Texto Base: Isaias 53:4-6; Mateus 8:16,17
“Ele que perdoa todas as tuas iniquidades e sara todas as tuas enfermidades” (Salmos 103:3).
Isaias 53:
4.Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.
5.Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados.
6.Todos nós andamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.
Mateus 8:
16.E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele, com a sua palavra, expulsou deles os espíritos e curou todos os que estavam enfermos,
17.para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos da cura divina. O Senhor Jesus ainda cura hoje, pois isto está dentro do espectro de sua vontade, de sua soberania. Se quiser, Ele cura qualquer tipo de enfermidade, pois Ele é o Deus Todo-Poderoso. Tudo Ele pode. Porém, a intervenção divina se manifesta quando não há nenhuma possibilidade da intervenção humana. Jesus nunca condenou que os seus servos procurassem os médicos para obterem cura. O apóstolo Paulo tinha sempre por perto o médico amado Lucas, até mesmo nos instantes finais de seu ministério terreno. Quando tudo parece impossível o médico curar, como aconteceu com a mulher do fluxo de sangue (cf.Lc.8:43-48), aí Jesus entra em ação. Como curou no passado, Ele continua curando atualmente. Sua compaixão pelos que o buscam no momento de desespero, é visível, é crível. Inúmeros são os testemunhos!
I. A CURA DIVINA NA BÍBLIA
A promessa da cura divina descrita na Bíblia Sagrada é uma realidade para os nossos dias, mas precisamos crer que Jesus cura. Ela tem sido uma das marcas identificadoras da pregação pentecostal ao redor do mundo. É algo destinado aos que creem; é uma realidade atual e indispensável para que demonstremos a presença de Deus no meio da Igreja, para que o nome do Senhor seja glorificado; mas não devemos nos esquecer de que o propósito da cura divina não é a saúde física de alguém, mas, sim, a glorificação do nome do Senhor, a confirmação da palavra da pregação e a comprovação da presença de Deus no meio do seu povo. Por causa disso, nem sempre Jesus cura, pois a cura tem propósitos que não se confundem com a nossa vontade ou com os nossos caprichos. Por isso é importante sabermos por que alguém está doente, a fim de que compreendamos qual o propósito do Senhor nesta doença. Uma vez tendo compreendido isto, o que nem sempre será o enfermo que conseguirá entender sozinho, pois, muitas vezes, necessitará do auxílio dos servos de Deus neste discernimento, então deve-se clamar a Deus para que a sua vontade seja feita.
1. A saúde pública no Antigo Testamento
No Antigo Testamento, entre os israelitas, Deus prometeu saúde física ao seu povo; mas, o cumprimento dessa promessa era condicional, o povo deveria fazer a sua parte (cf. Êx.15:26) – “E disse: Se ouvires atento a voz do SENHOR, teu Deus, e fizeres o que é reto diante de seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque eu sou o SENHOR, que te sara”.
Deus prometeu que, se o povo lhe obedecesse, estaria salvo dos males que infligiam aos povos circunvizinhos. Mas eles sabiam que muitas leis morais recebidas de Deus também tinham o propósito de mantê-los a salvo das doenças. Por exemplo, obedecer à lei de Deus contra a prostituição os manteria livres das doenças venéreas. Com frequência as leis de Deus destinam-se a proteger o seu povo de males. Como seres complexos, as áreas física, sentimental e espiritual de nossa vida estão entrelaçadas. A medicina moderna está agora reconhecendo o significado dessas leis. Se desejamos que Deus cuide de nós, precisamos nos submeter à sua direção e controle.
2. A prevenção de doenças é bíblica
Vários trechos da Bíblia mostram o conceito de Deus sobre como devemos tratar nosso corpo. Por exemplo, a Bíblia condena excessos, incluindo a embriaguez e a gula (Pv.23:20). A Lei de Deus dada ao Israel antigo incluía medidas para controlar e, em alguns casos, até para prevenir doenças (cf.Lv.15).
As leis da nação de Israel refletiam conceitos médicos e de higiene que estavam muito à frente do seu tempo. Uns 35 séculos atrás, a nação de Israel estava para entrar na Terra Prometida. Naquela ocasião, Deus disse que os protegeria contra as “doenças terríveis” que eles haviam conhecido no Egito (Dt.7:15). Uma maneira de fazer isso foi dar àquela nação instruções detalhadas sobre controle de doenças e higiene. Por exemplo:
- As leis da nação exigiam que os israelitas tomassem banho e lavassem as roupas (cf. Lv.15:4-27).
- Sobre o excremento humano, Deus disse: “Deve-se determinar um lugar privativo fora do acampamento, e é para lá que você deve ir. Entre os seus equipamentos você deve ter uma estaca pequena; quando você se abaixar lá fora, deve cavar um buraco com ela e cobrir seu excremento” (Dt.23:12,13).
- Quando havia a suspeita de que alguém tinha uma doença contagiosa, ele precisava ficar de quarentena, ou seja, tinha que ficar afastado de outros por um tempo. Antes de voltar para junto dos outros, aqueles que haviam se recuperado de uma doença precisavam lavar as roupas e tomar banho para serem considerados puros (cf. Lv.14:8,9).
- Quem tocasse em um cadáver devia ficar de quarentena (cf. Lv.5:2,3; Nm.19:16).
- A Lei também continha normas de segurança específicas para a prevenção de ferimentos (Dt.22:8).
Assim, fica claro que a Bíblia nos incentiva a cuidar do corpo e tomar medidas razoáveis para proteger nossa saúde física. No Antigo e no Novo Testamento, Deus permitia que existissem profissionais da área médica entre seus servos (Gn.38:28; Col.4:14); e nenhuma parte da Bíblia indica que Deus reprovou o uso de plantas medicinais, pomadas, prescrição de dietas e outros tratamentos de saúde. Vale lembrar que Jesus reconheceu que “as pessoas com saúde não precisam de médico, mas sim os enfermos” (Mt.9:12).
É bom afirmar que a melhor prevenção contra as doenças é o estilo de vida saudável, ou seja: alimentação equilibrada, prática regular de exercícios físicos, controle de peso e de estresse, sono reparador e check-ups periódicos.
3. O Novo Testamento: as curas de Jesus
Jesus, quando pregava o Evangelho do Reino, curou inúmeras enfermidades. Os milagres que Cristo operava destinavam-se a chamar a atenção para o seu ministério, e provar que Ele era o Messias esperado (Mt.4:23-25). A vinda de Cristo havia sido predita pelos profetas, séculos antes. Os milagres que Ele operou eram evidências da sua divindade, e para ser acreditado como sendo o enviado de Deus. Após o homem pecar, Deus prometeu a vinda de Cristo ao mundo; Ele devia vir como Filho de Deus, com poder divino. Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores (1Tm1:5), no entanto, por causa da miséria humana, operou inúmeras curas, dentre outros milagres, prodígios e maravilhas. Sua compaixão era imensa, e ainda continua; Ele continua curando por meio da Igreja.
Cito algumas curas realizadas por Jesus:
· Cura do filho do Oficial (João 4:46-54).
· Cura do paralítico de Betesda (João 5:1-9).
· Cura da sogra de Pedro (Mt.8:14,15; Marcos 1:29-31; Lucas 4:38,39).
· Purificação do leproso (Mt.8:2-4; Marcos 1:40-45; Lucas 5:12-16).
· Cura do paralítico (Mt.9:2-8; Marcos 2:3-12; Lucas 5:18-26).
· Cura da mão ressequida (Mt.12:9-13; Marcos 3:1-5; Lucas 6:6-10).
· Cura do criado do centurião (Mt.8:5-13; Lucas 7:1-10).
· Ressurreição do filho da viúva de Naim(Lucas 7:11-15).
· Cura de um endemoninhado mudo (Mt.12:22 e Lucas 11:14).
· Cura da mulher enferma (Mt.9:20-22; Marcos 5:25-34; Lucas 8:43-48).
· Ressurreição da filha de Jairo (Mt.9:18,23-26; Mc.5:22-24, 35-43; Lc.8:41,42,49-56).
· Cura de dois cegos (Mt.9:27-31).
· Cura da filha da Cananéia (Mt.15:21-28; Marcos 7:24-30).
· Cura de um surdo e gago (Marcos 7:31-37).
· Cura do cego de Betsaida(Marcos 8:22-26).
· Cura de um cego (João 9:1-7).
· Cura de uma mulher enferma (Lucas 13:10-17).
· Cura de um hidrópico (Lucas 14:1-6).
· Cura dos leprosos (Lucas 17:11-19).
· Cura do cego Bartimeu (Mt.20:29-34; Marcos 10:46-52; Lucas 18:35-43).
· Restauração da orelha de Malco (Lucas 22:49-51; João 18:10).
II. A CURA DIVINA COMO PARTE DA SALVAÇÃO
A Salvação e a cura divina caminham juntas, mas a cura divina não é atestado de salvação, nem de quem ora, nem de quem recebe a cura. Não é por outro motivo que Jesus, ao encontrar-se com o ex-paralítico que ficava junto ao tanque de Betesda aconselhou o homem para que não pecasse mais, a fim de que não lhe sucedesse algo pior (João 5:14), quando, então, soube ele que quem o curara havia sido Jesus. Pelo que se verifica desta passagem elucidativa, o homem havia sido curado, mas ainda não tinha consciência de que havia sido salvo. Sua fé, até aquele instante, havia sido apenas para cura, mas, posteriormente, foi confrontado com a salvação e a necessidade de uma vida de santidade, até para que a sua saúde perdurasse. Estava no templo, demonstrando, assim, ter tido desejo de passar a adorar a Deus, mas não tinha consciência do que isto significava. Assim como Jesus fez com que ele tivesse fé para ser curado, também o orientou para que alcançasse a salvação.
De igual modo, vemos no episódio do cego de nascença, quando ele, curado e salvo, já testificava de Jesus, sem sequer saber que Ele era o Filho de Deus. Ao ser confrontado pelo Senhor com esta verdade, de pronto creu em Jesus e O adorou (João 9:38), demonstrando, assim, claramente que não só havia sido curado, como também alcançara a salvação. E é neste episódio do cego de nascença que temos, de forma bem clara, o propósito da promessa da cura divina: a manifestação das obras de Deus na pessoa do enfermo (João 9:3). O propósito da cura divina é tão somente o de confirmar a palavra da pregação (Mc.16:20; 1Ts.1:5), o de promover a glória de Deus (At.4:21), o de provar a presença de Deus no meio do Seu povo (At.10:38; 1Co.2:4,5).
1. A Salvação
A Salvação é o restabelecimento da comunhão entre Deus e o homem, o retorno à condição originalmente prevista para o ser humano, demonstrando, desta maneira, tanto a fidelidade divina, quanto a Sua misericórdia.
A palavra “Salvação” significa, em primeiro lugar, ser tirado de um perigo, livrar-se, escapar. No Antigo Testamento, vemos diversas ações de Deus em favor do seu povo - livrando-o da escravidão, da fome, das guerras e das enfermidades.
A Bíblia também fala da salvação como libertação do perigo de uma vida sem Deus (At.26:18; Cl.1:13). Segundo o Pr. Antônio Gilberto, Salvação é uma milagrosa transformação espiritual, operada na alma e na vida – no caráter – de toda pessoa que, pela fé recebe Jesus Cristo como seu único Salvador pessoal (Ef.2:8,9; 2Co.5:17; João 1:12;3:5).
Pessoalmente - isto é, em relação à pessoa -, a Salvação que Cristo realiza abrange:
- A Regeneração da pessoa, aqui e agora (Tt.3:5; 2Co.3:18).
“Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo”.
“Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”.
- A Redenção do corpo do crente, no futuro (Rm.8:23; 1Co.15:44).
“E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”.
“Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual”.
- A glorificação integral do crente, também no futuro (Cl.3:4; Ef.5:27).
“Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, também vós vos manifestareis com ele em glória”.
“Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”.
O desejo de Deus é que todos os seres humanos sejam salvos, mas para isso cada pessoa precisa se arrepender dos seus pecados e se converter ao Senhor Jesus (At.17:30; 1Tm.2:4).
A Salvação não se trata apenas de livramento da condenação do Inferno; a Salvação abarca todos os atos e processos redentores, bem como transformadores da parte de Deus para com o ser humano e o mundo (isto é, a criação), através de Jesus Cristo, nesta vida e na outra (Rm.13:11; Hb.7:25; 2Co.3:18).
“E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos a fé”.
“Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles”.
“Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”.
2. Cura Divina
A doença e a morte física não estavam projetadas para o homem, não faziam parte do propósito divino, mas que são resultado do pecado, consequências do pecado. Assim, quando Deus apresentou o Seu plano de salvação, esta teria, necessariamente, de propiciar um mecanismo de erradicação da doença e da morte física.
A saúde do homem, portanto, é um objetivo perseguido por Deus quando do estabelecimento do plano da salvação. O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29), ao tirar o pecado, haveria, também, de tirar tudo aquilo que era consequência do pecado, ou seja, a morte física e o seu corolário, que é a doença. Não é por acaso que, durante Seu ministério terreno, Jesus tenha, por inúmeras vezes, curado enfermos, como comprovação de que Seu trabalho, sobre a face da Terra, era restaurar aquele estado anterior ao pecado, um estado onde a doença simplesmente inexistia (Mt.8:16; 12:15; 14:14; 19:2; 21:14; Mc.1:34; 6:5; Lc.7:21). Na sua feliz síntese do ministério de Cristo, o apóstolo Pedro não deixou de lembrar que Jesus “…andou fazendo bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com Ele” (At.10:38b).
3. Salvação e cura
O plano de Deus para a Salvação do homem abrange a cura das enfermidades, a erradicação da doença, o restabelecimento da saúde. Como Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb.13:8), continua a ser Aquele que deu saúde ao criado do centurião romano (Mt.8:7), que deu saúde a Enéias (At.9:34). Por isso, dentre as tarefas que o Senhor deixou à Sua Igreja, está a de curar os enfermos (Mc.16:18).
No entanto, o fato de que a saúde faz parte do plano de Deus para a salvação não significa que a doença venha a ser erradicada da vida de todo aquele que aceita a Jesus Cristo como Senhor e Salvador da sua vida. Assim como o fato de ser salvo não nos livra da morte física, consequência praticamente inevitável do pecado, e que acomete tanto os salvos quanto os ímpios, assim também não estamos imunes à doença.
O corpo humano será redimido pela obra salvadora de Cristo Jesus, mas isto não é algo que já tenha acontecido, mas algo que ainda esperamos (Rm.8:23), algo que acontecerá somente com a glorificação, estágio final do processo da salvação (1Co.15:5056), que, para a Igreja, se dará quando do arrebatamento. A morte é o último inimigo a ser vencido (1Co.15:26), algo que se dará tão somente com a destruição do sistema mundano, como nos mostra, claramente o capítulo 25 do livro do profeta Isaías.
4. Isaias 53:3,4
"Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido; Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is.53.4,5).
Isaias 53 é a provisão de Deus em Cristo para cura física e espiritual. Essa provisão foi efetivada na Cruz. A Cruz de Cristo é a mais eloquente expressão do amor de Deus por nós. Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.
Você é tão especial para Deus, que ele amou você de tal maneira que deu tudo, deu a Si mesmo, deu o seu único Filho. A cruz de Cristo não foi um acidente, mas uma agenda de Deus desde a eternidade. Cristo veio para morrer. Ele foi morto desde a fundação do mundo. Ele nasceu para ser o nosso substituto, representante e fiador.
A cruz sempre esteve incrustrada no coração de Deus, sempre esteve diante dos olhos de Cristo. Ele jamais recuou da cruz. Ele marchou em direção a ela como um rei caminha para a coroação. A cruz de Cristo foi o gesto mais profundo e significativo de sacrifício. Jesus Cristo deixou a glória, o trono, esvaziou-se, tornou-se homem, servo, foi perseguido, preso, açoitado, cuspido, pregado na cruz. Sendo Deus, se fez homem; sendo Senhor, se fez servo; sendo Santo, se fez pecado; sendo Bendito, se fez maldição; sendo o Autor da vida, deu a Sua vida.
Ao profeta Isaias foi revelado esse acontecimento 700 a.C. O registro detalhado, preciso e meticuloso, que Isaias faz acerca da morte de Cristo é tão grande que nos causa espanto. Boa parte dos verbos que compõem o texto de Isaias 53 está no passado, como se Isaias estivesse vendo um ato já ocorrido, já historicizado. É grande a precisão com que ele registra e relata o sacrifício de Cristo, que é o ponto nevrálgico do Cristianismo.
Você e eu não podemos desconsiderar a grandeza e a profundidade desta verdade, porque na mente de Deus, nos decretos de Deus, o Cordeiro de Deus foi morto desde a fundação do mundo. Ele nasceu para morrer. Ele nasceu para ser o nosso substituto. Ele nasceu para ser o nosso representante, o nosso fiador. Ele nasceu para nos dar a cura de nosso corpo físico e espiritual.
Portanto, a cruz de Cristo, além de ser um fato já planejado na eternidade, expressa para você e para mim o gesto do grande amor de Deus. Se você ainda tem dúvida do amor de Deus, entenda que não há possibilidade de nós expressarmos de forma mais eloquente e mais profunda o amor de Deus por nós do que a manifestação da Cruz. Ali aconteceu o maior de todos os sacrifícios, porque o Filho de Deus deixou a glória, deixou o céu, deixou a companhia dos anjos, deixou a glória do Pai, e veio e se humilhou, se fez Servo; foi perseguido, foi preso, foi insultado, foi cuspido, foi zombado, foi escarnecido, foi pregado na cruz.
Muitas perguntas têm sido feitas ao longo da história da Igreja: Por que Jesus foi para a cruz, o que levou Jesus a cruz? Eu digo que a morte de Cristo não foi determinada por fatores circunstanciais. Cristo não foi morto porque os sacerdotes o prenderam, porque o sinédrio o sentenciou, porque Pilatos o entregou, porque os judeus o acusaram, porque Judas o traiu, porque Pedro o negou, porque os soldados o pregaram na cruz. Não. Quem levou Jesus à cruz, então?
a) Os nossos pecados levaram Jesus à cruz
“ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades” (Is.53:5).
“por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido” (Is.53:8b).
“levou sobre si o pecado de muitos” (Is.53:12).
“Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si” (Is.53:4).
Portanto, o que matou Jesus não foram os açoites, nem os soldados, nem o suplício da cruz; fomos nós, foram os nossos pecados. Ele morreu pelos nossos pecados. Ele foi moído pelos nossos pecados. Na cruz ele sorveu o cálice da ira de Deus sobre o pecado. Na cruz Ele foi feito pecado por nós. A espada da lei caiu sobre Ele, pois era o nosso substituto.
b) O Pai levou seu Filho Jesus à cruz
“O Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós” (Is.53:6).
“Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar” (Is.53:10).
“e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido” (Is.53:4b).
Jesus não foi à cruz porque a multidão sanguissedenta gritou: crucifica-o, crucifica-o. Ele não foi a cruz porque os sacerdotes o entregaram, por inveja; porque Judas o traiu, por ganância; porque Pilatos o sentenciou, por covardia; e porque os soldados o pregaram na cruz, por crueldade. Não. Ele foi à cruz porque o Pai o entregou por amor.
c) Jesus, voluntariamente, foi à cruz
“Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si” (Is.53:4).
“quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado” (Is.53:10).
“O seu servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si” (Is.53:11).
O apóstolo Paulo diz que o amor de Cristo nos constrange. Ele nos amou e a si mesmo se entregou por nós (2Co.5:14).
III. A CURA DIVINA E OS DESAFIOS ATUAIS
O Senhor Jesus ainda cura hoje, mas precisamos de discernimento para saber sobre a natureza da enfermidade, se o problema é físico ou espiritual, e sobre a vontade de Deus na operação da cura.
1. As doenças
A enfermidade física é um fato incontestável, e a Escritura afirma que o primeiro motivo deste terrível mal sobre a humanidade foi a queda de Adão e Eva. O pecado é a razão pela qual o mal natural impera sobra a humanidade, todavia, nem toda enfermidade é consequência do pecado pessoal. Há debilidades físicas que são o efeito do pecado, outras procedem de causas espirituais e naturais, e algumas ocorrem de acordo com o propósito divino. Veja a seguir os diversos motivos de enfermidades, segundo as Escrituras.
Motivos | Referências |
Pecado | 2Cr.26:16-19; João 5:14; 9:1,2 |
Possessão ou influência demoníaca | Lc.13:10-12; Mt.9:33,34; 17:18-21 |
Permissão divina | Jó 1:10-12; 1Co.12:7-10 |
Causas naturais, calamidade | Mt.8:2,3; 9:18-26 |
Glória de Deus | João 9:2; Êx.7:3-5 (pragas) |
2. As enfermidades entre os crentes
Os salvos podem adoecer? Claro que sim. Vivemos no mundo sujeito às consequências do pecado, e a terra foi maldita por causa do pecado do homem (Ex.3:17). Portanto, enquanto estivermos aqui estaremos sujeitos às doenças e à morte, todavia, quando o nosso corpo for revestido da incorruptibilidade, aí sim, gozaremos, para sempre, uma vida de plena saúde.
Mas, há ainda aqueles que insinuam em dizer que os crentes não podem adoecer, como é o caso dos “teólogos” da teologia da prosperidade. Segundo esses "teólogos", quem fica doente não está reivindicando seus direitos como filho de Deus ou não tem fé. Que falácia! Tudo isso porque as suas mensagens visam agradar o ser humano e atendê-lo em suas necessidades restritas a essa vida, como saúde, prosperidade e bem-estar. O ensino bíblico, porém, é claro ao ensinar que muitas são as aflições do justo (Sl.34:19). Muitos durante essa pandemia que assola o mundo afirmaram essa mesma tese, e milhares deles foram dizimados pelo Covid-19.
O ser humano se desgasta, pois, o seu corpo é corruptível (2Co.4:16). Por enquanto, embora Jesus tenha poder para nos curar, segundo a sua vontade (1João 5:14; Mt.6:9,10), estamos sujeitos às enfermidades. Um dia, os salvos se revestirão de incorruptibilidade (1Co.15:54).
Os pregadores da saúde perfeita sempre exigem a cura e dizem que o Senhor cura sempre, pois a saúde é um direito do crente. Por que, então, Eliseu morreu em decorrência de uma enfermidade (2Rs.13:14)? Por que Timóteo e Trófimo não foram curados (1Tm.5:23; 2Tm.4:20)? Se a saúde é um direito do crente, por que ele fica doente? Em Salmos 41:3, está escrito: “O Senhor o sustentará no leito de enfermidade; tu renovas a sua cama na doença”.
O fato de que a saúde faz parte do plano de Deus para a salvação não significa que a doença venha a ser erradicada da vida de todo aquele que aceita a Jesus Cristo como Senhor e Salvador da sua vida. Assim como o fato de ser salvo não nos livra da morte física, consequência praticamente inevitável do pecado e que acomete tanto os salvos quanto os ímpios, assim também não estamos imunes à doença.
3. Não confundir doença com possessão maligna
Nem todas as doenças provêm do maligno. A Bíblia está repleta de exemplos de homens e mulheres de Deus que, apesar de terem uma vida de comunhão com o Senhor, adoeceram e, por vezes, até morreram doentes, sem que esta doença significasse qualquer desvio espiritual ou pecado por parte do servo do Senhor. A propósito, o profeta que maior número de milagres fez no Antigo Testamento, Eliseu, em que repousava porção dobrada do Espírito Santo que havia estado em Elias, diz-nos as Escrituras, morreu por causa de uma doença (2Rs.13:14).
O corpo ainda não está plenamente salvo. Na cruz, Jesus garantiu a salvação de nosso espírito, alma e corpo, dando-nos direito à vida eterna e à cura das enfermidades, em seu nome (Is.53.4,5; Mc.16.18). Entretanto, quanto ao corpo, o efeito da obra salvífica ainda não se manifestou plenamente; isso porque, enquanto o espírito e a alma (o homem interior - 2Co.4:16) são salvos no momento da conversão a Cristo, o corpo ainda aguarda a completa redenção (Rm.8.23; 1Co.15:42-45,53,54). Todavia, isto não significa que não podemos ter uma vida saudável.
Um dia não haverá mais doenças nem morte (Ap.21.4), porém, enquanto estamos aqui, devemos zelar pela nossa saúde física, mental e emocional. Precisamos lembrar que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, por isso, temos de cuidar de nossa saúde por meio de uma alimentação correta, repouso adequado, exercícios físicos, jejum e oração.
CONCLUSÃO
Conscientizem-nos de que a cura divina é atual e real; ela é uma promessa dada por Deus aos que creem no Seu poder, mas cujo propósito é a glorificação do nome do Senhor. Jesus cura os enfermos, e este é um sinal de que Ele venceu a morte e o inferno, de que é o Salvador do mundo.