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QUANDO SE VAI A GLÓRIA DE DEUS

 Texto Base: Ezequiel 9:3; 10:4,18,19; 11:22-25
”E a glória do SENHOR se alçou desde o meio da cidade e se pôs sobre o monte que está ao oriente da cidade” (Ez.11:23).


Ezequiel 9:

3.E a glória do Deus de Israel se levantou do querubim sobre o qual estava, até à entrada da casa; e clamou ao homem vestido de linho, que tinha o tinteiro de escrivão à sua conta.

Ezequiel 10:

4.Então, se levantou a glória do SENHOR de sobre o querubim para a entrada da casa; e encheu-se a casa de uma nuvem, e o átrio se encheu do resplendor da glória do SENHOR.

18.Então, saiu a glória do SENHOR da entrada da casa e parou sobre os querubins.

19.E os querubins alçaram as suas asas e se elevaram da terra aos meus olhos, quando saíram; e as rodas os acompa­nhavam e pararam à entrada da porta oriental da Casa do SENHOR; e a glória do Deus de Israel estava no alto, sobre eles.

Ezequiel 11:

22.Então, os querubins elevaram as suas asas, e as rodas as acompanhavam; e a glória do Deus de Israel estava no alto, sobre eles.

23.E a glória do SENHOR se alçou desde o meio da cidade e se pôs sobre o monte que está ao oriente da cidade.24 – Depois, o Espírito me levantou e me levou em visão à Caldéia, para os do cativeiro; e se foi de mim a visão que eu tinha visto.

25.E falei aos do cativeiro todas as coisas que o SENHOR me tinha mostrado.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos do tema: “Quando se vai a glória de Deus”. No livro de Ezequiel, a “glória de Deus” aparece como presença de Deus. A presença de Deus é majestosa, é indescritível e sem limites, é revigorante, é repousar em pastos verdejantes, é pureza e benignidade, é amor verdadeiro, é graça disponível a todos nós. Na presença de Deus há sempre uma esperança. Sabemos que, se estamos na presença e Deus, podemos trilhar com fé. Quando se perde a presença de Deus tudo desmorona, pois, ela é o sustentáculo do crente. E o povo que se diz crente pode perder a presença de Deus? Nesta Aula veremos que sim. No Antigo Testamento, a presença de Deus se fazia no Templo; quando Deus mandou Moisés construir o Tabernáculo, explicou a razão dessa ordem: ”E me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Êx.25:8). Mas, quando o povo deixou de adorar a Deus e voltou-se obstinadamente aos ídolos, a glória de Deus se foi.

Na Aula anterior, estudamos a respeito das abominações do Templo, que teve a idolatria como principal ato de rebelião contra o Deus de Israel; a consequência da persistência do povo nesse pecado foi a saída da glória de Deus do Templo; essa glória representava a pre­sença divina entre o povo. E hoje é possível Deus abandonar o seu povo por causa dos pecados deliberados? Veremos que sim. Todos estão percebendo que Deus não opera mais entre o seu povo como no início da Igreja; isso é um forte indício que a Igreja não vai bem espiritualmente, e não precisa ser um especialista em divindade para perceber isso.

Precisamos ter cuidado para que a presença de Deus não se afaste de nossas vidas, pois ela é muito preciosa. Não podemos viver sem a presença de Deus; hoje, ela está representada pela doce habitação do Espírito Santo na sua Igreja; essa presença envolve poder, santificação e desenvolvimento do fruto do Espírito em nós. Valorizemos, pois, a gloriosa presença do Espírito Santo em nossas vidas.

I. SOBRE A GLÓRIA DE DEUS

No Monte Sinai, quando o Tabernáculo ficou pronto, a glória do Senhor cobriu e encheu todo o ambiente santo (Êx.40:34,35) - ”Então, a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do Senhor encheu o Tabernáculo, de maneira que Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porquanto a nuvem ficava sobre ela, e a glória do Senhor enchia o Tabernáculo” (Ex.40:34,35). Anos mais tarde, à época do rei Salomão, quando se faziam preparativos para a dedicação do Templo, essa "Nuvem de glória" chama-nos a atenção. Quando os sacerdotes trouxeram a Arca da Aliança do Senhor para seu lugar no santuário interno do Templo, o Santo das Santos, e ao saíram do santuário, a Nuvem da glória do Senhor encheu o Templo - "E não podiam ter-se em pé os sacerdotes para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor enchera a Casa do Senhor" (1Rs.8:11). Que momento singular!

1. O significado de ”glória”

“Glória” - do hebraico “kabode”, do grego “doxa”, do latim “glória” - significa manifestação do esplendor e da magnificência da presença divina. Segundo nota na Bíblia de Estudo Pentecostal, a expressão “glória de Deus” tem emprego variado na Bíblia - às vezes, descreve o esplendor e majestade de Deus (cf.1Cr.29:11; Hc.3:3-5), uma glória tão grandiosa que nenhum ser humano pode vê-la e continuar vivo (ver Êx.33:18-23); quando muito, pode-se ver apenas um aparecimento da semelhança da glória do Senhor; neste sentido, a glória de Deus designa sua singularidade, sua santidade (cf. Is.6:1-3) e sua transcendência (cf. Rm.11:36; Hb.13:21). Nas visões de Ezequiel, ”glória” indica o resplendor pela presença do Senhor. Essa é a descrição feita pelo próprio profeta (Ez.1:26-28; 8:2,4). “Olhei, e eis uma figura como de fogo; desde os seus lombos e daí para baixo, era fogo e, dos seus lombos para cima, como o resplendor de metal brilhante. Eis que a glória do Deus de Israel estava ali, como a glória que eu vira no vale” (Ez.8:2,4).

2. A glória de Deus

A glória de Deus fez-se presente nos momentos mais importantes da história da salvação. Sua função básica era referendar os pactos que o Senhor ia estabelecendo com o seu povo. Foi o que se deu, por exemplo, quando Israel recebeu as tábuas da Lei (Êx.19:2), quando da inauguração do Tabernáculo (40:34,35), quando a Arca da Aliança foi transferida do Tabernáculo para o Templo de Salomão em Jerusalém (2Cr.5:13,14), quando da inauguração do Santo Templo (2Cr.7:1) e quando do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo (Lc.2:14).

No Tabernáculo, durante a jornada do povo de Israel, a Nuvem de glória cobria toda a Tenda da Congregação, e isto revelava que o Altíssimo se encontrava de modo especial no Santuário; era o sinal visível e glorioso da presença do Todo-poderoso. Foi muito bom para o povo de Israel saber que em seu meio estava a presença do Senhor. Tal presença os acompanharia por sua jornada até chegarem à Terra Prometida. Onde quer que estivessem os filhos de Israel, certos estavam de que o Senhor era com eles. Para seguir adiante, tudo o que tinham a fazer era olhar para o alto e ver a Nuvem que pairava sobre a Arca. Desta maneira o Senhor sempre lhes provia um lugar de descanso (cf. Nm.10:33-36). Também hoje, em nossa jornada pelo deserto da vida, podemos ter descanso em Jesus, porque o Seu Espírito vai adiante de nós; Ele está sempre presente com o povo de Deus da Nova Aliança até chegarmos à Terra Prometida (João 14:1-3; Fp.3:20).

II. SOBRE A RETIRADA DA GLÓRIA DE DEUS

A retirada da glória de Deus do Templo teve um efeito catastrófico ao povo de Judá, pois ficou desamparado e vulnerável aos ataques impiedosos dos seus ferozes inimigos que estava prestes a surgir. A retirada teve a seguinte sequência: (a) a glória se levantou do querubim sobre a Arca da Aliança; (b) passou para a entrada do Templo; (c) pairou sobre os querubins e, aos poucos, afastou-se completamente do Templo; (d) Por fim, a glória de Deus se pôs sobre o Monte das Oliveiras.

1. O querubim e a nuvem (Ez.9:3; 10:4)

“E a glória do Deus de Israel se levantou do querubim sobre o qual estava, até à entrada da casa; e clamou ao homem vestido de linho, que tinha o tinteiro de escrivão à sua conta” (Ez.9:3).

“Então, se levantou a glória do SENHOR de sobre o querubim para a entrada da casa; e encheu-se a casa de uma nuvem, e o átrio se encheu do resplendor da glória do SENHOR” (Ez.10:4).

-O Querubim. Alguns estudiosos afirmam que o querubim referido por Ezequiel trata-se das criaturas da visão inaugural do capítulo 1, e não os querubins de ouro que estava sobre o propiciatório. Outros afirmam que o profeta está se referindo aos dois querubins de ouro do propiciatório da Arca da Aliança (2Cr.5:8). Qualquer que seja a interpretação, a verdade é que, nestes textos, o profeta está tendo uma visão da retirada da presença de Deus do Templo, a qual esteve presente durante a peregrinação do deserto (Êx.13:21); no Tabernáculo (Êx.33:7-10), e que permaneceu lá desde a sua inauguração (Êx.40:34,35); e, finalmente, no Templo (1Rs.8:10,11).

-A Nuvem da glória. Esta era um indicativo da presença de Deus. Ela esteve presente durante a jornada do povo de Israel pelo deserto, e quando o Tabernáculo ficou pronto, ela cobriu e encheu a Tenda. Quando a Nuvem se elevava acima do Tabernáculo, então os filhos de Israel reiniciavam sua jornada (cf. Êx.40:34-38). Aquele povo escravo que fora desprezado, agora desfrutava da divina presença. Mas, a permanência da Nuvem do Senhor não era incondicional.

Igualmente conosco, se desejamos a presença de Deus em nossa vida, temos de cumprir as condições expressas na Palavra de Deus. Assim como a Nuvem de glória nunca se separou do povo de Israel enquanto ele caminhava rumo à Terra Prometida, o Espírito Santo, desde o dia em que Ele foi derramado sobre a Igreja no dia de Pentecostes, nunca nos desamparou.

A Nuvem era o selo que indicava o povo de Israel como propriedade peculiar de Deus. O selo é a marca de identificação e de segurança, é a marca de legitimidade, propriedade, inviolabilidade e garantia. Asim, também, o Espírito Santo é o selo que nos indica que somos propriedade de Cristo Jesus (2Co.1:22); somos propriedade exclusiva de Deus, e ninguém pode nos arrancar de seus braços, se permanecermos firmes nEle. Quando Deus nos sela, Ele deixa gravada a própria imagem do seu Filho em nós (Rm.8:20). Esse selo de Deus garante a autenticidade do nosso relacionamento com Ele (Ef.1:13; 4:30). Assim como a Nuvem era o passaporte do povo de Deus da Antiga Aliança, o selo do Espírito Santo é nosso passaporte para o Céu, nossa verdadeira e definitiva “Pátria” (Fp.3:20). Vivamos, pois, e desfrutemos da glória de Jesus Cristo, que nos é revelado pela presença constante do Espírito Santo.

2. A retirada da presença de Deus (Ez.10:18)

Em seu primeiro estágio, a Nuvem da glória de Deus (símbolo da presença de Deus) se levantou do querubim sobre a Arca da Aliança e deixou o Santo dos Santos, no Templo, entristecida pela idolatria do povo (Ez.9:3) - “E a glória do Deus de Israel se levantou do querubim sobre o qual estava, até à entrada da casa; e clamou ao homem vestido de linho, que tinha o tinteiro de escrivão à sua conta”.

Depois, a nuvem da glória de Deus deslocou-se para a entrada do Templo, onde seu resplendor encheu o átrio - “Então, se levantou a glória do SENHOR de sobre o querubim para a entrada da casa; e encheu-se a casa de uma nuvem, e o átrio se encheu do resplendor da glória do SENHOR” (Ez.10:4). Era o início da retirada total da glória de Deus do Templo e do povo de Judá.

No terceiro estágio da retirada da glória de Deus do Templo, a Nuvem se desloca para a entrada da porta oriental do Templo e paira sobre os querubins. Na visão, Ezequiel ver que a glória não se movimenta pelo recinto, mas a deixa. Ela paira sobre os querubins e as rodas, e os acompanha até a entrada do portão leste do Templo (Ez.10:19), para a sua retirada definitiva. Em Ezequiel 10:3, a nuvem ainda enche o Átrio Interior, mas se eleva dos querubins e vai para a entrada do Templo. A casa estava ainda cheia da glória do Senhor. Mas, em Ezequiel 10:18 lemos o seguinte: "Então, saiu a glória do Senhor da entrada da casa e parou sobre os querubins". Assim, a Nuvem de glória juntou-se aos querubins que saíam do Templo. Com isso, se aproximava a destruição do Templo. Na visão, Ezequiel acompanha a glória de Deus flutuando sobre os querubins e vê a carruagem divina se mover para a porta principal do Templo para a sua partida definitiva.

3. Por fim a glória de Deus se pôs sobre o Monte das Oliveiras (Ez.11:23)

Em Ezequiel 11:22, a atenção do profeta volta-se de novo para os querubins e a Nuvem de glória. No versículo 23 ele narra como a glória do Senhor subiu do meio de Jerusalém e se pôs sobre o Monte das oliveiras, a leste da cidade. Dali, ascendeu ao céu para retornar no fim dos tempos, não mais no Templo de Jerusalém, mas no Templo do Milênio (Ez.44:2-4). A glória de Deus se foi e o povo ficou desamparado e vulnerável aos ataques impiedosos dos seus ferozes inimigos Caldeus. O Templo seria destruído e o povo de Israel seria expulso de sua Terra Prometida.

Antes da destruição total, porém, os judeus fiéis que se opunham à idolatria receberam uma marca na testa para não serem mortos (Ez.9:4). Essa imagem é semelhante a imagem que João viu em Apocalipse 78:3,4 e 22:4. Há momentos, como os que são retratados aqui, em que o povo de Deus é libertado do sofrimento, além de desfrutar da redenção. Há outros momentos em que seu povo experimenta apenas a redenção, e a dor do sofrimento é experimentado tanto por eles como pelos injustos. É Deus quem decide se serão eximidos do sofrimento ou se sofrerão para o bem de outros. O justo deve ser grato pela redenção, quer seja poupado de situações que provam a sua alma ou não. O cristão que está completamente rendido à vontade de Deus e que tem uma visão ampla das coisas espirituais não se preocupa em passar pelos chamados desertos nesta vida; ele sofre com Cristo, se for o caso, para ser glorificado num dia de esplendor futuro.

A tragédia do exílio não pode ser interpretada como apenas a deportação de um povo para outra terra, ou a destruição de uma cidade e seu santuário central. Na verdade, Deus havia se retirado do meio de seu povo, uma ausência simbolizada por uma das visões de Ezequiel, na qual a Shekinah movia-se do Templo (Ezequiel – cap.1).

Observação: “Shekinah” é um termo que, segundo o sentido aramaico, descreve a manifestação visível da glória de Deus. Conquanto o termo não se encontre no texto original do Antigo Testamento é uma palavra adotada pela tradição judaica. O termo “Santíssima Trindade”, também, não aparece no Novo Testamento, mas ela retrata com perfeição o que os textos apostólicos ensinam sobre essa doutrina. Portanto, proferir o termo Shekinah para referir-se à glória de Deus, é plenamente válido.

Note que, no Templo, o trono de Deus era o Santo dos Santos (Ez.8:4), que se afastou até a entrada (Ez.9:3), acima da entrada (Ez.10:4), para junto da porta oriental (Ez.10:19) e, por fim, para o Monte das oliveiras, a leste de Jerusalém (Ez.11:23). Em seu amor, o Deus de Israel demorou deixar Jerusalém e o Templo, para voltar só em Ezequiel 43:2 (que ainda está para se cumprir).

De certa forma, portanto, o fim do cativeiro dos judeus em 539/538 a.C. não pode ser sinônimo do fim do exílio, porque o Senhor Jeová não retornou na ocasião para habitar no Templo. Pelo contrário, os profetas predisseram que seu retorno aconteceria apenas na era escatológica, quando o próprio Messias seria a glória de Deus (Ag.2:7-9). Deus não terminou ainda de lidar com Israel, cujo Dia mais grandioso está por vir.

III. SOBRE O SEGUNDO TEMPLO

Ao completar os 70 anos de cativeiro babilônico, o novo imperador, Ciro, rei da Pérsia, baixou o decreto que pôs fim ao cativeiro de Judá em 539 a.C.; e, pouco tempo depois, partiu da Babilônia a primeira leva de judeus de volta para Judá. No seu decreto de libertação, o rei incluiu a reconstrução do Templo em Jerusalém (2Cr.36:20- 23; Ed.1:1,2). O Templo desempenhava várias funções em Israel, como lugar de perdão, do encontro com Deus, da presença divina, e era o centro espiritual da nação.

1. O segundo Templo

O segundo Templo foi inaugurado no sexto ano de Dario (Ed.6:15), que corresponde ao ano 516 a.C. Ele é conhecido como o Templo de Zorobabel, que foi um príncipe de Judá, descendente de Davi. Zorobabel desempenhou um papel muito importante durante o período de retorno dos judeus do exílio. Quando retornou com o grupo principal dos exilados em 537 a.C., Zorobabel foi o líder responsável pela edificação dos alicerces do Templo (Esdras 3:8-10).

Os judeus retornaram a Jerusalém muito esperançosos acerca da reconstrução do Templo. Essa reconstrução foi iniciada em vários estágios. Eles começaram restaurando o altar do holocausto, a fim de que pudessem oferecer sacrifícios a Deus. Voltar a observar os sacrifícios regulares em Jerusalém era algo realmente significativo, pois isso não acontecia desde que a cidade havia sido destruída. Mas, Esdras informa em seu livro que o trabalho de edificação e restauração sofreu oposição e foi impedido de continuar. O trabalho ficou parado até o ano de 520 a.C., quando foi retomado novamente sob a liderança de Zorobabel e do sumo sacerdote Josué.

No período em que Zorobabel recomeçou a construção do segundo templo, Deus levantou profetas que transmitiram sua mensagem de exortação e encorajamento ao povo e aos seus líderes. Ageu e Zacarias foram esses profetas. Foi no segundo ano de Dario que o Senhor levantou Ageu e Zacarias para profetizar em Jerusalém e incitar Zorobabel a recomeçar a construção do segundo Templo (Esdras 5:1). Os profetas eram os porta-vozes de Deus ao povo. Através deles o Senhor repreendia, exortava, encorajava e confortava os judeus.

Após ouvir a vontade do Senhor por meio dos profetas, Zorobabel e o sumo sacerdote Josué recomeçaram a construção do segundo Templo. Mas, novamente, os povos vizinhos se levantaram contra a obra de Deus. Eles procuraram investigar com que autorização os judeus estavam construindo o segundo Templo, e chegaram a enviar uma carta ao rei Dario cobrando um parecer sobre essa questão; isso porque os judeus alegavam contar com a autorização que Ciro havia dado. Dario, ao saber dessas coisas, ordenou que os documentos reais fossem consultados com a finalidade de descobrir se o decreto de Ciro que autorizava a construção do segundo Templo era mesmo verdadeiro. Ao descobrir que tudo estava correto, Dario permitiu aquela obra, garantiu os recursos para sua execução, e ainda ordenou que os adversários dos judeus não interrompessem de forma alguma a construção (Esdras 6:1-12).

O segundo Templo foi terminado no sexto ano de Dario, isto é, em aproximadamente 516 a.C. (Esdras 6:15). O Templo de Zorobabel durou por quase 500 anos – mais tempo que o Templo de Salomão. Durante esse tempo essa Obra resistiu a muitos conflitos e atos perversos e profanos de governantes estrangeiros, e chegou até a ser transformado num tipo de fortaleza.

2. O Templo de Herodes

Mais tarde, em aproximadamente 15 a.C., o rei Herodes começou uma obra de reconstrução do Templo de Zorobabel, com o discurso de que aquele Templo não estava à altura da sua antiga glória. A obra continuava em andamento nos dias do ministério terreno de Jesus, 46 anos depois (João 2:20). O Templo de Herodes era o cartão postal de Jerusalém (Mc.13:1; Lc.21:5). A sua conclusão deu-se em 66 d.C.

3. A presença do Filho de Deus

A grande importância do Templo de Zorobabel foi o seu significado cristológico. Diferentemente do Templo de Salomão, o de Zorobabel não abrigou a Arca da Aliança, que acabou sumindo durante o tempo do exílio. Quando o segundo Templo foi terminado, embora tenha sido feita uma grande dedicação, não é dito que a glória de Deus encheu o Templo como havia ocorrido na dedicação do primeiro Templo (Esdras 6:16-18). Contudo, ainda assim Deus havia prometido que a glória da segunda Casa seria maior que a da primeira (Ageu 2:9). Sem dúvida essa foi uma promessa messiânica que encontrou seu cumprimento pleno e final na pessoa de Cristo. O Deus encarnado entrou pelas portas daquele Templo reformado sob Herodes; e na ocasião de sua morte no Calvário, foi o véu daquele Templo que se rasgou de alto a baixo indicando que a partir de então, pelos méritos de Cristo, os redimidos teriam acesso ao Santuário celestial.

IV. SOBRE O SENHOR JESUS E O TEMPLO

“Assim como a glória do Senhor deixou o Templo antes de sua destruição pelos caldeus, da mesma forma aconteceu com o segundo Templo. A diferença é que a segunda Casa foi substituída definitivamente pelo Senhor Jesus” (LBM.CPAD).

1. Explicação teológica

No Tabernáculo e no Templo de Salomão a glória do Senhor era permanente, até o dia que o Senhor resolveu tirar definitivamente a sua glória do Templo por causa das abominações praticadas pelo povo e pelos líderes do Templo. Com a primeira vinda de Cristo, a glória do segundo Templo seria maior do que a do primeiro (Ag.2:9). Por que a glória do segundo Templo seria maior do que a glória do primeiro? Por duas razões:

a) Por causa da presença de Deus nesse Templo (Ag.2:9). O segundo Templo construído por Zorobabel foi mais tarde embelezado por Herodes, o Grande. Durante 46 anos, esse Templo recebeu todo o requinte de uma construção grandiosa e magnificente (João 2:19). Porém, a glória desse Templo não estava em suas pedras douradas e na sua imponência, mas no fato de que foi nele que o Senhor Jesus, o Deus que se fez carne e habitou entre nós, entrou. Jesus trouxe graça e glória (João 1:14,16). Quando Jesus Cristo entrou no Templo, a Casa do Senhor enche-se de glória como nunca antes. Ali estava alguém “maior do que Salomão” (Mt.12:42) e maior do que o Templo (Mt.12:6). Como bem diz o pr. Hernandes Dias Lopes, a glória do primeiro Templo era material; a glória do segundo Templo era espiritual. O primeiro Templo era magnificente em ouro e prato; o segundo era grandioso porque nele entraria o dono de todo o ouro e de toda a prata.

Atualmente, a glória de Deus não se faz presente por causa de algum objeto colocado em algum espaço no templo como, por exemplo, a Arca da Aliança, mas por causa dos fiéis seguidores de Cristo, quando se reúnem para adorá-lo em Espírito em verdade (João 4:23; Mt.18:20).

b) Por causa da oferta de Deus feita nesse Templo (Ag.2:9) – “...e, neste lugar, darei a paz, diz o SENHOR dos Exércitos”. Russell Norman Champlin diz que as bênçãos da era messiânica são sumariadas em uma palavra: Paz! - “Nesse lugar, darei a paz”. Pelo sangue da cruz de Cristo somos reconciliados com Deus (Cl.1:20). Porque fomos justificados pela obra de Cristo, mediante a fé, agora temos paz com Deus (Rm.5:1) e paz de Deus (Fp.4:70. Essa paz não é apenas ausência de conflitos nem meramente um sentimento de bem-estar. Essa paz é relacional e experimental. Trata-se de uma paz perene, que nos coloca em uma relação certa com Deus, com o próximo e conosco, agora e por toda a eternidade.

2. O fim do Templo

O templo de Jerusalém, o chamado templo de Herodes, era um dos mais belos monumentos arquitetônicos do mundo. O grande e belo templo era o centro da vida nacional de Israel, o símbolo da relação da nação com Deus. O templo tinha uma significância tão profunda para o povo de Israel que até mesmo os discípulos acreditavam piamente na sua indestrutibilidade. Walter Liefeld diz que era algo impensável o templo ser totalmente destruído, pois estava cercado por uma grande e sólida estrutura; era o símbolo tanto da religião judaica como do esplendor de Herodes. Mas, finalmente, o fim do Templo estava determinado; antes mesmo da sua morte Jesus vaticinou a sua destruição. Ele disse aos seus discípulos em tom claro e profético: “Não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada” (Mt.24:2; Mc.13:2); ”dias virão em que se não deixará pedra sobre pedra que não seja derribada” (Lc.21:6). A predição de Jesus de que não ficaria pedra sobre pedra cumpriu-se no ano de 70 d.C., literalmente. O Templo foi arrasado pelos romanos quarenta anos depois no terrível cerco de Jerusalém. Devemos aprender com essa solene profecia de Jesus que a verdadeira glória da Igreja não consiste em seus prédios de adoração pública, mas na fé e piedade de seus membros. Hendriksen argumenta: “Quando a purificação do templo não produziu um arrependimento genuíno, sua destruição deveria vir em seguida”.

3. A presença de Deus hoje

O Templo de Jerusalém não existe mais; Deus agora habita em cada um de nós (João 14:23; 1Co.6:19) - “Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (João 14:23). Aquele que ama a Jesus e que guarda os seus mandamentos é aquele que é amado pelo Pai; é a estes que Jesus se manifesta. Paulo afirma que o Espírito Santo habita no nosso corpo (1Co.6:19). Jesus Cristo, a segunda Pessoa da Trindade, comprou e redimiu o nosso corpo, e o Espírito Santo, a terceira Pessoa da Trindade, habita nesse corpo e faz dele um santuário para a sua habitação. O nosso corpo é o “templo” vivo do Espírito Santo. Quando Paulo usa a figura do templo emprega a palavra “naós”, o Santo dos Santos, o lugar santíssimo onde a glória de Deus se manifesta. Em síntese, o nosso corpo tem um começo e um fim glorioso. Paulo nos ensina que Deus Pai criou o nosso corpo e vai ressuscitá-lo (1Co.15:51-54) – “Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória”. Amém!

CONCLUSÃO

No Antigo Testamento, a glória de Deus estava no Templo, mas essa glória saiu do Santo lugar por causa dos vis pecados do povo de Israel. No Novo Testamento, o Espírito Santo habita em nosso corpo. Leon Morris diz que aonde quer que vamos, somos portadores do Espirito Santo, templos em que apraz a Deus habitar. Isso deve nos conscientizar de que toda forma de conduta, que não seja apropriada para o “templo” de Deus, deve ser eliminada. Se pecarmos e permanecermos no pecado, certamente, perderemos a presença de Deus, o Espírito Santo, em nossa vida, e sem ele estaremos vulneráveis ao devorador e destruidor; sendo mais claro, perderemos para sempre a salvação em Cristo Jesus. “Se afirmarmos que temos comunhão com Ele, mas caminharmos nas trevas, somos mentirosos e não praticamos a verdade. Se, no entanto, andarmos na luz, como Ele está na luz, temos plena comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1João 1:6,7).