Texto Base: Ezequiel 13:1-10
“E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição” (2Pd.2:1).
Ezequiel 13:
1.E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
2.Filho do homem, profetiza contra os profetas de Israel que são profetizadores e diz aos que só profetizam o que vê o seu coração: Ouvi a palavra do SENHOR.
3.Assim diz o Senhor JEOVÁ: Ai dos profetas loucos, que seguem o seu próprio espírito e coisas que não viram!
4.Os teus profetas, ó Israel, são como raposas nos desertos.
5.Não subistes às brechas, nem reparastes a fenda da casa de Israel, para estardes na peleja no dia do SENHOR.
6.Veem vaidade e adivinhação mentirosa os que dizem: O SENHOR disse; quando o Senhor os não enviou; e fazem que se espere o cumprimento da palavra.
7.Não vedes visão de vaidade e não falais adivinhação mentirosa, quando dizeis: O SENHOR diz, sendo que eu tal não falei?
8.Portanto, assim diz o Senhor JEOVÁ: Como falais vaidade e vedes a mentira, portanto, eis que eu sou contra vós, diz o Senhor JEOVÁ.
9.E a minha mão será contra os profetas que vêem vaidade e que adivinham mentira; na congregação do meu povo, não estarão, nem nos registros da casa de Israel se escreverão, nem entrarão na terra de Israel; e sabereis que eu sou o Senhor JEOVÁ.
10.Visto que, sim, visto que andam enganando o meu povo, dizendo: Paz, não havendo paz; e um edifica a parede de lodo, e outros a rebocam de cal não adubada.
INTRODUÇÃO
Dando seguimento ao estudo do livro de Ezequiel trataremos nesta Aula dos falsos profetas que se apresentavam no meio do povo de Deus, em Jerusalém e na Babilônia. Falso profeta é uma pessoa que finge falar em nome de Deus, mas não foi enviada por Ele. A Palavra de Deus deixa claro da existência dos falsos profetas. Com relação à Igreja, sempre existiu falsos profetas, principalmente nestes últimos dias da Igreja na Terra. O Senhor Jesus deixou claro a respeito disso no Evangelho de Mateus: ”porque surgirão […] falsos profetas” (Mt.24:24). Os profetas Jeremias e Ezequiel tiveram grandes embates com os falsos profetas. Na Babilônia, Ezequiel apresentava a palavra Deus que era de juízo por causa dos pecados do povo; os falsos profetas, por sua vez, apresentavam ”palavras de bênçãos” e de brevidade do cativeiro; eram mensagens que o povo queria ouvir, porém, não era a Palavra de Deus.
Precisamos fazer distinção entre os verdadeiros homens de Deus e os falsos profetas. É preciso sensibilidade e discernimento espiritual para discernir a fonte das profecias, pois os falsos profetas se vestem como ovelhas e têm palavras agradáveis aos ouvidos dos ouvintes, com aparência de verdadeiras, mas não são. A capacidade do Diabo imitar as coisas de Deus é muito grande. Alertou Jesus: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis” (Mt.7:15,16).
I. SOBRE OS PROFETAS
“A função dos profetas era apresentar Deus ao povo e ensinar a lei de Moisés, ao passo que os sacerdotes apresentavam o povo a Deus. Os falsos profetas, pelo contrário, tinham a função de contrapor os profetas de Javé e desencaminhar o povo dos caminhos do SENHOR” (LBM.CPAD).
1. O termo ”profeta”
Conforme as Escrituras Sagradas, o termo profeta designa aquele que é chamado por Deus para transmitir a Sua mensagem ao povo (Ex.4:15,16; Dt.18:18; Jr.1:5,9; Ez.2:1-7). Em outras palavras, o autêntico profeta é porta-voz de Deus; o próprio Senhor chama os profetas de “meus profetas” (Sl.105:15; Jr.7:25). A responsabilidade deles é de grande peso (Ez.2:1-7; 3:10,11), uma vez que eles são, na verdade, “homens de Deus”, conforme está dito onze vezes em 2Reis, capítulo 4. Mas, somente era reconhecido como “homem de Deus” aquele profeta que dissesse algo que se cumprisse, visto que esta era a prova inabalável de que ele tinha sido porta-voz de Deus (Jr.10:10). Todavia, a própria Palavra de Deus nos orienta que devemos nos acautelar dos falsos profetas (Mt.7:15).
2. Outros termos para designar os profetas de Deus
Na Bíblia, diversos são os termos usados para os profetas, tais como: mensageiro (2Cr.36:15,16); embaixador (Ag.1:13); servo de Deus e do Senhor (1Rs.14:18; 2Rs.9:7); homem de Deus (Dt.33:1; 1Sm.9:6, 2Rs.4:21) etc. A principal palavra hebraica para "profeta" é “nabi”, e ocorre 316 vezes no Antigo Testamento. Nabi’im é sua forma no plural. Embora a origem da palavra não seja clara, o significado do verbo hebraico "profetizar" é: "emitir palavras abundantemente da parte de Deus, por meio do Espírito de Deus”. No Antigo Testamento, o “profeta” era o porta-voz oficial de Deus; era a pessoa devidamente vocacionada e autorizada por Deus para falar por Deus e em lugar de Deus (Ez.2:1-10). Ele era um mestre incontestável, quando estava sob a inspiração do Espírito Santo.
Na Nova Aliança, ninguém possui a autoridade e as prerrogativas dos mensageiros divinos dos tempos da Antiga Aliança. No período da Igreja, o dom de profecia tem como função edificar, consolar e exortar o povo de Deus (1Co.14:3,4), jamais modificar artigos de fé, alterar doutrinas ou trazer novas revelações (Ap.22:18,19).
3. Os falsos profetas
Falsos profetas são pessoas que pregam o que não vem de Deus; seus ensinamentos não são bíblicos e eles inventam profecias, sonhos e visões. Eles enganam outras pessoas, desviando-as de Deus, e causam conflitos e confusão. Em variadas ocasiões, Satanás usou pessoas da confiança do próprio povo, como foi o caso de muitos “profetas” de Israel, que ludibriavam o povo com suas falsas mensagens, que muitas vezes foram tidas por verdadeiras profecias.
Assim como Deus utilizou os seus servos, os profetas, para transmitir sua verdade e seus desígnios, e também cobrar do povo que andasse de forma correta e justa com seus irmãos, Satanás, também, utilizou-se, no Antigo Testamento, de falsos profetas que traziam mensagens contrárias às que Deus tinha enviado, como foi o caso de Zedequias, filho de Quenaana, e seu grupo de profetas, que conseguiram impressionar o rei Acabe (1Rs.22:5-28; 2Cr.18:4-27), bem como os falsos profetas Acabe, filho de Colaías, e de Zedequias, filho de Maaseias, que profetizavam falsamente em nome de Deus junto aos exilados da Babilônia (Ez.29:21). Estes falsos profetas fizeram, em nome de Jeová, promessas incoerentes e ludibriadores, que não podiam ser cumpridas, sem levar em consideração a má condição moral e espiritual do povo.
Também, em muitas Igrejas Locais, surgem muitos falsos profetas. A Palavra de Deus adverte-nos de que haverá entre nós, na própria igreja local, falsos profetas (2Pd.2:1,2; leia também Atos 20:30; 1Tm.4:1; 1João 4:1). Apesar da aparência de piedade, não passam de agentes de Satanás; sua missão: corromper a fé dos salvos e destruir a unidade da Igreja (Mt.7:15-23).
II. SOBRE OS FALSOS PROFETAS EM EZEQUIEL
1. Os dois lados
No meio do povo de Deus do Antigo Testamento existiam os verdadeiros profetas e os falsos profetas. Assim, também, entre o povo de Deus, a Igreja, existem os dois lados: o joio e o trigo, o verdadeiro mestre e o falso mestre, o bom pastor e o mau pastor, o crente prudente e o crente descuidado, indiferente. À época de Ezequiel estas duas facetas estavam presentes, tanto em Jerusalém como entre os exiliados na Babilônia. Enquanto o Reino de Deus não for definitivamente estabelecido, que ocorrerá quando Jesus voltar, haverá esta dicotomia bastante vívida no meio do povo de Deus. O que precisamos é de sabedoria do Alto para sabermos a diferença entre o verdadeiro e o falso.
2. Apresentação (Ez.13:2)
“Filho do homem, profetiza contra os profetas de Israel que são profetizadores e diz aos que só profetizam o que vê o seu coração: Ouvi a palavra do SENHOR” (Ez.13:2).
Aqui neste texto, Ezequiel recebe uma ordem para profetizar contra os “profetas de Israel”. Segundo o pr. Esequias Soares, aqui, o termo ”profetas” pode se aplicar a falsos profetas, tanto os de Jerusalém (Jr.5:30,31; 14:13-18) quanto os que estavam entre os exilados na Babilônia (Jr.29:8-10,21-23) e também aos falsos doutrinadores da atualidade (2Pd.2:1). Ezequiel ridiculariza esses mensageiros usando o título de “profetas”, como eram conhecidos.
A expressão “profetas de Israel” só aparece três vezes no Antigo Testamento e apenas Ezequiel faz uso (Ez.13:2,16; 38:17). É um título louvável de alto nível, no entanto, o contexto revela que os “profetas” tinham traído sua posição de privilégio.
A mensagem contra esses “profetas” era porque profetizavam o que lhes vinha do coração (Ez.13:2b). Jeremias teve também de profetizar contra os seus pares em Jerusalém (Jr.23:16). Falar em nome de Deus sem que Ele tenha ordenado constituía crime em Israel, conforme a lei Mosaica (Dt.18:20-23), e era o que eles estravam fazendo. Assim, o ofício que exerciam não era legítimo, pois não eram pessoas vocacionadas ao ministério profético. Diziam que o seu discurso era a palavra de Deus (Ez.13:6,7), no entanto, eles precisavam ouvir a Palavra do SENHOR (Ez.13:2c).
3. O desserviço dos falsos profetas (Ez.13:3)
“Assim diz o Senhor JEOVÁ: Ai dos profetas loucos, que seguem o seu próprio espírito e coisas que não viram!”.
Ezequiel chamou os falsos profetas de “loucos”. Eles inventavam profecias do “seu próprio espírito e coisas que não viram”, ou seja, coisas de sua própria mente, e deixavam o povo abandonado na hora de maior necessidade. Usavam a expressão “o Senhor disse”, mas só apresentavam “visões falsas” e adivinhação mentirosa” (Ez.13:6). A mensagem desses falsos profetas nunca ia além do intelecto; afirmava de modo enganoso que era a Palavra de Deus, e oferecia indulto barato e paz falsa. Por causa disso, Deus mandou Ezequiel dizer: “Ai dos profetas loucos”. O “ai”, aqui, no hebraico, indica ameaças de castigo físico por parte de Deus.
Hoje, precisamos de pregadores que não falem suas próprias ideias e opiniões, aquilo que o povo quer ouvir, mas que, depois de muita oração, preguem, segundo a Palavra de Deus, aquilo o povo precisa ouvir.
4. As ”raposas do deserto” (Ez.13:4)
“Os teus profetas, ó Israel, são como raposas nos desertos”.
Estas são palavras duras que Deus mandou o profeta transmitir ao povo. A comparação dos falsos profetas com as raposas, ou chacais, do deserto é uma demonstração do caráter deformado e destrutivo daqueles falsos mensageiros, que se passavam por profeta de Deus, e do perigo que eles representavam ao povo de Judá e, hoje, à Igreja de Cristo (2Co.11:3,4,13-15), através dos seus discípulos. Os discípulos desses falsos profetas e/ou falsos doutores (2Pd.2:1,2) ainda estão por aí desencaminhando o povo e disseminando heresias.
Devemos estar atentos a todos os movimentos estranhos que aparecem nas Igrejas Locais, pois como raposas entre as ruinas, os líderes religiosos estão sempre à procura de presas no meio da destruição para satisfazer suas próprias necessidades e desejos. Os homens de Deus, que manejam bem a Palavra da Verdade, precisam se colocar entre as “brechas” (Ez.13:5) para interceder e reparar o muro, conduzindo o povo ao arrependimento e à vida de santidade por meio da proclamação da Palavra de Deus.
III. SOBRE A GERAÇÃO DAS MENSAGENS FALSAS
1. O profeta no Antigo Testamento
No Antigo Testamento, o profeta recebia a menagem direta de Deus e entregava ao destinatário. A palavra grega “profetes”, da qual se deriva a palavra "profeta" em português, significa "aquele que fala em lugar de outrem". O profeta falava, em lugar de Deus, ao povo do concerto, baseado naquilo que ouvia, via e recebia da parte dEle. Ele era o porta-voz que emitia palavras sob o poder impulsionador do Espírito de Deus. Também interpretava sonhos (por exemplo: José, Daniel) e interpretava a história - presente e futura - sob a perspectiva divina.
No Antigo Testamento, o profeta também era conhecido como "homem de Deus" (ver 2Rs.4:21), "servo de Deus" (cf. Is.20:3; Dn.6:20), “homem que tem o Espírito de Deus sobre si” (cf. Is.61:1-3), "atalaia" (Ez.3:17), "mensageiro do Senhor" (Ag.1:13). Deus falava deles usando a expressão ”meus servos, os profetas” (2Rs.9:7; 17:23; Jr.7:25). Em Israel, muitos foram os homens e mulheres que Deus vocacionou para profetizarem em Seu nome. Por exemplo: Samuel, o último dos juízes e o primeiro dos profetas para a nação de Israel (1Sm.3:19,20); Elias e Eliseu (1Rs.18:18-46; 2Rs.2:1-25); a profetisa Hulda (2Rs.22:14-20); e muitos outros, como os profetas literários Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel.
Espiritualmente, o profeta do Antigo Testamento estava muito acima de seus contemporâneos. Nenhuma categoria, em toda a literatura, apresenta um quadro mais dramático do que os profetas do Antigo Testamento. Os sacerdotes, juízes, reis, conselheiros e os salmistas, tinham cada um lugar distintivo na história de Israel, mas nenhum deles logrou alcançar a estatura dos profetas, nem chegou a exercer tanta influência na história da redenção.
Os profetas do Antigo Testamento exerceram considerável influência sobre a composição do Antigo Testamento. Tal fato fica evidente na divisão tríplice da Bíblia hebraica - a Torá, os Profetas e os Escritos (cf. Lc.24:44). A categoria dos profetas inclui seis livros históricos, compostos sob a perspectiva profética: Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis. É provável que os autores desses livros fossem profetas. Em segundo lugar, há dezessete livros proféticos específicos (Isaías até Malaquias). Finalmente, Moisés, autor dos cinco primeiros livros da Bíblia (a Torá), era profeta (Dt.18:15). Sendo assim, dois terços do Antigo Testamento, no mínimo, foram escritos por profetas.
Conquanto fossem extraordinariamente espirituais e tivessem uma intimidade muito estreita com Deus, eles eram odiados pelas autoridades corruptas que se apartaram da lei de Moisés. Como eles falavam sempre o que o povo precisava ouvir, foram combatidos e maltratados. E isto também acontece hoje. O povo de Deus foi e sempre será destratado por aqueles que desprezam as Verdades de Deus. Jesus mesmo disse que o mundo aborreceria os fiéis servos de Deus - ”Se o mundo vos aborrece, sabei que, primeiro do que a vós, me aborreceu a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso, é que o mundo vos aborrece” (João 15:18,19).
2. Os portadores de mensagens falsas (Ez.13:6-8)
Entre os exilados, na Babilônia, havia os falsos profetas que levavam ao povo judeu mensagens falsas. Segundo a lei de Moisés, o profeta era considerado falso:
- se desviasse as pessoas do Deus verdadeiro para alguma forma de idolatria (Dt.13:1-5);
- se praticasse adivinhação, astrologia, feitiçaria, bruxaria e coisas semelhantes (ver Dt.18:10,11);
- se suas profecias contrariassem as Escrituras (Dt.13:1-5);
- se não denunciasse os pecados do povo (Jr.23:9-18);
- se predissesse coisas específicas que não cumprissem (Dt.18:20-22).
- se apresentasse mensagens vindas do seu intelecto, sem nenhuma aprovação divina.
O Senhor denunciou fortemente estes portadores de mensagens falsas:
“Tiveram visões falsas e adivinhação mentirosa os que dizem: O Senhor disse; quando o Senhor os não enviou; e esperam o cumprimento da palavra. Não tivestes visões falsas e não falastes adivinhação mentirosa, quando dissestes: O Senhor diz, sendo que eu tal não falei? Portanto, assim diz o Senhor Deus: Como falais falsidade e tendes visões mentirosas, por isso, eu sou contra vós outros, diz o Senhor Deus” (Ez.13:6-8).
Nos dias de Jeremias e Ezequiel, os falsos profetas falavam o que o povo queria ouvir como, por exemplo, que o cativeiro seria curto, que Jerusalém e o Templo não seriam destruídos (Jr.28:1-5); mas eram mensagens mentirosas, falsas (Jr.28:6-9). Eles desencaminhavam o povo com notícias falsas, não somente sobre a verdade de Deus, mas também sobre assuntos políticos, militares e administrativos da nação.
Na Babilônia, entre os exilados, os falsos profetas Acabe, filho de Colaías, e Zedequias, filho de Maaseias profetizavam falsamente em nome de Deus. O próprio Deus os denunciou: “Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, acerca de Acabe, filho de Colaías, e de Zedequias, filho de Maaseias, que vos profetizam falsamente em meu nome: Eis que os entregarei nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, e ele os ferirá diante dos vossos olhos. Daí surgirá nova espécie de maldição entre os exilados de Judá que estão na Babilônia: o Senhor te faça como a Zedequias e como a Acabe, os quais o rei da Babilônia assou no fogo; porquanto fizeram loucuras em Israel, cometeram adultérios com as mulheres de seus companheiros e anunciaram falsamente em meu nome palavras que não lhes mandei dizer; eu o sei e sou testemunha disso, diz o Senhor” (Jr.29:21-23).
Como bem diz o comentário bíblico Beacon sobre este assunto, “os falsos profetas constroem uma parede frágil de esperança para o povo e a reboca com cal (Ez.13:10). Parece bonita por um tempo, mas logo todos saberão como esses construtores estavam errados e foram desonestos”.
Também havia profetizas que diziam coisas agradáveis que o povo queria ouvir (Ez.13:17-23). Elas adivinhavam em troca de “punhados de cevada e por pedaços de pão” (Ez.13:19). A falsidade estava em confundir a verdade; elas diziam que as almas destinadas a viver haveriam de morrer e que aquelas destinadas a morrer haveriam de viver. “É triste quando os que simulam falar em nome do Senhor simplesmente dizem o que as multidões pecadoras querem ouvir. É triste quando essas pessoas distorcem a verdade, a ponto de enaltecer os ímpios e desfavorecer os justos. Isso ocorreu nos dias de Ezequiel, mas, infelizmente, também ocorre em nossos dias – como ocorreu, por exemplo, nos dias de Hitler, quando um forte segmento da igreja dita cristã na Alemanha apoiava suas teorias de supremacia racial e nacional, e concordava com o seu programa de extermínio em massa”.
3. A ira de Deus contra os falsos profetas (Ez.13:10-16)
“Porque andam enganando, sim, enganando o meu povo, dizendo: ‘Paz’, quando não há paz. E, quando se constrói uma parede sem argamassa, os profetas a cobrem com cal. Diga aos que estão aplicando a cal que a parede ruirá. Haverá chuva torrencial. Vocês, pedras de granizo, cairão, e um vento tempestuoso irromperá. Quando a parede cair, certamente vão perguntar: ‘Onde está a cal com que vocês a caiaram?’ “(Ez.13:10-12).
Essa advertência foi dirigida aos falsos profetas, que declaravam mensagens mentirosas, ditas com a intenção de ganhar popularidade, para agradar as pessoas. Os falsos não se importavam com a verdade, como fazia Ezequiel. Acalmavam as pessoas, transmitindo uma falsa sensação de segurança, tornando o trabalho de Ezequiel ainda mais difícil. Esses embusteiros usavam indevidamente o nome de Deus, apresentando-se como seu enviado, mas na verdade suas menagens eram visões inventadas para agradar ao povo com falsas esperanças de que o fim do cativeiro estava próximo. Eles são identificados como rebocadores de parede ou de muralhas.
- “parede sem argamassa, os profetas a cobrem com cal”. Esta metáfora fala de uma construção malfeita com material de baixa qualidade, que não resiste à chuva nem ao vento. Essa linguagem se refere ao discurso enganoso de destruição espiritual; em vez de edificar, eles fizeram um estrago muito grande em Israel, levando falsa esperança ao povo (Ez:22:28). Estes falsos profetas encobriam suas mentiras (que eram como paredes finas) com “cal” – uma fachada agradável. Tal superficialidade não pode suportar a avaliação minuciosa de Deus. Por causa dessas mentiras e falsidades, o furor do Senhor veio contra esses falsos profetas (Ez.13:13-16):
“Portanto, assim diz o Senhor Deus: No meu furor, mandarei um vento tempestuoso; na minha ira, haverá chuva torrencial; e, na minha indignação, pedras de granizo, para a destruir. Derrubarei a parede que vocês cobriram com cal. Vou arrasá-la, para que apareçam os seus alicerces. Quando a parede cair, vocês serão destruídos no meio dela e saberão que eu sou o Senhor. Assim, cumprirei o meu furor contra a parede e contra os que a cobriram com cal. E direi a vocês: ‘Já não existe parede, como também não existem aqueles que a cobriram de cal, os profetas de Israel que profetizam a respeito de Jerusalém e para ela têm visões de paz, quando não há paz, diz o Senhor Deus”.
Os falsos profetas seriam destruídos por prenunciarem falsas mensagens - “paz, quando não há paz” -, e caiarem “uma parede” prestes a ruir. A “parede” representa os esforços dos líderes para evitar o juízo divino.
Ainda hoje, os discípulos desses falsos profetas e/ou falsos doutores (2Pd.2:1,2) estão por aí caiando as paredes que o povo constrói, desencaminhando o povo e disseminando heresias. Devemos estar atentos a todos os movimentos estranhos que aparecem nas igrejas. Tomemos cuidado com as pessoas que distorcem a verdade para obter poder e popularidade.
CONCLUSÃO
Assim como havia falsos profetas na época de Jeremias e Ezequiel, que falavam às pessoas coisas que Deus não havia falado, há o mesmo tipo nos dias hodiernos. Portanto, tenhamos cautela e não sejamos ignorantes. Os nossos olhos podem ver o pregador mais poderoso do mundo, mas isto não significa nada. Não devemos ficar impressionados quando o pregador só fala o que o povo quer ouvir: promessas de paz, promessas de prosperidade, promessas de milagres e curas. Numa época de crise e desemprego, muitos se aproveitam, pregando prosperidade e bênçãos, enganando muita gente, principalmente os incautos. Que o povo de Deus não se engane!