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A JUSTIÇA DE DEUS

Texto Base: Ezequiel 14:12-21


”Com o puro te mostrarás puro e com o perverso te mostrarás indomável” (Sl.18:26).

Ezequiel 14:

12.Veio ainda a mim a palavra do SE­NHOR, dizendo:

13.Filho do homem, quando uma terra pecar contra mim, gravemente se rebelando, então, estenderei a mão contra ela, e tornarei instável o sustento do pão, e enviarei contra ela fome, e arrancarei dela homens e animais;

14.ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles, pela sua justiça, livrariam apenas a sua alma, diz o Senhor JEOVÁ.

15.Se eu fizer passar pela terra nocivas alimárias, e elas a assolarem, que fique assolada, e ninguém possa passar por ela por causa das feras;

16.ainda que esses três homens es­tivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor JEOVÁ, que nem a filhos nem a filhas livrariam; só eles ficariam livres, e a terra seria assolada.

17.- Ou, se eu trouxer a espada sobre a tal terra, e disser: Espada, passa pela terra: e eu arrancar dela homens e animais;

18.ainda que aqueles três homens estivessem nela, vivo eu, diz o Senhor JEOVÁ, que nem filhos nem filhas livrariam, mas eles só ficariam livres.

19.Ou se eu enviar a peste sobre a tal terra e derramar o meu furor sobre ela com sangue, para arrancar dela homens e animais;

20.ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor JEOVÁ, que nem filho nem filha eles livrariam, mas só livrariam a sua própria alma pela sua justiça.

21.Porque assim diz o Senhor JEOVÁ: Quanto mais, se eu enviar os meus quatro maus juízos, a espada, e a fome, e as nocivas alimárias, e a peste, contra Jerusalém para arrancar dela homens e animais?

INTRODUÇÃO

Dando prosseguimento ao estudo do livro de Ezequiel, trataremos nesta Aula da Justiça e Deus. O objetivo é explicar a retribuição divina ao pecado da nação de Judá. Está escrito que Justiça e Juízo são a base do trono de Deus (Salmos 97:2). De acordo com Esequias Soares, a “palavra ‘justiça’ significa ‘correto, retidão’, e, no que refere à Justiça de Deus, tanto em teologia como nas Escrituras, é um atributo divino definido em conformidade com a Sua Lei moral e espiritual, em harmonia com a santidade da natureza de Deus”.

Uma das definições de justiça diz que ela “consiste em dar a cada um, em conformidade com o Direito, o que por direito lhe pertence”. Mas, mesmo quando assim acontece, é possível não se ter feito a verdadeira justiça, pois quando Parlamentares aprovam nossas leis movidos por interesses próprios e por outras vergonhosas mordomias, sem sequer ler, ou conhecer o que estão votando, não se poderá fazer justiça com a aplicação de leis que não são filhas do direito, mas dos interesses do Governo. Não obstante, a Justiça que estudaremos nesta Aula não se refere à justiça dos homens, mas à justiça de Deus. Sempre que a Santidade de Deus é ofendida, a Sua Justiça está pronta para reparar o dano sofrido. Entretanto, o Senhor Deus, conquanto ofendido em Sua Santidade pelo pecado, embora não podendo suportá-lo e desejando castigá-lo, persiste em amar o homem que ele criou, não desejando seu castigo, sua ruína, sua morte. O desejo de Deus é o de perdoar e salvar. Assim, porque o Amor reprime a Justiça, não somos destruídos, conforme declarou o Profeta Jeremias – “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim” (Lam.3:22). “Misericórdias” são uma manifestação do amor de Deus. Se assim é, então, se não fora o Amor de Deus nenhum pecador sobreviveria, pois, conforme afirmou o apóstolo João, “se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós” (1João 1:8).

I. SOBRE A IDENTIFICAÇÃO DO JUÍZO DIVINO

1. O discurso profético

O discurso profético de Ezequiel teve um caráter punitivo aos falsos profetas, ao povo de Judá e aos seus líderes - os anciãos -, que pertinaz mantinham-se nos pecados da idolatria. Depois da repreensão aos falsos profetas, o discurso foi dirigido aos “anciãos de Israel” (Ez.14:1-3). O livro de Ezequiel registra que pelo menos três vezes uma comitiva de “anciãos de Israel” (Ez.14:1; 20:1), identificados também como “anciãos de Judá” (Ez.8:1), foi consultar o profeta Ezequiel. Foi justamente quando eles estavam sentados diante de Ezequiel que vieram da parte de Deus os discursos registrados nos referidos capítulos. A Palavra do Senhor veio a Ezequiel como de repente, palavra esta que foi direcionado aos seus destinatários, os líderes. Tudo indica que o discurso da primeira parte do capítulo 14 (Ez.14:1-11) seja uma repreensão aos anciãos de Judá (Ez.14:3).

Deus é amor (1João 4:8). Além de ser amor, Deus é longânimo, espera até o último estágio da oportunidade de arrependimento. Com relação ao povo e Judá, Deus ofereceu o perdão, se o povo arrependesse dos seus vis pecados, mas isto não ocorreu; a mente do povo estava cauterizada pelo pecado, causando a apostasia fatal. O perdão divino vem com o arrependimento como aconteceu com a cidade de Nínive (Jn.3:10), mas o tempo dessa oportunidade já havia expirado para o povo de Judá. Como bem afirma o pr. Esequias Soares, a vontade de Javé é abençoar o seu povo e restaurar sua herança, mas como ajudar quem não se ajuda? Por isso o castigo seria inevitável, tratava-se de uma questão de justiça e santidade.

2. A primeira parte do oráculo (Ez.14:13)

“Filho do homem, quando uma terra pecar contra mim, cometendo graves transgressões, estenderei a mão contra ela, e tornarei instável o sustento do pão, e enviarei contra ela fome, e eliminarei dela homens e animais” (Ez.14:13).

Segundo Esequias Soares, o discurso profético nos versículos 13-20 tem sua abrangência estendida para outros povos, locais e épocas, e não se restringe a Israel como nos versículos 21-23 do capitulo 14. A expressão “quando uma terra pecar contra mim” se refere a uma terra hipotética, e isso se estende até o versículo 20. Ezequiel, com sua experiência de sacerdote, parece ter usado a mesma estrutura hipotética da lei sacerdotal: “quando uma pessoa pecar, e transgredir contra o Senhor” (Lv.6:2), em referência a qualquer pessoa. Deus é soberano de todo o universo, pois Ele é o Criador, aquele que com seu grande poder criou todas as coisas que há nos céus e na terra. As nações lhe pertencem, e ele tem o direito de julgá-las. Ele tem o direito de dominar sobre todos os povos da terra.

Veja os primeiros elementos da Justiça divina usados nos julgamentos de Deus: “estenderei a mão contra ela, e tornarei instável o sustento do pão, e enviarei contra ela fome, e eliminarei dela homens e animais”. Deus retira a sua bênção - a terra deixa de ser abençoada e, a partir daí, vem a inflação desordenada e implacável, a fome e a mortandade, o extermínio dos seus moradores e até dos animais; uma situação parecida com a que foi vaticinado em Mateus 24:7 e Apocalipse 6:8 - uma grande crise econômica nacional, que chamamos hoje de recessão econômica; Deus torna ”instável o sustento do pão” (Ez.14:13; 4:16; 5:16).

Estas e outras formas são as que Deus usa para castigar e/ou corrigir um desobediente contumaz, que se recusa ouvir e aceitar Sua Palavra. É válido salientar que a pior época da terra ainda virá, quando os juízos de Deus forem aplicados sobre a humanidade no período da Grande Tribulação, o período mais terrível que ocorrerá na Terra, período em que Deus tratará com a humanidade que rejeitou Seu Filho como único Senhor e Salvador; é o período do “grande dia da Sua ira” (cf. Ap.6:17a). Quer saber mais sobre isto? Então, acesse http://luloure.blogspot.com/2016/02/aula-08-grande-tribulacao.html.

3. Descrição dos agentes do juízo divino (Ez.14:17,21)

“Ou, se eu trouxer a espada sobre a tal terra, e disser: Espada, passa pela terra: e eu arrancar dela homens e animais; Porque assim diz o Senhor JEOVÁ: Quanto mais, se eu enviar os meus quatro maus juízos, a espada, e a fome, e as nocivas alimárias, e a peste, contra Jerusalém para arrancar dela homens e animais?”.

Conforme estes textos, a descrição dos agentes hipotéticos do juízo divino que poderão ser direcionados a qualquer nação da Terra, são: “a espada, a fome, e a peste”. Segundo Esequias Soares, “espada, é a linguagem figurada que designa guerra, e que resulta em fome e peste (Ez.6:3,12; 7:15); a fome, é uma referência à escassez de alimento provocada pela destruição da produção agropecuária ou pela crise financeira; a peste, é resultado da epidemia causada pelas mortes nos campos de batalha” (Ez.14:13). Existem inúmeras formas de Deus castigar um desobediente contumaz, que se recusa ouvir e aceitar a Palavra de Deus.

Depois do anúncio dos pronunciamentos hipotéticos, Deus reitera os mesmos julgamentos contra Jerusalém. Ora, se Deus julga qualquer nação com severidade, quanto mais Jerusalém, onde estava seu Templo. Diz o texto sagrado: ”Pois assim diz o Soberano Senhor: Quanto pior será quando eu enviar contra Jerusalém os meus quatro terríveis juízos: a espada, a fome, os animais selvagens e a peste, para com eles exterminar os seus homens e os seus animais!
Contudo, haverá alguns sobreviventes - filhos e filhas que serão retirados dela. “Eles virão a vocês, e, quando vocês virem a conduta e as ações deles, vocês se sentirão consolados com relação à desgraça que eu trouxe sobre Jerusalém. Vocês se sentirão consolados quando virem a conduta e as ações deles, pois saberão que não agi sem motivo em tudo quanto fiz ali, palavra do Soberano Senhor" (Ez.14:21-23 - NVI).

Estes castigos sobre o povo eram resultado da indignação divina em relação à maldade da nação, à apostasia generalizada e à idolatria que envolvia a prática de culto a outros deuses. Os quatro piores castigos estão à altura da gravidade do pecado. A purificação haveria de vir, mas, primeiro, viria a justiça divina para eliminar dela pessoas e animais. Até então, Deus ainda não tinha revelado qual era o alvo de sua ira. A profecia diz que alguns sobreviveriam para dar testemunho de que o castigo enviado pelo Senhor foi justificado (Ez.14:22). Estes remanescentes são os que Nabucodonosor deixou em Judá depois da destruição da cidade (2Rs.25:22); outros, porém, foram levados à Babilônia, e sobre estes diz a palavra profética: “Eles virão a vocês, e, quando vocês virem a conduta e as ações deles, vocês se sentirão consolados com relação à desgraça que eu trouxe sobre Jerusalém. Vocês se sentirão consolados quando virem a conduta e as ações deles, pois saberão que não agi sem motivo em tudo quanto fiz ali, palavra do Soberano Senhor" (Ez.14:22,23). O livramento desses poucos sobreviventes é uma prova da justiça divina, mas eles precisavam ir ao cativeiro. A culpa de Judá era grande demais para ser perdoada, mesmo que houvesse a interseção de Noé, Daniel e Jó (Ez.14:20). O que dizer, então, da nossa sociedade atual com seus crimes, sua violência, imoralidade, idolatria, suas drogas e seu degradante humanismo secular?

II. SOBRE A PETIÇÃO QUE DEUS NÃO ATENDE

“Encontramos em Jeremias e Ezequiel duas situações hipotéticas de orações intercessórias de justos que Deus não atende: o exemplo de Moisés e Samuel; o de Noé, Daniel e Jó” (LBM.CPAD).

1. Exemplos de intercessão pelo pe­cador

As Escrituras Sagradas mostram que, em determinadas situações, a intercessão do justo foi aceita por Deus em favor de outras pessoas como, por exemplo: Noé pela sua família; Abraão por Abimeleque; Jó pelos seus amigos; Moisés e Samuel pelo povo de Israel e pela sua família, nos casos dos pecados de rebeliões (Êx.32:11,14; Nm.14:19,20; 1Sm.7:5,6,9; 12:19-25; Sl.99:6-8). A despeito dos seus pecados de idolatria e imoralidade, Deus perdoou o povo de Israel várias vezes em atenção à oração intercessória destes dois grandes homens de Deus.

Veja, por exemplo, o abominável culto ao bezerro de ouro, no Sinai. Esta abominação era um insulto a Deus, uma clara rebelião contra o Deus Todo-Poderoso que há pouco tempo os tinha tirado da escravidão do Egito. Deus queria exterminá-los por completo (Ex.32:10), mas a intercessão de Moises em favor deles arrefeceu o juízo fulminante de Deus sobre eles (Ex.32:11-14); eles foram perdoados por Deus e o Concerto renovado (Êx.34:10). Também, Deus atendeu a oração intercessória de Abraão, feita em favor das cidades de Sodoma e Gomorra, aceitando não as destruir, caso houvesse pelo menos 10 justos em Sodoma (Gn.18:32). E nós, movidos por essas experiências, continuamos intercedendo pela salvação dos pecadores e pela obra de Deus, e uns pelos outros (Ef.6:18,19; Tg.5:16)?

2. Um castigo inevitável

A persistência no pecado do povo de Judá e sua indiferença à mensagem dos profetas do Senhor, desaguou numa situação inapelável (2Cr.36:15,16). O juízo de Deus seria inevitável, a ponto de Ele mesmo afirmar ao profeta Ezequiel que nem mesmo os justos como Noé, Daniel e Jó, com toda a justiça e piedade deles, podiam fazer alguma coisa pelo povo (Ez.14:20) – “ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor JEOVÁ, que nem filho nem filha eles livrariam, mas só livrariam a sua própria alma pela sua justiça”. Este oráculo está entre os mais severos da história de Israel.

A situação pecaminosa do povo de Judá era tão impactante que o Senhor chegou a dizer a Jeremias que perdoaria Jerusalém se ele encontrasse um só homem que praticasse a justiça (Jr.5:1). Uma vez que não havia nenhum justo sequer entre os judeus daquela época, a busca de Jeremias foi debalde. Por isso, o juízo divino sobre o povo seria inevitável. Como o Senhor perdoaria um povo que havia feito aliança com Ele, mas agora jurava por falsos deuses e se entregava à idolatria e à imoralidade?

Deus ficou irado diante da falta de entendimento e da insensatez do povo (Jr.5:20-31). O texto diz que o mar lhe obedece, mas o seu povo se rebelava; não demonstrava nenhum desejo de temer àquele que dá a seu tempo a chuva, nem mesmo quando Ele a retém. Como poderia deixar de castigar uma nação tão rebelde e contumaz? Uma vez que todos as fontes de retidão moral estavam contaminadas, era evidente que Deus não faria outra coisa senão enviar juízo; juízo este que seria certo e indeclinável, violento qual ataque de um leão, de um lobo do deserto e de um leopardo (Jr.5:6). O profeta Jeremias chegou a interceder pelo povo (Jr.14:21), mas Deus endureceu Sua resposta ao profeta, afirmando que nem mesmo Moisés e Samuel seriam atendidos se orassem em favor de Judá (Jr.15:1). O juízo divino, portanto, estava decretado e irrevogável.

3. Quando Deus não atende a ora­ção intercessória de um justo

Vimos que, em determinadas situações, Deus não atendeu a oração intercessória de seus servos. Em que situação ocorreu, ocorre e ocorrerá isto? Responde o pr. Esequias Soares: “quando o pecado ultrapassa todos os limites”; ou seja, quando o pecado é para morte. Na linguagem do apóstolo João, o “pecado para morte” (1João 5:16) é a apostasia fatal, tanto individual quanto coletiva, aquela que o indivíduo se aparta da fé e renuncia o seu Deus (Hb.10:28,29) de forma deliberada e consciente.

A Bíblia ensina que a “oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tg.5:16), mas quando a linha vermelha do pecado é ultrapassada, Deus poderá não atender a oração intercessória, que foi o que ocorreu ao povo de Judá à época de Jeremias e Ezequiel que, conforme está escrito, nem mesmo os homens mais ilustres em sua justiça – Moisés, Samuel, Noé, Daniel e Jó -, seriam atendidos por Deus.

A situação espiritual do povo estava tão putrefata que Deus disse a Jeremias: “Jeremias, não ore por este povo. Não peça, nem implore em favor deles; não insista comigo, porque eu não atenderei. Será que você não vê o que eles andam fazendo nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém? As crianças apanham lenha, os homens acendem o fogo, e as mulheres assam bolos para oferecer à deusa que é chamada de ‘Rainha do Céu’. Também derramam bebidas como oferta a outros deuses e fazem isso para me irritar e ferir. Mas será que é a mim que eles estão ferindo? Eu afirmo que não! Eles estão ferindo a si mesmos e vão passar vergonha. Assim eu, o SENHOR Deus, derramarei a minha ira e o meu furor sobre este lugar. Descarregarei o meu furor sobre as pessoas e os animais e até sobre as árvores e as plantações. E a minha ira será como um fogo que ninguém pode apagar” (Jr.7:16-20). Portanto, o pecado do povo era para morte; logo, nenhuma intercessão, mesmo de um justo, não seria atendida; não haveria nenhum perdão.

III. SOBRE A INTERCESSÃO DE NOÉ, DANIEL E JÓ

Estava chegando o tempo em que nem com a intercessão de Noé, Daniel e Jó o povo seria poupado. Assim, “Ezequiel refuta o imaginário popular de que Deus é obrigado a tolerar o pecado do povo por causa dos justos da cidade” (LBM.CPAD).

1. Por que o povo rejeitou os profetas?

Os profetas foram rejeitados pelo povo de Judá porque eles transmitiam a menagem que o povo precisava ouvir, e não o que o povo queria ouvir; e a mensagem que o povo ouviu foi de juízo divino sobre Jerusalém e o Templo, mensagem de destruição e um cativeiro de longo prazo. Os falsos profetas, porém, pregavam o oposto disto; pregavam que se houvesse justos em Judá, e acreditavam que existiam muitos, e com base no texto de Gn.18:32, o juízo divino anunciado pelos profetas não seria cumprido. Por isso, rejeitavam a mensagem profética de Ezequiel e Jeremias. Mas, segundo a mensagem de Ezequiel, Deus não é obrigado a tolerar o pecado do povo por causa dos justos da cidade.

Contudo, o próprio Deus se dispôs poupar a cidade e o Templo se houvesse um só justo em Jerusalém, porém não existia um justo sequer, todos estavam afastados de Deus, todos praticavam idolatria e imoralidade - “Deem uma volta pelas ruas de Jerusalém, olhem, investiguem, procurem nas suas praças para ver se acham alguém, se há uma pessoa que pratique a justiça ou busque a verdade. Se acharem, eu perdoarei a cidade” (Jr.5:1). Aqui, Deus fez uma declaração semelhante a que foi feita antes da destruição e Sodoma e Gomorra (Gn.18:22). Religiosidade pífia, superficial, não demonstra vida piedosa para com Deus (Jr.5:2). Ele abomina pessoas religiosas que não têm compromisso com a santidade que Deus requer do seu povo. Isto nos traz uma lição importante: o bom testemunho é essencial na cidade, no bairro, na comunidade, no condomínio onde moramos. Podemos ser testemunhas e bênçãos de Deus para muitas pessoas. Que assim seja!

2. ”Noé, Daniel e Jó” (Ez.14:14,20)

Disse Deus, através do profeta Ezequiel: “tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, não salvariam nem a seu filho nem a sua filha; pela sua justiça salvariam apenas a sua própria vida” (Ez.14:20). ”Noé, Daniel e Jó foram grandes homens na história de Israel, renomados por seu relacionamento com Deus e por sua sabedoria (ver Gn.6.8,9; Dn.2.47,48; Jó 1.1). Daniel foi levado cativo durante a primeira invasão da Babilônia contra Judá em 605 a.C.; oito anos antes, Ezequiel havia sido exilado. Na época em que Ezequiel pregou essa mensagem, Daniel ocupava uma elevada posição no governo da Babilônia. Mas mesmo estes grandes homens de Deus não poderiam ter salvado o povo de Judá, porque Deus já havia julgado a nação devido à impiedade geral” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal).

Portanto, ainda que houvesse três homens justos como estes, Deus não daria ouvidos aos clamores do povo, mas enviaria fome, feras, espada e peste sobre a terra de Judá (Ez.14:20,21). Por que? Porque o pecado do povo era para morte.

3. O profeta Daniel

Quando Ezequiel atuava entre os exilados, Daniel vivia na corte de Nabucodonosor e, no entanto, é mencionado junto com os homens justos de épocas anteriores. Alguns questionam a identidade do Daniel apresentado no trio de justos mencionado por Ezequiel (Ez.14:20). Alguns teólogos liberais argumentam que o Daniel referido por Ezequiel não é o profeta do livro de Daniel, por causa da grafia do nome “Daniel” empregada por Ezequiel, que difere da empregada no livro de Daniel. Outros argumentam que Daniel era muito jovem para ser contado entre os outros dois patriarcas mencionados. Mas, como afirma o pr. Esquias Soares, “muitos expositores do Antigo Testamento consideram tais argumentos insuficientes, pois não se deve dar importância demais à ortografia, pois soletrações variantes nunca foram novidades na antiguidade bíblica. Além disso, Daniel era contemporâneo de Ezequiel na Babilônia, e era ministro na corte de Nabucodonosor (Dn.2:48,49)”. Indubitavelmente, o Daniel mencionado por Ezequiel trata do mesmo Daniel do livro que leva o seu nome. Ainda muito jovem foi levado para a Babilônia, uma terra eivada de idolatria. Foi levado para esse panteão de divindades pagãs, para a capital mundial da astrologia e da feitiçaria, para o meio de uma cultura sem Deus e sem absolutos morais, porém, Daniel não se corrompeu.

Daniel foi levado como escravo à Babilônia, uma terra que não conhecia Deus, onde não havia a Palavra de Deus, nem o temor de Deus, onde o pecado campeava solto. Mas, mesmo na cidade das liberdades sem fronteiras, do pecado atraente e fácil, Daniel manteve-se íntegro, fiel e puro diante de Deus e dos homens. Sua vida é um farol a ensinar-nos o caminho certo no meio da escuridão do relativismo. Seu testemunho rompeu a barreira do tempo e ainda encoraja homens e mulheres em todo o mundo a viver com integridade no meio de uma sociedade corrupta e decaída moral e espiritualmente.

O profeta Ezequiel foi marcado por uma profunda impressão de Daniel, citando-o no seu livro como um homem de sabedoria e de justiça, colocando-o no mesmo nível de Noé e de Jó (Ez.14:14). Não é verdade que inexistem heróis e heroínas da fé nos dias de hoje, como havia no passado. Porventura estamos dispostos a sermos um deles?

CONCLUSÃO

Concluímos esta Aula conscientes de que todo pecado constitui uma agressão à Santidade de Deus, e que toda vez que sua Santidade é agredida, Sua Justiça exige uma pronta reparação; esta reparação pode ser feita através do arrependimento, e consequente perdão, ou pela aplicação da Justiça de Deus, como ocorreu com o povo de Judá à época de Ezequiel e Jeremias. Deus, contudo, sendo também Amor, no exercício de sua longanimidade procura não executar, de pronto, sua justiça; no entanto, por razões que, pessoalmente, não sabemos explicar, muitas vezes o juízo de Deus é imediato; temos, tanto no Antigo como no Novo Testamento, bem como nos dias atuais, muitos exemplos da aplicação imediata da Justiça de Deus, na punição daqueles que agrediram, pelo pecado, a Sua Santidade. Atentemos, pois, ao conselho do sábio: “De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem” (Ec.12:13).