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VEM O FIM


 Texto Base: Ezequiel 7:1-10

“E tu ó filho do homem, assim diz o Senhor JEOVÁ acerca da terra de Israel: Vem o fim, o fim vem, sobre os quatro cantos da terra” (Ez.7:2).

Ezequiel 7:

1.Depois, veio a palavra do SENHOR a mim, dizendo:

2.E tu, ó filho do homem, assim diz o Senhor JEOVÁ acerca da terra de Israel: Vem o fim, o fim vem sobre os quatro cantos da terra.

3.Agora, vem o fim sobre ti, porque enviarei sobre ti a minha ira, e te julgarei conforme os teus caminhos, e trarei sobre ti todas as tuas abominações.

4.E não te poupará o meu olho, nem terei piedade de ti, mas porei sobre ti os teus caminhos, e as tuas abominações estarão no meio de ti; e sabereis que eu sou o SENHOR.

5.Assim diz o Senhor JEOVÁ: Um mal, eis que um só mal vem.

6.Vem o fim, o fim vem, despertou-se contra ti; eis que vem;

7.vem a tua sentença, ó habitante da terra. Vem o tempo; chegado é o dia da turbação, e não da alegria, sobre os montes.

8.Agora, depressa derramarei o meu furor sobre ti, e cumprirei a minha ira contra ti, e te julgarei conforme· os teus caminhos, e porei sobre ti todas as tuas abominações:

9.E não te poupará o meu olho, nem terei piedade; conforme os teus caminhos, assim carregarei sobre ti, e as tuas abominações estarão no meio de ti; e sabereis que eu, o SENHOR, castigo.

10.Eis aqui o dia, eis que vem; veio a tua ruína; já floresceu a vara, reverdeceu a soberba.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos do juízo de Deus sobre a terra de Israel, bem como para o mundo inteiro. Teremos como base o capítulo 7 de Ezequiel. Uma coisa é certa: o fim virá para cada ser humano; chegará o tempo em que Deus tratará bem de perto com todos os seres humanos e exigirá de cada indivíduo a prestação de contas de todos os seus atos. Como cristãos, estamos conscientes dessa realidade espiritual futura? O Israel da época de Ezequiel e Jeremias não acreditava que Deus puniria esta nação por causa de seus pecados, por isso rejeitaram a pregação de exortação dos profetas do Senhor. Até que o juízo de Deus chegou, e eles foram desterrados da terra prometida. Em sua justiça, Deus não podia deixar os pecados do povo de Israel impunes. Ele é sempre justo, nunca age de forma desonesta e retribui a cada um segundo as suas obras (Jó 34:11; Rm.2:6).  Deus castiga quem peca, mas perdoa quem se arrepende.

I. SOBRE A PROFECIA

1. Introdução (Ez.7:1,2a)

“Depois, veio a palavra do SENHOR a mim, dizendo: E tu, ó filho do homem, assim diz o Senhor JEOVÁ acerca da terra de Israel...”.

Era chegada a hora do juízo divino, e não restava dúvida de que o açoite vinha da mão do Senhor. Mas, Deus não traria o seu juízo sobre Israel sem primeiramente comunicar ao seu profeta. Na verdade, o profeta foi a forma mais reconhecida de comunicação divina, ou seja, os profetas eram os representantes oficiais de Deus perante seu povo. Sua obra era receber a mensagem divina e transmiti-la fielmente – “Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o Seu segredo aos Seus servos, os profetas” (Amós 3:7). E Ezequiel usou a fórmula usual dos profetas veterotestamentários: “veio a mim a palavra do Senhor” (Ez.7:1); “assim diz o Senhor Jeová” (Ez.7:2). Esta era a marca registrada dos profetas de Deus no Antigo Testamento. Eles usavam estas palavras porque a profecia não era deles, vinha do Senhor. E na maioria das vezes, a mensagem recebida de Deus era direta e audível, e cabia ao profeta tão somente transmiti-la de forma como recebeu. Segundo o apóstolo Pedro, “nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2Pd.1:20,21).

2. Extensão (Ez.7:2b)

“Vem o fim, o fim vem sobre os quatro cantos da terra”. Ou seja, a extensão da destruição seria em todas as direções – norte, sul, leste e oeste. Portanto, toda a Terra de Israel sofreria o julgamento de Deus; e assim aconteceu. Concordo com o pr. Esequias quando afirma que “ninguém deve restringir esse castigo somente a Jerusalém, pois ele tem também um caráter cósmico, portanto, extensivo a outros lugares. Isso fica claro pelo uso da expressão escatológica ”o fim vem sobre os quatro cantos da terra” (Ez.7:2), que aparece na Bíblia para se referir a toda a Terra (Is.11:12; Ap.7:1). O Dia chegará em que o mal e o orgulhoso serão banidos. Mesmo que pareça que Deus ignora o mal e as pessoas orgulhosas, tenhamos a certeza de que o Dia do julgamento virá, da mesma maneira que aconteceu ao povo de Israel. Deus está esperando pacientemente pelo arrependimento dos pecadores, mas quando o Dia do juízo chegar, nenhum ímpio ficará impune. É importante entender que a decisão da pessoa a respeito de Deus determinará o destino dela.

3. Quando? (Ez.7:3a,8a)

Agora, vem o fim sobre ti...” (Ez.7:3a); “Agora, depressa derramarei o meu furor sobre ti...” (Ez.7:8a). Estes termos mostram a iminência da destruição de Israel à época. “Agora”, advérbio de tempo, significa “na época em que estamos, atualmente”. Em Ezequiel 7:3a,8a, “agora” era o tempo em que ocorreria o fim das “práticas repugnantes” (Ez.7:3 - NVI) do povo de Israel.

No Novo Testamento, o julgamento do pecador contumaz, aquele que não se arrepende e não aceita Jesus Cristo como Senhor e Salvador, é geralmente postergado até que ele sofra no inferno, conquanto haja algumas exceções, tal como o julgamento imediato que veio sobre Ananias e Safira (Atos 5:1-11). A graça de Deus exige que Sua longanimidade se manifeste.

No Antigo Testamento, porém, o método mais comum do Senhor era começar a castigar as pessoas pelos seus pecados ainda nesta vida. É o que correu com Israel na época de Ezequiel, conforme é registrado no capítulo em epígrafe.

O dia da ira e da destruição estava bem próximo dos israelitas; sua rebelião contra Deus terminaria abruptamente (Ez.7:2,3,6), quando Ele os castigasse pelas suas abomina­ções; poucos sobreviveriam. Deus não permitiria que os pecadores florescessem como árvores frondosas; em vez disso, Ele os cortaria no meio do seu pecado, como uma lição prática para todos, lembrando que o Senhor é, de fato, o Senhor. Hoje, até parece que Deus não está atento à iniquidade, a idolatria e a imoralidade das nações; porém, a Bíblia nos assegura repetidas vezes que o Dia do Senhor está perto (cf. Am.5:18-20), um Dia de grande julgamento, que trará a ira divina sobre o mundo inteiro (ver 1Pd.4:7,17) e, por conseguinte, a destruição. Assim como o Dia do Senhor veio, por fim, contra Judá, assim também virá contra todos os ímpios, impuros e arrogantes deste mundo (ver 1Ts.5:2).

II. SOBRE O FIM

1. Sentido (Ez.7:2b, 3a, 6)

O termo “fim” no capítulo 7 de Ezequiel tem o sentido de causar impacto no receptor da profecia que, originalmente, seria o povo do exílio. O povo precisava entender de forma clara e impactante que a sentença ele e contra a terra de Israel não caberia “recurso”, pois o tempo tinha passado; a destruição de Jerusalém e do templo, símbolos máximos do povo de Israel, estava determinado de forma indeclinável. O povo precisava saber disso de forma clara. Não adiantava mais clamar por misericórdia. Deus não queria nem que Jeremias intercedesse mais pelo povo, pois Ele não o atenderia. Disse o Senhor Deus a Jeremias, contemporâneo de Ezequiel: “Tu, pois, não intercedas por este povo, nem levantes por ele clamor ou oração, nem me importunes, porque eu não te ouvirei. Eis que a minha ira e o meu furor se derramarão sobre este lugar, sobre os homens e sobre os animais, sobre as árvores do campo e sobre os frutos da terra; arderá e não se apagará” (Jr.7:16,20). O fim era inevitável e implacável, porque o povo não aceitou ser corrigido (Jr.7:27). Porventura não é isso que está ocorrendo no mundo atual? O povo não quer saber mais de Deus, nem aceita ser corrigido. Mas, “vem o fim, o fim vem” (Ez.7:2); o juízo de Deus será sem misericórdia sobre todos os ímpios (Tg.2:13).

2. Expressões repetidas sobre o fim

No capítulo sete de Ezequiel estão expostas pelo menos quatro expressões repetidas sobre o “fim” (cf. Ez.7:2,3,6,10). Certamente, o profeta Ezequiel queria impactar o povo sobre a catástrofe iminente e severa sobre a terra e o povo de Israel. O dia da ira e da destruição estavam bem próximos dos israelitas. Sua rebelião contra Deus terminaria abruptamente, quando Ele os castigasse pelas suas abominações; poucos iriam sobreviver. Jeremias pregava em Judá, e Ezequiel junto ao povo exiliado, na Babilônia; contudo, o povo disse não para os profetas do Senhor. Logo, o juízo de Deus seria inevitável, e Ezequiel queria, como martelo, avisar o povo: “Vem o fim, o fim vem” (Ez.7:2); ”agora, vem o fim” (Ez.7:3); ”Vem o fim, o fim vem” (Ez.7:6); ”eis que vem; veio a tua ruína” (Ez.7:10).

Em Jerusalém, porém, o povo continuava na prática do pecado, da idolatria, adorando falsos deuses. Veja o que Deus disse a Jeremias: “Acaso, não vês tu o que andam fazendo nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém? Os filhos apanham a lenha, os pais acendem o fogo, e as mulheres amassam a farinha, para se fazerem bolos à Rainha dos Céus; e oferecem libações a outros deuses, para me provocarem à ira. Acaso, é a mim que eles provocam à ira, diz o Senhor, e não, antes, a si mesmos, para a sua própria vergonha? Portanto, assim diz o Senhor Deus: Eis que a minha ira e o meu furor se derramarão sobre este lugar, sobre os homens e sobre os animais, sobre as árvores do campo e sobre os frutos da terra; arderá e não se apagará” (Jr.7:17-20).

O povo, contudo, não aceitou a advertência do Senhor sobre a destruição que viria sobre ele e a terra de Israel por causa dos seus vis pecados. Deus, então, precisava debelar a erva daninha de Israel. O pecado talvez, no início, pareça agradável e prazenteiro, mas concluída a sua trajetória, fica o seu rastro de destruição, angústia e desespero. Para a humanidade ímpia de hoje, o único caminho de livramento do juízo de Deus é voltar-se para Ele, com arrependimento e fé, e confiança nos méritos da morte expiatório de Jesus Cristo.

3. A repetição da sentença

“Ezequiel 7:4 e 7:9 estão repetidos. Ninguém deve se surpreender com a intensidade desse juízo anunciado de antemão, pois é compatível com a natureza divina (Na.1:3). Um dos objetivos desse juízo é a erradicação da idolatria, a causa das abominações (Ez.7:3,4,8,9), visto que a casa de Israel recusou esse remédio pelo arrependimento (2Cr.36:16). Todos estão sendo informados, de antemão, sobre a causa da destruição e lhes é dada a oportunidade de arrependimento. É uma reflexão relevante, também em nossos dias, porque somos seres morais e prestaremos contas a Deus pelos nossos atos (Ec.12:13,14; Gl.6:7)” (LBM-CPAD).

III. SOBRE O INIMIGO

1. ”Já floresceu a vara” (Ez.7:10)

A palavra profética anuncia: ”...veio a tua ruína; já floresceu a vara...” (Ez.7:10). A “vara”, aqui, aponta para o instrumento da punição, que seria Nabucodonosor, déspota cruel e impiedoso, o qual foi utilizado por Deus como “vara” de punição ao povo de Israel. Assim como o rei da Assíria foi o chicote de Deus para açoitar os filhos de Israel do Reino do Norte (2Rs.17:3; Is.10:5; 20:1), da mesma forma o Senhor Jeová usaria o rei da Babilônia, Nabucodonosor, como chicote para açoitar Jerusalém, em Judá (Jr.27:8; 51:20-24). Deus não estabeleceu limites a Nabucodonosor, por isso, exagerou na dose, foi cruel na aplicação do castigo (2Rs.25:7; 2Cr.36:17; Jr.52:10,11). O castigo foi tamanho que ninguém respondeu a convocação à peleja; a destruição terrível dissipou toda coragem e força do povo (cf. Ez.7:14-18). A terra de Israel foi arrasada, e o povo punido cruelmente. Nabucodonosor extrapolou o princípio da razoabilidade, isto é, do bom senso, da proporcionalidade, com relação ao castigo desferido sobre o povo e a terra de Israel; por isso, não ficaria impune.

2. ”Reverdeceu a soberba” (Ez.7:10b)

“Reverteu a soberba”. A versão NVI exara: “a arrogância floresceu!”. O texto completo é: "Aqui está o dia! Já chegou! A condenação irrompeu, a vara brotou, a arrogância floresceu!” (Ez.7:10). A dose de violência aplicada por Nabucodonosor contra o povo e a terra de Israel foi tamanha que tomou a forma de um rebento de maldade. Ezequiel narra que “a violência se encarnou numa vara para castigar a maldade...” (Ez.7:11).

Nabucodonosor foi o instrumento (“vara”) de Deus para punir Israel. Na narrativa bíblica, percebemos que o rei Nabucodonosor foi um instrumento nas mãos de Deus, o qual Ele usou para castigar nações, incluindo o povo de Judá. No livro de Jeremias, por exemplo, lemos por mais de uma vez a expressão “Nabucodonosor, rei da Babilônia, meu servo” (cf. Jr.25:9; 27:6). Isso não significa que Nabucodonosor era um servo devoto do Senhor; ao contrário, ele era um rei pagão, mas que havia sido designado por Deus para cumprir um papel de agente do seu julgamento contra as nações incrédulas. Porém, não houve racionalidade na aplicação da punição.

O fato de o rei Nabucodonosor ser chamado por Deus de “meu servo” apenas significa que ele fez parte do plano soberano do Senhor. Isso quer dizer que nosso Deus é Senhor sobre tudo e todos, e utiliza até mesmo um rei megalomaníaco, como Nabucodonosor, para cumprir os seus propósitos eternos. Contudo, Nabucodonosor foi ultra severo a ponto de desagradar a Deus (Jr.51:34,55,56). O exército da Babilônia profanou o Templo de Deus e os objetos que nele estavam. O Senhor havia permitido que a Babilônia oprimisse o povo de Israel, mas os caldeus seriam julgados pelo exagero, pelo abuso de autoridade, por ter cometido atrocidades ímpares. Embora Deus possa trazer o bem até do mal, não permite que este permaneça impune. É importante salientar que o castigo mais duro será o individual, quando no juízo final cada um será julgado pelos seus maus atos, e o castigo será definitivo, por toda eternidade (Ap.20:11-15).

3. O rei Nabucodonosor

O rei Nabucodonosor da Bíblia foi o imperador mais conhecido e poderoso do Império Babilônico. Ele reinou por aproximadamente 43 anos entre 604 a.C. e 562 a.C. Ele sucedeu seu pai, Nabopolassar, no trono da Babilônia; Nabopolassar também havia sido rei da Babilônia antes de Nabucodonosor. Antes de assumir o trono, ainda como príncipe herdeiro, Nabucodonosor serviu como comandante do exército babilônico em algumas ofensivas militares. O reinado de Nabucodonosor compõe o contexto histórico de grande parte dos livros dos profetas Jeremias, Ezequiel e Daniel. Inclusive, é o livro de Daniel que fornece as melhores informações bíblicas sobre quem foi Nabucodonosor.

O pai de Nabucodonosor, Nabopolassar, foi o fundador da dinastia caldaica. Ele se aproveitou do enfraquecimento da Assíria e conseguiu se tornar rei da Babilônia em 626 a.C. Devido a uma aliança medo-babilônica, ele também destruiu a cidade de Nínive, e em seguida avançou contra Harã. Depois que a Assíria caiu, o Egito do Faraó Neco II passou a dominar Judá completamente. Nesse tempo, governantes judeus foram nomeados e destituídos conforme fosse vantajoso ao Egito. Mas finalmente em junho de 605 a.C., as forças egípcias foram derrotadas em Carquemis pelo até então príncipe Nabucodonosor.

Em agosto de 605 a.C. Nabopolassar morreu. Então Nabucodonosor paralisou a campanha que estava liderando e atravessou o deserto para voltar e assumir o trono da Babilônia em 6 de setembro de 605 a.C., segundo os historiadores. Neste mesmo ano, após derrotar os egípcios em Carquemis, o rei Nabucodonosor avançou contra Jeoaquim, rei de Judá (2Reis 24:1,2; 2Cr.36:5-7). Essa foi a primeira de três invasões babilônicas contra Judá. Também foi nessa ocasião que Daniel, Hananias, Mizael e Azarias foram levados cativos por Nabucodonosor. Jeoaquim se submeteu ao rei Nabucodonosor e foi temporariamente leal a ele. No entanto, depois de três anos, o rei Jeoaquim se rebelou contra Nabucodonosor e transferiu sua lealdade aos egípcios, apesar das constantes advertências do profeta Jeremias (Jr.27:9-11). Foi então que em 597 a.C. Nabucodonosor marchou contra a Palestina e cercou a cidade de Jerusalém, na segunda invasão babilônica contra Judá. Na ocasião, Nabucodonosor capturou o rei Joaquim, o qual estava no poder havia apenas três meses após a morte de seu pai, o rebelde Jeoaquim.

Para o lugar de Joaquim, o rei Nabucodonosor nomeou Matanias, que passou a ser chamado de Zedequias (2Reis 24:17; 2Cr.36:10). Nabucodonosor também deportou para a Babilônia o rei deposto Joaquim, juntamente com todos os judeus que poderiam tentar promover uma rebelião (2Reis 24:12-16; 2Cr.36:10; Jr.22:24-30; 52:28). O rei Nabucodonosor saqueou o Templo de Salomão e capturou um enorme despojo de guerra. Zedequias permaneceu leal a Nabucodonosor durante um tempo, mas depois também se rebelou ao ceder às pressões do povo.

Vale dizer que por muitas vezes Jeremias aconselhou o povo a se manter longe da rebelião. Curiosamente nesse período um falso profeta chamado Ananias profetizou falsamente que dentro de dois anos todos os cativos voltariam do cativeiro babilônico. Jeremias denunciou essa falsa profecia e advertiu o povo que o Senhor lhe havia revelado que o exílio na Babilônia seria bastante prolongado (Jr.29:1-23). Mesmo depois de muitos conselhos do profeta do Senhor, finalmente Zedequias se rebelou contra o rei Nabucodonosor (2Reis 24:20; 2Cr.36:13-16; Jr.52:3).

Então, em aproximadamente 587 a.C., o rei Nabucodonosor começou a sitiar Jerusalém (2Reis 25:1; Jr.39:1; 52:4; Ez.24:1,2). A cidade de Judá suportou o cerco babilônico durante um tempo, até que caiu completamente sob o domínio do rei Nabucodonosor. Naquela ocasião houve mais uma grande deportação de cativos para a Babilônia. Ficaram para trás somente os judeus mais pobres (2Reis 25:8-17; 2Cr.36:17-20; Jr.39:9,10; 52:12-23).

Jerusalém foi arrasada e o Templo destruído, em 586 a.C. O rebelde rei Zedequias foi capturado por Nabucodonosor e forçado a assistir à execução de seus próprios filhos. Depois disso, ele teve os olhos cegados e foi levado acorrentado para a Babilônia onde acabou morrendo (2Reis 25:5-7; Jr.39:4-8; 52:8-11).

Após ter destruído Jerusalém, Nabucodonosor nomeou outro governador judeu, Gedalias. Porém, mais tarde Gedalias acabou assassinado devido a mais uma conspiração contra o domínio babilônico sobre Judá. Então, o povo teve medo de que os babilônios viessem e os destruíssem por causa disso; obrigaram Jeremias a acompanhá-los na fuga ao Egito. A terra de Israel ficou assim sem gente. Ninguém morou nesta terra, por 70 anos. Ela ficou completamente vazia. Mas, Deus prometeu que ia trazer seu povo de volta à terra prometida, após 70 anos.

O rei Nabucodonosor também liderou várias ofensivas contra outras nações, como por exemplo, contra Tiro entre 585 e 572 a.C., e contra o Egito em aproximadamente 568 a.C. (Ez.26-28; 29:18).

4. A Babilônia

A Bíblia nos conta que a origem da Babilônia remonta aos primórdios da história; seu fundador foi Ninrode (Gn.10.1; 6-12). Este homem decidiu fundar um reino em desobediência à ordem que fora dada pelo Senhor, que era de povoar a Terra (Gn.9.7).

Localizada numa planície fértil, a uns 80 quilômetros ao sul da atual Bagdá, a antiga Babilônia era uma cidade muito impressionante. Com imponentes muralhas duplas e cercada por um fosso, parecia impossível invadi-la. Era famosa por seus jardins suspensos e templos majestosos com suas torres. Sem dúvida, foi uma das cidades mais grandiosas da antiguidade. Na Bíblia, Babilônia é chamada de “senhora de reinos”, e era a capital da terceira potência mundial da história bíblica (Is.47:5)

Assim como as duas potências anteriores - o Egito e a Assíria -, o Império Babilônico desempenhou um papel importante na história bíblica, tornando possível comparar o que as Escrituras dizem sobre ela com o que fontes seculares afirmam. Foi um grande e poderoso império, mas o seu destino foi estabelecido por Deus. Babilônia seria destruida. Com uns 200 anos de antecedência, por volta de 732 a.C., Jeová Deus inspirou o profeta Isaías a registrar uma profecia sobre o fim da poderosa Babilônia. Ele escreveu: “Babilônia, a joia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou. Nunca jamais será habitada, ninguém morará nela de geração em geração; o arábio não armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores farão ali deitar os seus rebanhos” (Is.13:19,20).

Mas por que Deus profetizaria a destruição de Babilônia? Em 607 a.C., os exércitos babilônicos destruíram Jerusalém e levaram os sobreviventes a Babilônia, onde receberam um tratamento cruel; percebe-se isto pelo Salmos 137:8,9. Deus predisse que seu povo teria de suportar esse tipo de tratamento por 70 anos em consequência de suas ações ruins. Depois desse período, Deus os libertaria e permitiria que voltassem à sua terra natal (Jr.25:11; 29:10). Em cumprimento da Palavra profética de Deus, a cidade da Babilônia, que parecia invencível, foi derrotada pelos exércitos medo-persas em 539 a.C., justamente quando o exílio de 70 anos de Judá estava para terminar.

Uma das profecias mais impressionantes sobre a queda de Babilônia está relacionada ao homem que a conquistou, o rei Ciro, da Pérsia. Quase dois séculos antes de Ciro assumir o trono, Jeová Deus o mencionou por nome e predisse que ele seria o conquistador da Babilônia. Falando sobre a futura conquista de Ciro, Isaías foi inspirado a escrever:

Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações ante a sua face, e para descingir os lombos dos reis, e para abrir diante dele as portas, que não se fecharão. Eu irei adiante de ti, endireitarei os caminhos tortuosos, quebrarei as portas de bronze e despedaçarei as trancas de ferro; dar-te-ei os tesouros escondidos e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome. Por amor do meu servo Jacó e de Israel, meu escolhido, eu te chamei pelo teu nome e te pus o sobrenome, ainda que não me conheces” (Is.45:1-4).

Jeremias, também, profetizou sobre a destruição da Babilônia:

“A espada virá sobre os caldeus, diz o Senhor, e sobre os moradores da Babilônia, sobre os seus príncipes, sobre os seus sábios. A espada virá sobre as suas águas, e estas secarão; porque a terra é de imagens de escultura, e os seus moradores enlouquecem por estas coisas horríveis. Por isso, as feras do deserto com os chacais habitarão em Babilônia; também os avestruzes habitarão nela, e nunca mais será povoada, nem habitada de geração em geração, como quando Deus destruiu a Sodoma, e a Gomorra, e às suas cidades vizinhas, diz o Senhor; assim, ninguém habitará ali, nem morará nela homem algum” (Jr.50:35,38-40).

Os historiadores gregos Heródoto e Xenofonte confirmam o cumprimento dessa profecia surpreendente. Eles revelam que Ciro desviou o rio Eufrates, baixando o nível da água. Os exércitos de Ciro obtiveram assim acesso à cidade através de seus portões, que haviam sido deixados abertos. Conforme predito, a poderosa Babilônia caiu “repentinamente”, em uma noite (Jr.51:8) - “Repentinamente, caiu Babilônia e ficou arruinada; lamentai por ela, tomai bálsamo para a sua ferida; porventura, sarará” (Jr.51:8).

A queda de Babilônia deu-se no governo do ímpio Belsazar, rei dos caldeus, neto de Nabucodonosor. Narrou o profeta Daniel: “Naquela mesma noite, foi morto Belsazar, rei dos caldeus. E Dario, o medo, ocupou o reino, na idade de sessenta e dois anos” (Dn.5:30,31). Mal haviam acabado de colocar os adornos de honra em Daniel, por ter interpretado as imagens surgidas na parede, os soldados de Ciro invadiram o palácio com gritos de guerra: Babilônia caiu!

A vida é uma semeadura. Colhemos o que plantamos. Aqueles que plantam o mal colhem o mal. Aqueles que semeiam vento colhem tempestade. Aqueles que semeiam na carne, da carne colhem corrupção. Aquilo que fazemos aqui determinará nosso destino amanhã. Querer fazer o mal e receber o bem é zombar de Deus, e de Deus ninguém zomba (Gl.6:7). Pense nisso!

CONCLUSÃO

Os julgamentos divinos na história mostram que o pecado jamais ficará impune e que a única maneira de escapar da condenação é através do arrependimento e da fé. Israel teve a sua punição, mas pelo fato das promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó, Deus preservou um remanescente fiel de onde viria novamente ser uma nação, mesmo contrariando a lógica humana. Mas, outras nações, por causa de sua idolatria e seu pecado vil, foram extintas definitivamente; foi o que ocorreu com o império babilônico.

A queda de Babilônia está associada a profecias que em breve deverão cumprir-se com a Babilônia espiritual, um dos destacados temas do Apocalipse. Nações estão sendo avaliados bem de perto pelo Deus Altíssimo. Todos estão por sua própria escolha decidindo seu destino e Deus indubitavelmente cumprirá os Seus propósitos. Na Palavra de Deus encontramos um admirável paralelismo relacionado com as profecias da queda de Babilônia literal e a queda da Babilônia simbólica no tempo do fim. Compare:

-Jeremias 51:13 com Apocalipse 17:1

-Jeremias 51:7 com Apocalipse 17:4

-Jeremias 51:8 com Apocalipse 14:8

-Jeremias 51:45 com Apocalipse 18:4

-Jeremias 51:48 com Apocalipse 18:20

-Jeremias 51:64 com Apocalipse 18:21.