Texto Base: Marcos 16:14-20
“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Rm.1:16).
Marcos 16:
14.Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado.
15.E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.
16.Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.
17.E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas;
18.pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão.
19.Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à direita de Deus.
20.E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém!
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos do compromisso que a Igreja Pentecostal tem com a Evangelização. Somente o Evangelho tem o poder de trazer a restauração do ser humano ao status quo da criação: imagem e semelhança de Deus (quanto ao caráter), dignidade, plena felicidade, comunhão plena com Deus. Por isso, Jesus comissionou à Igreja realizar evangelização a todos os povos e etnias (Mc 16:15). O plano-diretor de Jesus era bem claro e objetivo: os discípulos deveriam ser testemunhas não apenas no território de Israel, mas até aos confins da terra; não apenas aos judeus, mas também aos gentios. Todas as nossas ações, todo o nosso cotidiano deve ser criado e executado diante da perspectiva de que somos testemunhas de Cristo Jesus (At.1:8) e que devemos, portanto, testificar do Senhor, mostrar ao mundo, através da mensagem da Palavra de Deus e de atitudes, que Deus é nosso Pai, que Jesus Cristo é o Senhor e o Salvador do mundo, que o Espírito Santo é o Consolador e que somos filhos de Deus, e por meio deste comportamento, levar os homens a glorificar o nosso Pai celestial (Mt.5:16).
I. A EVANGELIZAÇÃO COMO PRIORIDADE
A principal tarefa da Igreja é a evangelização, ou seja, a pregação do Evangelho a judeus e a gentios, o anúncio de que Jesus veio salvar o homem, perdoando os nossos pecados e restabelecendo a comunhão entre Deus e a humanidade.
Para que não houvesse qualquer dúvida a respeito de qual seria o papel da Igreja, ainda mesmo de seu estabelecimento na Terra, Jesus bem mostrou aos Seus discípulos qual era o papel destinado aos Seus seguidores. Cumprindo o desiderato divino de anunciar a salvação ao povo judeu (João 1:11a), Jesus, a fim de atingir a todas as aldeias e povoados da nação israelita na Palestina, destacou setenta discípulos, de dois em dois, para pregar o evangelho (Lc.10:1-24), mostrando, assim, que a tarefa primordial daqueles que O servem é o de levar a mensagem das boas-novas de salvação, que é o que denominou de “a obra do Senhor” (Lc.10:1,2).
Depois de ter consumado a obra da redenção do homem no Calvário (João 19:30), sacrifício aceito pelo Pai como nos prova a ressurreição (At.3:25,26; 13:29,20), Jesus, após ter passado quarenta dias dando prova da Sua ressurreição aos discípulos e falado a respeito do reino de Deus (At.1:3), explicitamente determinou qual seria a tarefa principal da Igreja. Mandou que o evangelho fosse pregado por todo o mundo a toda a criatura (Mc.16:15), uma ordem que estabeleceu um verdadeiro dever a todo cristão, a ponto de o apóstolo Paulo ter exclamado: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho!” (2Co.9:16).
A Igreja, portanto, existe para dizer ao mundo que “Jesus salva, cura, batiza no Espírito Santo e leva para o Céu”. Será que temos cumprido esta tarefa?
1. O Evangelho
O Evangelho são as boas-novas, é a boa notícia, é a boa mensagem. Que mensagem? A mesma mensagem que Jesus pregou, ou seja, de que o tempo está cumprido e que o reino de Deus chegou, ou seja, que Jesus salva o homem e o liberta do pecado, pondo-o, novamente, em comunhão com Deus e lhe assegurando a vida eterna. A Igreja deve pregar o Evangelho, deve pregar a Cristo. O seu assunto é a salvação do homem na pessoa de Jesus Cristo. É para isto que existe a Igreja, isto é que é evangelização. Não devemos nos perder em discussões inúteis e que não trazem proveito algum (1Tm.1:4-7; 6:3,5). O Senhor nos mandou pregar o Evangelho e não ficar discutindo filigranas doutrinário-teológicas ou nos perdendo em interpretações de aspectos absolutamente secundários das Escrituras, quando não de questões relacionadas com a cultura ou costumes.
2. O único Salvador do mundo
"Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14:6).
Este texto do Evangelho, segundo escreveu João, deixa bem claro que o Senhor Jesus Cristo é em si mesmo o Caminho para o Céu. Ele não somente mostra o caminho; Ele é “o caminho”. A salvação está em uma Pessoa, e essa Pessoa é Jesus Cristo. Cristianismo é Cristo. O Senhor Jesus não é só um dos muitos caminhos; Ele é o “único” caminho. Ninguém vai ao Pai senão por Ele. Portanto, o caminho para Deus não é pelos Dez Mandamentos, pela regra áurea, pelas ordenanças, por ser membro da Igreja – é por meio de Cristo, e somente Cristo. Hoje muitos dizem que não importa em que se crê, contanto que se seja sincero. Dizem que todas as religiões têm algo de bom e que todas conduzem ao Céu, afinal. Mas Jesus disse: “Ninguém vem ao Pai senão por mim”. Não existe um meio de salvação sem Jesus (At.4:12):
“E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”.
3. Uma Agência legítima
O Senhor constituiu a Igreja como a Agência do Reino de Deus na terra encarregada de anunciar as boas novas de salvação. Nenhuma organização pode substitui-la nessa tarefa. Jesus deu a ordem: “ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt.28:19,20).
Como agência evangelizadora, a Igreja preocupa-se com o bem-estar espiritual ensinando o caminho de Deus, evangelizando, pregando o Evangelho a toda a criatura e encaminhando-a para a comunhão com Deus. Ela cuida da alma e encaminha aqueles que carecem de conforto, orientação e afeto, e cuida do corpo físico, suprindo suas necessidades básicas. O modelo que temos é o da Igreja no seu princípio, a qual se estruturou de tal maneira que conseguiu conquistar a confiança e o respeito da sociedade (At.2:42,47; 4:32,35 e 5:13-14).
Podemos classificar o perfil da Igreja da época dos apóstolos, à luz dos primeiros capítulos do livro de Atos, em três áreas distintas, a saber: a marturia (o testemunho, a orientação espiritual, o evangelismo e a pregação, e o ensino da palavra); a koinonia (a formação da comunidade social) descrita em Atos 2:42,47; a diaconia (o serviço de atendimento social, descrito em Atos 6:1-10). Observando esse modelo, a Igreja estará cumprindo a sua missão integral. Assim sendo, crescerá de forma sadia.
Missão estava no coração da Igreja de Atos do Espírito Santo. Nada a fazia arrefecer desse mister. A despeito das perseguições, os novos discípulos testemunhavam todos os dias, não cessavam de ensinar e anunciar a Jesus Cristo: nas ruas, nas casas, nas vilas, cidades, ensinando e proclamando intensamente o evangelho. Todos, indistintamente, estavam empenhados em organizar novas igrejas, obedecendo a um plano de avanço missionário. E hoje, o que estamos fazendo em prol da evangelização local e universal?
O campo missionário é o mundo. Jesus disse: “o campo é o mundo” (Mt.13:38). Ele não disse que o campo é Jerusalém, nem a Judéia, nem Roma, nem minha cidade e nem a tua. Infelizmente há ainda os que pensam que o “campo” é a sua cidade e por isso mostram-se não somente apáticos às missões, mas também posicionam-se contra elas. Outros não são contra, mas não se esforçam, são acomodados. É dever de cada crente incentivar missões, orar pelos missionários e pelos que estão sendo enviados, e contribuir financeiramente para o sustento dos missionários.
Os discípulos entenderam a ordem de Jesus e estenderam a obra missionária para além de suas cidades originais. De ação em ação, a Igreja de Cristo veio a alcançar, em apenas uma geração, os lugares mais remotos daquela época – “que já chegou a vós, como também está em todo o mundo...” (Cl.1:6).
II. JESUS MORREU PARA SALVAR TODOS OS SERES HUMANOS
Se é verdade que o jugo do pecado é universal, também é verdade que a necessidade da salvação em Cristo é universal. O Evangelho de Jesus Cristo, cujo conteúdo é Cristo, destina-se a todos os gentios e judeus, a todos os povos. Os judeus pensavam que as boas-novas de salvação eram destinadas apenas a eles. No entanto, o plano eterno de Deus incluía todos os povos. Cristo morreu a fim de comprar para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação (Ap.5:9). John Stott é enfático quando escreve: "Precisamos libertar-nos de todo orgulho, seja de raça, nação, tribo, casta ou classe, e reconhecer que o Evangelho de Deus é para todos, sem exceção e sem distinção”.
1. A nossa teologia
A nossa teologia tem como fundamento estrito as Escrituras Sagradas; ela prega que a salvação em Cristo abrange a toda criatura humana. O texto sagrado de João 3:16 respalda este fato: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Observe que Deus não amou só uma parte da humanidade, não; Ele amou todo o mundo, e mundo aqui inclui toda a humanidade. Deus não ama os pecados humanos ou o sistema maligno de mundo, mas ama as pessoas e “deseja que todas as pessoas sejam salvas e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm.2:4). A extensão de seu amor é revelada pelo fato de que deu o Seu Filho Unigênito por uma raça de pecadores rebeldes.
O fato de que Deus “deseja que todas as pessoas sejam salvas e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm.2:4) não quer dizer que todos são salvos. Para receber a Salvação, uma pessoa precisa receber o que Cristo fez por ela – “para que todo aquele que nele crê não pereça”. Neste “todo aquele” não há exclusão de ninguém. Todos podem crer, e Deus quer que todos creiam, pois, “a graça de Deus se há manifestada, trazendo Salvação a todos os homens” (Tito 2:11). Porém, cremos que essa Salvação é condicional, ou seja, exige-se do ser humano arrependimento de coração (At.15:9; Rm.3:28;11:6), e que confesse a Cristo como único e suficiente Salvador (Rm.10:9).
Portanto, não há necessidade de ninguém perecer, contanto que creia em Jesus Cristo e o receba como único e suficiente Senhor e Salvador. Foi fornecido um caminho pelo qual todos podem se salvar, mas a pessoa precisa reconhecer o Senhor Jesus Cristo como seu Salvador pessoal. Deus ama todos, independentemente de etnia, cor ou classe social. Ele ama todos os povos e deseja que todos se salvem mediante a fé no sacrifício do seu Filho Unigênito.
Há uma tendência atual de afirmar que, no final das contas, Deus, em sua graça, salvará a todos os perdidos, mesmo aqueles que jamais responderam (e mesmo rejeitaram) o sacrifício de Cristo. Essa perspectiva teológica, bastante cultivada atualmente, denomina-se de “universalismo”. Esse ensinamento é totalmente falso. O arrependimento sempre foi e continuará sendo uma prerrogativa àqueles que querem ser salvos. Veja os seguintes trechos bíblicos que comprovam tal fato:
§ “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”(Mc.16:16).
§ “Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”(Atos 16:31).
§ “Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados”(At.2:38).
§ “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor”(Atos 3:19).
Desta feita, não faz qualquer sentido a posição dita “universalista”, segundo a qual toda a humanidade, mais cedo ou mais tarde, alcançará a salvação, mesmo na eternidade, visto que, como é desejo de Deus a salvação de todos os homens, não há como alguém ser eternamente condenado, pois isto implicaria em admitir que Deus não poderia salvar a todos ou não cumpriria os seus propósitos ou, ainda, que o sacrifício de Cristo foi limitado em seus efeitos. Este argumento é falacioso, pois Deus tem compromisso com a sua Palavra e, ao apresentar uma promessa condicional, tem de fazer prevalecer, pela sua fidelidade, o que prometeu.
2. Por quem Jesus morreu?
Jesus morreu pelo mundo inteiro, como nos ensina o chamado “texto áureo” da Bíblia Sagrada (João 3:16) – “Deus amou o mundo e deu o Seu Filho para que todo aquele que nEle crê, não pereça, mas tenha a vida eterna”. Jesus morreu por nós e pagou o preço para a nossa salvação, preço este que foi o seu próprio sangue (1Pd.1:18,19). Embora a Bíblia diga claramente que Jesus morreu por toda a humanidade, há muitos discursões teológicas sobre o tema, e essas discursões se concentram em duas interpretações das Escrituras: Expiação limitada e Expiação ilimitada.
a) Expiação limitada. Basicamente, este ensino consiste na tese de que Jesus, acredite quem quiser, não morreu por todos os homens. Cristo morreu, segundo os seguidores deste ensino, apenas pelos eleitos. A expiação, portanto, foi “limitada” a eles. Isso surgiu porque, pela lógica dos seguidores dessa doutrina, se Deus não ofereceu salvação a todos, Jesus não podia ter morrido por todos. Para que morrer por alguém que não teria a mínima chance de salvação? Isso contraria o bom senso. Porém, os inúmeros textos bíblicos que explicitamente dizem que Cristo morreu por todos, refutam essa doutrina egoísta, fruto da imaginação humana. Portanto, o alcance da obra expiatória operada por Cristo é universal, pois ela envolve todos os seres humanos (João 3:16).
b) Expiação ilimitada. Isto significa que Jesus morreu por toda a humanidade. A Bíblia nos ensina que a morte de Cristo representou a expiação dos pecados de todo o mundo (1João 2:2). O sacrifício de Cristo foi perfeito, completo e suficiente para salvar a todos os homens, desde o primeiro casal até o último homem que nascerá sobre a face da Terra (Hb.9:24-28). A expiação feita por Cristo é completa e ilimitada, porque Ele é o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Jesus morreu em lugar de todos os homens, por isso “o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele”(Is.53:5), e “Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos” (Is.53:6).
A expiação é ilimitada, mas condicionada à vontade de cada ser humano. O versículo de João 5:24 demonstra a condicionalidade da salvação - “Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida”(João 5:24). Em João 3:16, há também essa condicionalidade: “Deus amou o mundo e deu o Seu Filho para que todo aquele que nEle crê, não pereça, mas tenha a vida eterna”.
A Bíblia é clara ao dizer que Jesus morreu por todos os homens e que seu sacrifício é suficiente para a remoção do pecado do mundo. Ele é a propiciação pelos pecados de todo o mundo. Entretanto, por que, então, todos os homens não se salvam? Porque não podemos confundir salvação com expiação. Para que haja salvação é preciso que haja expiação. Sem expiação, não há salvação. Mas a salvação, além da expiação, exige a fé do homem. Jesus, ao anunciar o Evangelho, chamou o povo ao arrependimento e à fé no Evangelho (Mc.1:15). Alcançamos a justificação pela fé em Cristo (Rm.5:1).
Numa linguagem jurídica, a morte de Cristo satisfez a justiça divina e tem poder para remover o pecado do mundo inteiro. É um sacrifício real, válido, mas que, para gerar efeitos na vida de cada homem, precisa ter a aceitação deste sacrifício pelo pecador. Se o pecador aceita este sacrifício e crê que ele é capaz de remover os seus pecados, tem-se a remoção, tem-se o perdão; o sacrifício produz o efeito, e a pessoa é tornada justa, é santificada, e alcança a salvação.
III. EVANGELIZAÇÃO LOCAL E TRANSCULTURAL
O Evangelho do Reino foi dado a todo o mundo e não é monopólio de um só povo ou cultura. A dimensão transcultural do Evangelho tem a ver, como o próprio nome o indica, com a comunicação do Evangelho entre outros povos. Quer dizer, atravessa barreiras socioculturais.
Por cultura referimo-nos a toda a vivência de um povo em um determinado espaço geográfico. Essa vivência inclui as crenças religiosas, as ideias, os valores e percepções acerca do que é bom e mau; também, cultura é a forma como um povo organiza sua vida familiar, comunitária, social, etc., como também sua forma de trabalhar e de ganhar a vida. Isto é, quando falamos acerca da cultura de um povo estamos nos referindo a toda uma forma de ser e agir, incluindo os costumes, expressões materiais, espirituais e o idioma desse povo.
1. Evangelização
Evangelização é o anúncio do Evangelho, é o anúncio de que Jesus salva, cura, batiza no Espírito Santo e leva para o céu. Esta era a mensagem pregada pelos apóstolos, aqueles que receberam diretamente a “Grande Comissão” (At.2:22-36; 3:13-26; 5:40-42; 6:14; 8:5,35; 9:20; 10:37,38; 11:20; 13:26-41). Logo após receber o revestimento de poder, como Jesus tinha prometido (cf. Lc.24:49), os discípulos procuram cumprir a sua missão prioritária: a evangelização. A ordem de Jesus foi: “ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt.28:19,20).
A ordem do Senhor é que devemos ir ao encontro do mundo, ir ao encontro dos pecadores levar-lhes a mensagem da salvação em Cristo Jesus. O homem não tem condições de salvar-se a si próprio e, mais, o deus deste século lhe cegou o entendimento para que não tenha condições de ver a luz do evangelho da glória de Cristo (2Co.4:4). Portanto, é tarefa da Igreja ir ao encontro de judeus e de gentios para lhes anunciar as boas-novas da salvação.
A ordem do Senhor é para que se pregue a toda criatura, mesmo aquela que, pela sua conduta, pela sua forma de proceder, é alvo de todo ódio, de toda repugnância, de todo o desprezo da sociedade e do mundo (vide Mc.5:1-20). É interessante observarmos que, nos dias do profeta Jonas, o Senhor mandou que fosse feita a pregação a todos os ninivitas, sem exceção alguma, ainda que eles fossem os homens mais cruéis que existiam no mundo naquele tempo. Jonas teve de pregar para todos, sem exceção, ainda que muitos, pela sua extrema crueldade e maldade, fossem, na verdade, verdadeiras “bestas-feras”, verdadeiros “animais” (Jn.3:8), que, mesmo sendo o que eram, foram alcançados pela misericórdia divina. Observe o exemplo de Jesus - Ele ia ao encontro dos publicanos e das meretrizes, considerados a escória da sociedade de seu tempo. E nós, o que estamos a fazer?
2. As Missões
Missões abrange a evangelização no mundo inteiro, a todas as culturas e etnias diferentes da nossa. O mundo precisa conhecer o Cristo que veio a Terra para salvar a humanidade.
As missões nasceram primeiramente no coração de Deus, e Ele é o grande gerenciador dessa obra ousada e desafiadora. Em sua Palavra encontramos a resposta sobre o plano de Deus para o mundo. Jesus disse: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações” (Mt.28:19). O Espírito Santo foi dado para fazer dos cristãos testemunhas eficientes no mundo todo.
Para fazer missões é necessário ajustar e adaptar estratégias conforme o costume de cada povo ou grupo étnico. Em 1Coríntios 9:19-23 as reflexões do aposto Paulo nos ajudam de maneira bem específica a encarnar o modelo certo de agir na evangelização transcultural: a) Paulo, sendo livre de todos, fez-se servo de todos; b) Para com os judeus, isto é, os que estavam sujeitos à lei, fez-se judeu. Embora Paulo não tivesse sem lei, sujeitou-se à lei; c) Aos que estavam sem lei, fez-se como sem lei, exceto a Lei de Deus; d) Com os fracos, fez-se fraco; e) em síntese, fez-se tudo, para com todos, no propósito de ganhá-los para Cristo.
Qual é a aplicação concreta deste comportamento de Paulo à própria tarefa evangelizadora, nas diversas situações da realidade transcultural? Isto quer dizer: se formos chamados a ser testemunhas de Jesus entre os povos das ilhas Fiji, por exemplo, teremos de nos tornar como eles. Temos, em primeiro lugar, de desenvolver em nosso coração o amor divino para com eles, e então estabelecer passos concretos, como a aprendizagem de seu idioma, conhecer seus costumes e cultura, despojando-nos de qualquer preconceito; aprender a cantar com eles, de tal maneira que demonstremos de forma viva que Deus os ama e nós também. Isto significará também que deixaremos que eles expressem fé em sua própria cultura, por mais estranha que ela nos pareça, já que reconhecemos que Deus se alegra na expressão genuína da fé de todos os seus filhos na terra.
3. O desafio hoje
O campo é o mundo, disse o próprio Senhor Jesus (Mt.13:38). Foi difícil para a igreja evangélica quebrar seus limites geográficos e assumir a responsabilidade mundial. Hoje, mais do que nunca, ela tem procurado cumprir essa tarefa. Talvez não na velocidade necessária nem na intensidade demandada, mas a evangelização mundial tem sido levada a efeito por muitas igrejas, denominações e agências missionárias. A chamada “janela 10/40”, que já tem sido reavaliada de muitas formas, denota claramente que a Igreja está consciente do desafio da evangelização mundial. Algumas fortalezas ainda se sustentam contra o evangelho e são motivos de constante intercessão e preocupação das igrejas; o mundo islâmico talvez seja o principal deles.
Creio que hoje o maior desafio é colocar um missionário em determinado campo. Sustentá-lo ali é um desafio ainda maior. Pode ser traumático para um missionário ou sua família estar em um local distante de sua comunidade e familiares, sob pressões econômicas e espirituais para as quais não estavam preparados. Mesmo os chamados “fazedores de tendas”, isto é, profissionais que trabalham no país no qual foram enviados para se manterem e ao mesmo tempo pregar o evangelho, precisam de suporte contínuo para desenvolver e concluir sua missão.
Independentemente de qual seja os desafios, a própria globalização tem de certo modo facilitado a visualização e a aplicação de estratégias.
Já não é possível conviver com a abundância da Palavra de Deus, enquanto a maior parte do mundo perece com carência dela. O fato de muitos povos não terem sequer uma tradução das Escrituras Sagradas, tem trazido sensação de incômodo nos corações missionários.
CONCLUSÃO
Devemos nos conscientizar de que a missão principal da Igreja de Cristo é a evangelização. Ela não foi edificada por Cristo para construir escolas, fundar hospitais ou assumir cargos políticos, por mais dignas que sejam tais realizações, mas para cumprir o mandato de “ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura” (Mc.16:15). Cada crente deve ter o compromisso de evangelizar os pecadores. Cada cristão deve ser uma fiel testemunha de Cristo. Pense nisso!