Texto Base: Ezequiel 8:5,6,9-12,14,16
”E disse-me: Filho do homem, vês tu o que eles estão fazendo? As grandes abominações que a casa de Israel faz aqui, para que me afaste do meu santuário? Mas verás ainda maiores abominações” (Ez.8:6).
Ezequiel 8:
5.E disse-me: Filho do homem, levanta, agora, os teus olhos para o caminho do Norte. E levantei os meus olhos para o caminho do Norte, e eis que da banda do Norte, à porta do altar, estava esta imagem de ciúmes, à entrada.
6.E disse-me: Filho do homem, vês tu o que eles estão fazendo? As grandes abominações que a casa de Israel faz aqui, para que me afaste do meu santuário? Mas verás ainda maiores abominações.
9.Então, me disse: entra e vê as malignas abominações que eles fazem aqui.
10.E entrei e olhei, e eis que toda forma de répteis, e de animais abomináveis, e de todos os ídolos da casa de Israel estavam pintados na parede em todo o redor.
11.E setenta homens dos anciãos da casa de Israel, com Jazanias, filho de Safã, que se achava no meio deles, estavam em pé diante das pinturas, e cada um tinha na mão o seu incensário; e subia uma espessa nuvem de incenso.
12.Então, me disse: Viste, filho do homem, o que os anciãos da casa de Israel fazem nas trevas, cada um nas suas câmaras pintadas de imagens? E eles dizem: O SENHOR não nos ver, o SENHOR abandonou a terra.
14.E levou-me à entrada da porta da Casa do Senhor, que está da banda do Norte, e eis que estavam ali mulheres assentadas chorando por Tamuz.
16.E levou-me para o átrio interior da Casa do SENHOR, e eis que estavam à entrada do templo do SENHOR, entre o pórtico e o altar, cerca de vinte e cinco homens, de costas para o templo do SENHOR e com o rosto para o oriente; e eles adoravam o sol, virados para o oriente.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos das abominações praticadas no Templo na época do profeta Ezequiel e Jeremias. Abominação é sinônimo de aversão, repulsão, repugnância, repulsa; é o ato ou efeito de abominar, de sentir horror por alguma coisa. Ezequiel teve uma visão das iniquidades e abominações chocantes do povo de Judá em Jerusalém; ele viu a idolatria ser praticada no próprio Templo, o lugar mais sagrado do povo judeu, onde a presença de Deus estava. Essas abominações levaram a nação de Israel à ruína moral e espiritual, e o povo de Deus da Nova Aliança não está isento desse perigo. Portanto, a presenta Aula tem o propósito de levar os crentes em Jesus à conscientização da ruína moral e espiritual, causada pela idolatria. É preciso vigilância constante e prudência para não cairmos nas astutas ciladas de Satanás que, na modernidade, traz uma idolatria com novas formas e estilos.
I. SOBRE A VISÃO
1. A segunda visão
“Sucedeu, pois, no sexto ano, no mês sexto, no quinto dia do mês, estando eu assentado na minha casa, e os anciãos de Judá, assentados diante de mim, que ali a mão do Senhor Jeová caiu sobre mim” (Ez.8:1).
A data referida aqui aponta para 592 a.C., catorze meses depois da primeira visão, em 593 a.C., aquela da carruagem da glória de Deus, que ocorreu “no quinto ano do cativeiro do rei Joaquim” (Ez.1:2). Enquanto a primeira visão de Ezequiel (Ez.1-3) mostrava que o julgamento era de Deus, a segunda visão mostrava que o pecado era a razão desse julgamento. O pr. Esequias Soares destaca que a segunda visão, diferentemente da primeira, não foi da glória de Deus; o que Ezequiel viu foram as abominações praticadas no Templo, o que justifica a razão da ira divina sobre os moradores de Jerusalém (Ez.8:18). Percebe-se que, nessa data, a cidade e o Templo não haviam ainda sido destruídos.
A segunda visão está registrada em quatro capítulos do livro de Ezequiel – capítulos 8 a 11. Enquanto os capítulos 4 a 7 são os oráculos de juízo contra Israel, os capítulos 8 a 11 tratam da partida da glória de Deus de Jerusalém. A mensagem da segunda visão, exarada nos capítulos 8-11, é especialmente dirigida a Jerusalém e seus líderes. No capítulo 8, está registrada a visão de Ezequiel levado da Babilônia até o Templo em Jerusalém, para ver as abominações que ali estavam sendo praticadas há gerações. O povo e seus líderes religiosos judeus eram completamente corruptos.
É bom ressaltar que a visão trata de um período passado há muito tempo, 2600 anos, aproximadamente; mas isso não exclui o futurismo, pois anuncia eventos que estavam para acontecer (Ez.8:18). Muito breve, Deus trará juízo sobre todos os ímpios que praticam abominações, que insultam a Majestade de Deus com os seus vis pecados.
2. As visões das abominações do Templo
Numa visão, Deus levou espiritualmente Ezequiel até Jerusalém para que ele visse de perto as terríveis abominações praticadas pelo povo e pelos líderes do Templo (Ez.8:1-3). Em Ezequiel 8:3 é narrado que “Ele estendeu algo em forma de mão e me pegou pelos cachos dos meus cabelos [...]”. A “forma de uma mão” (Ez.8:3) parecia tomar o profeta pelo cabelo e transportá-lo a Jerusalém para ver as abominações do Templo. Todas as abominações ali vistas estão ligadas aos ídolos, e a afronta maior a Deus é o fato de os rituais serem praticadas no próprio santuário, na Casa de Deus. Na capital de Judá, o profeta viu alguns exemplos terríveis da idolatria do povo, como uma imagem idólatra abominável à entrada do Templo, que provocou o “ciúme” do Senhor. Os anciãos tiveram de testemunhar o juízo que não ajudaram a evitar. O mesmo acontece com frequência nos dias de hoje.
3. Como entender as visões de Deus?
Segundo consta no livro do pr. Esequias Soares, Ezequiel estava em sua casa na Babilônia e com ele estavam os anciões exilados. Provavelmente, foram até ali para buscar um oráculo. Reunido com os anciãos de Judá, a mão do senhor Deus caiu sobre Ezequiel (Ez.8:1); foi um evento repentino, como a descrição de Atos 2:2 - ”de repente veio do céu”. Naquele momento, Ezequiel foi transportado em espírito da Babilônia para o Templo de Jerusalém. Veja o que está narrado em Ez.8:3 – “Estendeu ela dali uma semelhança de mão e me tomou pelos cachos da cabeça; o Espírito me levantou entre a terra e o céu e me levou a Jerusalém em visões de Deus, até à entrada da porta do pátio de dentro, que olha para o norte, onde estava colocada a imagem dos ciúmes, que provoca o ciúme de Deus”. Era uma visão em tempo real, mas não foi física, e isso fica claro porque o profeta diz “me trouxe a Jerusalém em visões de Deus” (Ez.8:3). Portanto, o profeta não saiu de sua casa corporalmente, mas foi transportado pelo Espírito até Jerusalém e, depois, levado de volta aos exilados na Babilônia (Ez.11:24). Foi uma experiência parecida com a que ocorreu com o apóstolo João em Apocalipse (cf.Ap.1:10). Deus introduz o profeta no interior do Templo e lhe mostra oficiais da Casa de Deus e mulheres praticando o mais baixo grau de idolatria, razão pela qual a sua destruição seria inevitável.
II. SOBRE AS ABOMINAÇÕES (PARTE 1)
1. A imagem de ciúmes (Ez.8:5)
“Ele me disse: Filho do homem, olhe para o norte. Olhei para lá, e eis que do lado norte, junto ao portão do altar, na entrada, estava essa imagem dos ciúmes” (Ez.8:5).
Essa imagem era um ídolo que ficava no Templo em Jerusalém provocando “o ciúme de Deus” (Ez.8:3). Pode ser que o profeta esteja se referindo à imagem de madeira de Aserá, que estava lá no reinado de Manassés, pouco antes da reforma do rei Josias. O rei Manassés pôs no Templo de Jerusalém essa imagem (2Rs.21:3,7), mas que foi destruída pelo rei Josias (2Rs.23:3). Essa imagem havia sido levada embora, mas pode ter retornado na época de Ezequiel (veja 2Cr.33:7,15). Esse ídolo pagão causava ciúmes a Deus em ver a sua Casa sendo violada pela presença dele. Isto se explica porque a idolatria provoca ciúme de Deus pelo seu povo (Ez.5:13; 16:38,42; 36:6; 38:19).
Os povos vizinhos de Israel adoravam ídolos, que são imagens de deuses. Eles acreditavam que os deuses moravam dentro das imagens e que podiam ser manipulados com rituais e sacrifícios. Muitos israelitas adotaram os ídolos e os rituais idólatras desses povos (Juízes 2:11-12). Mas a Bíblia diz que só há um Deus, que é espírito e não pode ser representado por imagens nem objetos criados por homens (João 4:24). Deus não mora dentro de estátuas nem pode ser manipulado. Não existem outros deuses; quem acredita neles acredita em uma mentira. Portanto, adorar uma imagem é um ato ridículo. Um ídolo é só um objeto formado por uma pessoa; não pode ver, ouvir nem falar, muito menos ajudar quem ora para ele. Adorar um ídolo é como adorar um pedaço de lenha – inútil (Isaías 44:16-17).
Em alguns momentos da história de Israel, reis lidaram com a idolatria, derrubando os ídolos, os prostitutos cultuais e tirando as coisas impuras do Templo. Foi o caso do rei Asa (1Rs.15:12,13), da reforma religiosa de Ezequias (2Cr.29:15,16) e do rei Josias; este destruiu a imagem de madeira de Aserá colocada por Manassés (2Rs.21:3,7;23:6). No entanto, essa postura de obediência a Deus não estava sendo padrão, como se percebe pela denúncia do profeta Jeremias contra a idolatria na época do rei Jeoaquim (Jr.11:9-13).
A idolatria, portanto, ofende a Deus; é proibido no segundo mandamento (Dt.5:8-10). Tudo que toma o lugar de Deus em nossa vida é idolatria. Só Deus merece ser adorado.
2. O culto aos animais e aos répteis (Ez.8:10)
“E entrei e olhei, e eis que toda forma de répteis, e de animais abomináveis, e de todos os ídolos da casa de Israel estavam pintados na parede em todo o redor”.
Ezequiel também viu pintado, na parede no interior da Casa de Deus, toda sorte de animais abomináveis e répteis, além dos ídolos do povo (Ez.8:10). Podiam ser pinturas ou baixo-relevo. Na verdade, o que ele viu foi adoração a essas representações de animais. A porta por onde o profeta entrou o levou a uma sala onde estavam criaturas que os israelitas não deveriam comer nem mesmo tocar, conforme registrado em Levítico 11. Em Levítico 20:25 está o seguinte mandamento: “Fareis, pois, distinção entre os animais limpos e os imundos e entre as aves imundas e as limpas; não vos façais abomináveis por causa dos animais, ou das aves, ou de tudo o que se arrasta sobre a terra, as quais coisas apartei de vós, para tê-las por imundas” (Lv.20:25). A presença desses ídolos, portanto, era violação direta do mandamento que proibia a representação de qualquer criatura em forma tangível (Êx.20:4-6). A desobediência aos mandamentos de Deus pode levar as pessoas à morte eterna, isto é, à separação eterna de Deus.
3. Os setenta anciãos (Ez.8:11)
“E setenta homens dos anciãos da casa de Israel, com Jazanias, filho de Safã, que se achava no meio deles, estavam em pé diante das pinturas, e cada um tinha na mão o seu incensário; e subia uma espessa nuvem de incenso”.
Os setenta anciãos de Judá eram uma instituição criada ainda no deserto, nos dias de Moisés (Ex.24:1; Nm.11:16). Eram chefes dos clãs, e alguns chegaram a ser conselheiros de reis (2Sm.5:3; 1Rs.12:6; 20:7). Esses homens importantes de Israel estavam na sala das imagens impuras com incenso, praticando um ritual secreto, cada um na sua sala de imagens. Os homens participantes dessa idolatria certamente sabiam o quanto estavam profanando o Templo. Eles estavam reunidos ali, cada um segurando um “incensário”, adorando imagens abomináveis pintadas ”na parede em todo o redor”, da parte interior do Templo (Ez.8:10). Esses ídolos eram adorados “nas trevas” (Ez.8:12), de forma secreta e clandestina. Eles estavam praticando a zoolatria, adoração a animais. Como bem argumenta o pr. Esequias Soares, a zoolatria era típica dos egípcios, que viam nos animais mais que símbolos ou emblemas, eles os consideravam receptáculos das formas do poder divino.
O texto cita a presença de Jazanias, provavelmente um homem conhecido naqueles dias e descendente de Safã, que participou na reforma do rei Josias (2Rs.22:11-14). Isso indica que Jazanias abandonou os caminhos de seu pai para seguir a idolatria. A visão de Ezequiel, portanto, revela que os líderes de Israel estavam envolvidos na adoração pagã dentro do Templo. Cada um tinha na mão o seu incensário, e subia uma nuvem de incenso. O incenso era parte do ritual do Dia da Expiação, e a nuvem representava a presença de Deus (Lv.16:1-3,13). No entanto, o incenso também era parte dos cultos pagãos. Assim, a cena dos anciãos pode representar um sincretismo religioso.
Segundo argumenta Esequias Soares em seu livro, esses anciãos haviam perdido completamente a fé em Deus de seus pais, pois diziam: “O Senhor não nos vê, o Senhor abandonou a terra”. Deus mostra a Ezequiel que os anciãos de Israel estavam vivendo nas trevas e não mais criam que Deus protegeria Jerusalém dos inimigos. Por isso, estavam entregues às práticas que ofendiam a Deus, procurando agradar os falsos deuses pagãos dos estrangeiros. O sincretismo é abominação. Porventura não estamos vendo isso em muitas denominações ditas evangélicas que se dizem cristãs?
III. SOBRE AS ABOMINAÇÕES (PARTE 2)
1. O ritual de Tamuz (Ez.8:14)
Ezequiel também viu, no lado norte do templo, mulheres chorando por Tamuz, o deus sumério-babilônico da fertilidade – “E levou-me à entrada da porta da Casa do Senhor, que está da banda do Norte, e eis que estavam ali mulheres assentadas chorando por Tamuz” (Ez.8:14). O fato de estar sendo feito junto às portas da casa do Senhor dá a entender não só idolatria aberta e descarada, mas também a atribuição de Tamuz às bênçãos da fertilidade que só o Senhor era capaz de conceder. Neste sentido, era violação do mandamento que proíbe o uso do nome do Senhor de maneira vazia, pois o que deveria ter sido designado a Ele era designado a Tamuz. Segundo o pr. Esequias Soares, na religião babilônica, Marduque, deus principal dos caldeus, teria se casado com Semíramis, e desse casamento teria nascido Tamuz, também chamado Adônis pelos gregos; Osíris pelos egípcios. Nessa estrutura, ele é irmão da deusa Isthar, a mesma Astarote (1Rs.11:5,33).
Os seguidores de Tamuz acreditavam que a vegetação secava e morria no verão, porque Tamuz havia morrido e descido ao mundo inferior. Deste modo, os adoradores choraram e lamentaram sua morte. Na primavera, quando a nova vegetação aparecia, eles se regozijavam, acreditando que Tamuz ressuscitara. A crença pagã era que ele ficava seis meses morto no submundo, no período da seca; e seis meses vivo, no período das chuvas. Assim, era realizado, anualmente, um ritual de lamento pelas carpideiras, em favor de Tamuz, no segundo dia do quarto mês, para que ele ressuscitasse e fizesse chover. As carpideiras eram as pranteadoras profissionais, cuja função era lamentar nos velórios e enterros, para fazer com que os outros também chorem (Jr.9:17; Os.9:4; Mt.9:23; Mc.5:38; Lc.8:52). Os hebreus, depois do cativeiro babilônico, deram ao quarto mês do calendário religioso o nome de Tamuz - junho/julho.
O Senhor mostrou a Ezequiel que muitos do povo judeu não estavam mais adorando ao verdadeiro Deus da vida e Criador da natureza. Nós também devemos ter o cuidado de não desperdiçar tanto tempo pensando nos benefícios da criação, perdendo de vista o Criador.
2. Os adoradores do sol (Ez.8:16)
“E levou-me para o átrio interior da Casa do SENHOR, e eis que estavam à entrada do templo do SENHOR, entre o pórtico e o altar, cerca de vinte e cinco homens, de costas para o templo do SENHOR e com o rosto para o oriente; e eles adoravam o sol, virados para o oriente”.
Deus, também, mostrou a Ezequiel o quarto exemplo de idolatria no átrio de dentro do Templo, onde cerca de vinte e cinco homens, representando os sacerdotes, adoravam o sol e seguiam as práticas lascivas desse culto. Esses homens, de costas para o Templo e virados para o Oriente, adoravam o sol. Isto era uma tremenda afronta ao Deus verdadeiro de Israel. Dantes, Moises já havia alertado o povo a respeito dessa idolatria (cf.Dt.4:19) – “Guarda-te não levantes os olhos para os céus e, vendo o sol, a lua e as estrelas, a saber, todo o exército dos céus, sejas seduzido a inclinar-te perante eles e dês culto àqueles, coisas que o Senhor, teu Deus, repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus”. O sol era cultuado tanto na Babilônia como no Egito, e os sacerdotes do Templo, desviados do Deus verdadeiro, estavam também prestando culto a esse falso deus.
Então, Deus disse a Ezequiel: “Vês, filho do homem? Acaso, é coisa de pouca monta para a casa de Judá o fazerem eles as abominações que fazem aqui, para que ainda encham de violência a terra e tornem a irritar-me? Ei-los a chegar o ramo ao seu nariz” (Ez.8:17). Segundo William Macdonald, a referência ao “ramo”, aqui, é enigmática. “Chegar o ramo ao seu nariz” pode indicar escárnio ou desprezo em relação a Deus. O ramo talvez fosse, ainda, um símbolo fálico obsceno. Como bem argumenta o pr. Esequias Soares, “todo esse ritual às falsas divindades revela a apostasia generalizada, todo o sistema estava corrompido, não havia outro remédio a não ser a destruição do Templo e da Cidade”. Disse Deus a Ezequiel: “Pelo que também eu os tratarei com furor; os meus olhos não pouparão, nem terei piedade. Ainda que me gritem aos ouvidos em alta voz, nem assim os ouvirei” (Ez.8:18).
Isto ocorreu à época de Ezequiel, mas, atualmente, não é raro líderes religiosos que se dizem cristãos aparecerem nas manchetes por causa de comportamento ímpios e de heresias absurdas. Deus vê tudo isso e dará a última palavra.
3. Os anciãos na casa do profeta
“No sexto ano, no sexto mês, aos cinco dias do mês, estando eu sentado em minha casa, e os anciãos de Judá, assentados diante de mim....” (Ez.8:1).
Esses anciões referidos em Ez.8:1, que estavam na casa do profeta, eram líderes na comunidade do exílio na Babilônia. Eles frequentemente iam à casa de Ezequiel em busca de algum oráculo (resposta divina) através do profeta acerca de alguma consulta com relação ao futuro de Israel; as passagens de Ezequiel 14:1- 3 e 20:1 ratificam essa hipótese. Talvez eles estivessem simplesmente curiosos ou, mais provavelmente, desejassem dar a impressão de estarem desejosos em ouvir a mensagem de Deus. Mas se percebe, pelo texto de Ez.14:3, que eles eram idólatras. Deus disse a Ezequiel: “estes homens levantaram os seus ídolos no seu coração”. A Palavra do Senhor para eles era: “convertei-vos, e deixai os vossos ídolos, e [...] todas as vossas abominações” (Ez.14:6).
Naquela época muitos falsos profetas se apresentavam dando notícias duvidosas, principalmente com relação ao exílio; esses falsos profetas atrapalhavam a vida espiritual dos exilados assim como em Jerusalém (Jr.29:20-22). Porventura, hoje, não estamos vendo homens se dizendo profetas de Deus, profetizando falsas promessas? Satanás para difundir as suas sutilezas ele usa até mesmo aqueles que são parecidos com crente, mas não é de fato. Peçamos a Deus discernimento para que não sermos iludidos com esses falsos profetas nestes últimos da Igreja.
CONCLUSÃO
Aprendemos nestas Aula que o Deus santo não tolera a idolatria. No Antigo Testamento, todos os profetas exortaram os israelitas a que se abstivessem deste terrível pecado, que trouxe ruína moral e espiritual ao povo de Israel. O que dizer das advertências de Isaías, dos clamores de Oséias, dos desafios de Amós? E o quanto não sofreu Jeremias a fim de reconduzir o seu povo ao Deus único e verdadeiro? Foi em consequência da idolatria que Israel e Judá foram expulsos de suas possessões e experimentaram o amargo cativeiro.
Se a idolatria era combatida com rigor no Antigo Testamento, não será diferente no Novo. No Concílio de Jerusalém, os apóstolos e anciãos, inspirados pelo Espírito Santo, recomendaram aos fiéis: “Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação; destas coisas fareis bem se vos guardardes” (Aros 15:29). Em suas diversas epístolas, os apóstolos condenaram duramente o envolvimento dos cristãos com a idolatria (1Co.10:14; 1Pd.4:3).
Hoje, talvez não mais encontremos por aí o horrendo Moloque nem Marduque nem Tamuz nem Astarote nem a infame Diana dos efésios, mas a moderna idolatria, além de seu aspecto tradicional e grosseiro (a adoração de imagens de escultura) vem, de forma sorrateira, furtiva e até subliminar, minando a resistência do povo de Deus. Muitos são os crentes que se vem deixando contaminar pelos promotores desse perverso e ímpio sistema idolátrico que, nos meios de comunicação, recebe os mais insinuantes títulos: humanismo, nova era, filosofia holística e univérsica, regressão psicológica, prosperidade, pensamento positivo, liberação sexual etc. Os agentes da impiedade não poupam esforços; sabem como insuflar suas doutrinas até entre os crentes. Estejamos alerta! Não podemos traficar com a glória divina, nem trocá-la pelos ídolos abomináveis, sejam quais forem as formas com que estes se apresentem. O Senhor não negocia a Sua majestade.