A escolha entre os dois caminhos
Veja que Jesus apresentou dois caminhos às pessoas: um estreito e outro largo (Mt.7:13,14). Estes dois caminhos são representados por duas portas: uma porta estreita e outra larga. Ambos levam a destinos diferentes. Jesus mandou que seus seguidores entrassem no Reino dos céus somente “pela porta estreita”. Essa “porta” é estreita e o caminho é apertado, mas somente ela leva à vida – à vida eterna. Entretanto, através da “porta larga”, o caminho para a perdição é espaçoso e mais fácil; existe muito espaço para muitos caminharem e seguirem a direção que desejarem. Mas este caminho leva ao inferno.
A porta que leva à vida é estreita, não porque seja difícil se tornar cristão, mas porque existe apenas um caminho e apenas alguns poucos decidem seguir por ele. Crer em Jesus Cristo é a única maneira de obter a vida eterna de plena felicidade, porque somente Ele morreu pelos nossos peados e nos justificou perante Deus Pai. Jesus convida a todos fazerem a escolha certa.
III. A MENTIRA DOS FALSOS PROFETAS
1. Cuidado com as falsas aparências
Os falsos profetas podem até parecer dóceis, mansos, inofensivos, se vestirem como ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes (Atos 20:29); são assassinos da verdade, embora andem com a Bíblia na mão; têm a voz sedosa, mas seus dentes são afiados; demonstram ter piedade, fazem longas orações, profetizam, mas tudo é falsa aparência (2Tm.3:5).
Os falsos profetas já existiam nos tempos do Antigo Testamento (Jr.28:3,4). Jesus predisse a vinda de falsos cristos e falsos profetas, que desviarão muitos do caminho certo (Mt.24:24). No tempo determinado, eles surgirão como se fossem anjos de luz (2Co.11:13-15; 1Tm.4:1; 1João 4:1); por fora, parecem “ovelhas”, mas por dentro são “lobos devoradores”. O crente precisa ter todo o cuidado e estar constantemente em oração, buscando discernimento espiritual para não ser iludido pela boa oratória e as palavras bonitas dos que se dizem profetas, mas não são.
2. Como detectar os falsos profetas?
“Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis” (Mt.7:15,16).
A Palavra de Deus adverte-nos de que haverá entre nós, na própria Igreja, falsos profetas (2Pd.2:1,2; Leia também At.20:30; 1Tm.4:1; 1João 4:1). Apesar da aparência de piedade, não passam de agentes de Satanás. Sua missão é: corromper a fé dos salvos e destruir a unidade da Igreja (Mt.7:15-23). Como identificá-los? Como saber se estão em nosso meio?
a) Discernindo o caráter da pessoa. O caráter, influenciado pelo temperamento, é o conjunto de qualidades boas ou más de um indivíduo que determina a conduta em relação a Deus, a si mesmo e ao próximo. Portanto, o caráter de uma pessoa não apenas define quem ela é, mas também descreve seu estado moral e a distingue das demais de seu grupo (Pv.11:17; 12:2;14:14:20:27); é o traço distintivo de uma pessoa; é a sua marca. Não nos preocupemos com os sinais, prodígios e maravilhas que alguém venha a fazer, mas, sim, com a presença do caráter cristão na sua vida. Não nos preocupemos com a vestimenta que alguém está usando, mas com a presença do caráter cristão na sua vida. O apóstolo Paulo denomina o caráter do autêntico cristão de “Fruto do Espírito” (Gl.5:22).
b) Observando os frutos da vida e da mensagem da pessoa. “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt.7:16). É pelos frutos que reconheceremos quem é crente e quem não o é, pois Jesus disse que aquele que não produzisse fruto seria lançado fora da videira verdadeira. A árvore má não pode dar frutos bons (Mt.7:16-20).
c) Discernindo até que ponto a pessoa se baseia nas Escrituras. Este é um ponto fundamental. Essa pessoa crê e ensina que as Escrituras Sagradas são plenamente inspiradas por Deus e que devemos observar todos os seus ensinos? (ver 2João 9-11). Se ele ensinar “outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade” (1Tm.6:3), é um forte indício de que é um falso profeta.
Portanto, sejamos cuidadosos porque mesmo sendo acurados nos critérios de avaliação de um pregador, mesmo assim, muitas vezes, eles aparecem vestidos de cordeiros, mas são terríveis lobos devoradores (Mt.7:15).
3. Uma análise criteriosa
O apóstolo João declarou enfaticamente: “Amados, não deis créditos a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (1João 4:1). Somos alertados para “provar os espíritos”, porque todas as profecias vêm de Deus, da carne ou do Diabo através de espíritos malignos.
Precisamos estar informados de que pode haver, nas igrejas, diversos obreiros corrompidos e distanciados da verdade, como os mestres da lei de Deus, nos dias de Jesus (Mt.24:11,24). Esses obreiros “exteriormente pareceis justos aos homens” (Mt.23:28). Aparecem “vestidos como ovelhas” (Mt.7:15). Podem até ter uma mensagem firmemente baseada na Palavra de Deus e expor altos padrões de retidão. Podem parecer sinceramente empenhados na obra de Deus e no seu reino, demonstrar grande interesse pela salvação dos perdidos e professar amor a todas as pessoas. Podem parecer ser grandes ministros de Deus, líderes espirituais de renome, ungidos pelo Espírito Santo. Podem até realizar milagres, ter grande sucesso e multidões de seguidores. Todavia, esses homens são semelhantes aos falsos profetas dos tempos antigos (Dt.13:3; 1Rs.18:40; Ne.6:12; Jr.14:14), e aos fariseus do Novo Testamento. Longe das multidões, na sua vida em particular, os fariseus entregavam-se à “rapina de iniquidade” (Mt.23:25), “cheios de ossos de mortos e de toda imundícia” (Mt.23:27), “cheios de hipocrisia e de iniquidade” (Mt.23:28). Sua vida na intimidade era marcada por cobiça carnal, imoralidade, adultério, ganância e satisfação dos seus desejos egoístas. Portanto, precisamos fazer uma análise criteriosa à luz da Palavra de Deus quando houver alguém no pedestal se passando por homem de Deus; devemos sempre avalia-lo pelos frutos e não pela aparência ou reputação; devemos estar em permanente vigilância para não sermos enganados.
CONCLUSÃO
A bondade de Deus é eterna, infinita, ilimitada e abundante. Os seres humanos possuem uma bondade, mutável e limitada, ao contrário de Deus que é imutável e é sempre bom. O Senhor é o padrão de bondade; Ele é bom em todo tempo, e que partilha da sua benignidade com suas criaturas, cuidando delas, quer sejam boas, quer sejam más (Mt.5:45). Por sua maravilhosa graça, Ele prover não apenas as coisas materiais, mas, em especial a salvação gloriosa em Cristo Jesus. Deus é bom em todo tempo e o tempo todo! Toda honra e glória sejam dadas a Ele!